Capítulo 7 - Fofocas

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Passei pela porta de entrada sem tempo para perguntas fraternais. Tudo dentro do meu coração e mente estava bagunçado e confuso, tentando apagar as cenas, ou pelo menos entender o que haviam sido. Repassei a imagem um milhão de vezes na cabeça, para ter certeza de que eu não havia imaginado aquela cena barata de filme de romance.

Parte de mim se convenceu de que era apenas coisa da minha cabeça, e que melhores amigos agiam daquela forma...
Mas a outra parte se perguntava se era normal sentir a boca secar e o coração acelerar freneticamente. Ou a pele se arrepiar, as faíscas dos olhos...

Fechei os olhos por um segundo, tentando fazer o que minha instrutora de meditação do aplicativo me diria: esvazie a mente. Mas eu simplesmente não tinha talento pra aquele negócio de esvaziar a cabeça, se tava sempre entulhada de coisas.

Tipo, naquele momento, minha voz interior gritava: "É PRA NÃO PENSAR EM NADA". Depois respondia ela mesma que o nada não existia, e era por isso que era filosoficamente impossível de pensar "nada".

Bufei, constrangida com os nós que minha mente estava me dando. Se tinha sido tudo um mal entendido, bastava ele ter pedido desculpas, ou dito uma piadinha, sei lá! Mas fugir daquele jeito só deixou tudo muito maia constrangedor e estranho. Aaaaah!!!!!!!!

— Duda? — papai abriu a porta do quarto.

— Hum? — balancei a cabeça, afastando os pensamentos confusos.

— Tô te chamando há meia hora. Cadê o Henry? — ele perguntou, olhando em volta e me vendo sozinha.

— Eu não sei. — resmunguei, abraçando os joelhos.

— Vocês brigaram? — ele se aproximou, sentando no colchão ao meu lado.

— Pra o Henry ficar bravo comigo, e ter a coragem pra brigar, eu preciso pisar nos DVD's do Imagine Dragons dele. — sorri, mas não queria, papai soltou uma risada também, concordando.

— Então tá tudo bem?

— Tudo certo. — mas talvez o Henry não volte pra casa, mas tá tudo certo.

— Me avisa se ele der um sinal de vida, nós pedimos pizza. — ele apertou minha mão, e logo depois, me deu um beijo no topo da cabeça.

Assim que ele fechou a porta, escutei um suspiro bem alto e logo em seguida a voz da mamãe.

— E aí? — ela perguntou.

— Aposto uma pizza que eles brigaram. — a voz de papai alcançou meus ouvidos, me fazendo revirar os olhos.

— Qual é? Quem tipo de pai faz uma aposta desse jeito? — resmunguei para mim mesma.

— Sabia! — mamãe gritou, mas ouvi os protestos do papai, pedindo para que ela fizesse silêncio.

Os dois ficaram na minha porta por alguns segundos, aumentando a aposta a cada vez que tinham uma suposição. A última coisa que ouvi, foi papai dizendo:

— Aposto o seu carro que é por causa do vizinho que gosta dela.

— Você não pode apostar uma coisa que não é sua!

— O que vocês dois estão fazendo? — a voz de unha melhor amiga alcançou os meus ouvidos.

— Haaaan. D-decidindo a cor da parede do corredor. — mamãe mentiu, e ela era passa nisso.

Niara soltou uma risada, abrindo a porta do meu quarto. Assim que fechou, olhou para mim, e soltou mais uma gargalhada, se consumindo em lágrimas e espasmos.

— A sua mãe sabe que ela é uma péssima mentirosa? — foi a primeira coisa que conseguiu dizer depois do ataque de risos. Ela caminhou até a cadeira, largando as malas com resquícios de areia.

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⏰ Última atualização: Jan 02, 2021 ⏰

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