Prólogo

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"‎O amor é veneno. Um doce veneno, sim, mas mata do mesmo jeito."


— Cersei Lannister, A fúria dos Reis.


Do lado de fora do refeitório Ben Solo matava seus pulmões com as fumaças de mais um cigarro marlboro light. Eu conseguia vê-lo através do vidro tirar o tabaco da língua enquanto dava um sorriso galanteador para garota que se oferecia em sua frente. Hoje seu cabelo preto desgrenhado estava quase todo escondido debaixo de um gorro preto surrado, impedindo que a franja escondesse os ematomas da briga escondida que teve semana passada no porão do Niima's Pub. Seus punhos, muito provavelmente, estavam piores que seus lábios. E eu poderia confirmar minhas suspeitas se ele não tivesse enterrado-as nos bolsos da jaqueta preta do time após tacar seu pecaminoso cigarro no chão.

Em minha esquerda, na última mesa do refeitório, está o resto do time com caixas de madeira e bolos de dinheiro nas mãos. Eles estão apostando a próxima luta clandestina de Ben da maneira mais descarada possível. Posso até mesmo ouvir cochichos femininos, de quem não entende absolutamente nada de luta livre, mas que acompanham os boatos e acreditam firmemente em Solo. Todo esse Império entorno dele me faz querer vomitar. O modo em que todos se curvam aos seus pés como se ele fosse o melhor desta escola e estivesse deixando o maior legado de quaterback para trás ao se formar.

Rose, minha melhor amiga, tocou o purê de batata em minha bandeja com seu próprio garfo. Ela espalhou a comida e me encarou com um sorriso infantil nos lábios.

— Você vai terminar de comer? — Ela pergunta, e Finn ri diante minha reação de espanto. — Quer dizer, eu sei que você terá seu primeiro treino hoje e que pecisa de muita proteína, mas eu estou morrendo de fome.

Olhei primeiro para Finn, que apoiava o queixo sobre uma bola laranja de basquete, e depois olhei para Rose que suplicava pela comida. O ronco de seu estômago foi tão audível que mesmo com fome empurrei meu almoço para ela, voltando minha atenção para Ben Solo. Ele estava pressionando a garota loira na parede agora, seus lábios se alteravam entre o pescoço e a mandíbula dela. Definitivamente nojento.

— Você quer uma câmera para stalkear ele melhor? — Quando me viro para Finn, sou quase atingida por seu Motorola de tela totalmente trincada. Não faria diferença para Finn se eu tivesse chocado meu rosto ao celular e quebrado mais um pouco dele, mas faria muita diferença pra mim ter um sangramento nasal no meio do refeitório.

— O quê?

— Ah, fala sério! — Ele gargalhou, ainda com a mão esticada. Preciso lembrar de todos nossos anos de amizade (virtual) para não chuta-lo por debaixo da mesa. Em vez disso, respiro fundo e reviro os olhos. — Não, Rey. Eu entendo, ele é misterioso, encrenca, metade da escola quer dar ou já deu para ele. É normal seu interesse.

— Falando assim parece que quem quer marcar a cabeceira dele é você.

— Não gosto muito de lutadores, mas quem sabe? — Ele despeja mais o rosto sobre a bola, como se estivesse derretendo com a visão de Ben atacando a menina como um animal. Não consigo evitar revirar novamente os olhos.

— Ah, para! Não é como se ele fosse a única gota d'agua do deserto. — Disse Rose, e eu concordei com a cabeça.

— Ele não, mas o Dameron... — Sua voz vai tornando-se mais doce conforme ele vai analisando o rapaz moreno gargalhando na outra mesa. Seus olhos basicamente transpiram desejo e não sei se ele quer guarda-lo no bolso ou gravar um pornô.

Last Hope • Reylo! AUOnde histórias criam vida. Descubra agora