Mas quando eu acordo, eu vejo você comigo

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"Porque já lutei contra isso o bastante para saber que você ama quem você ama"

- John Mayer, who you love.

A galinha cisca os ombros de Poe, roçando suas patas no tecido grosso da jaqueta. Metade do refeitório não consegue desviar os olhos aquele animalzinho vestindo um pequenino cachecol amarelo que realça suas penas marrons com algumas pintas brancas que sobem até a cabeça. Suas feições são dúvidosas, a maioria leva na esportiva, achando que Dameron fez questão de trazer e apresentar sua galinha de estimação para todos eles afim de fazer graça, e outros (em boa parte meninas) encaram o bichento com nojo. Posso notar até mesmo pelo jeito que o rapaz desvia o olhar sem graça para o chão envergonhado com tanta negação. 

O negócio é o seguinte: está havendo uma campanha que incentiva o veganismo e vegetarianismo, e Poe ─ com todo seu charme e influência ─ está tentando incentivar o pessoal do colégio de pelo menos ouvir o que os profissionais tem a dizer. Ele foi esperto em selecionar o dia em que a cantina serve nuggets de frango e em exibir um documentário nada romantizado sobre o que acontece antes do alimento parar em nossas mesas.

Eu mesma que nunca havia dispensado comida na minha vida, empurrei a bandeja para bem longe de mim. 

Lady ─ a tal entitulada galinha de Dameron ─ não passava de um animalzinho de estimação que perambulou a mesa dos jogadores para lá e acolá com estilo, causando um alvoroço entorno, com pessoas rindo do jeitinho engraçado que Poe enchia a coitada de beijos o tempo todo. 

Quando uma das meninas perguntou o porque do nome Lady, ele apenas ergueu seu olhar, com aquela alegria transcendendo no brilho dos olhos castanhos, abriu o sorriso mais lindo do mundo e disse "Lady Bird", fazendo com que Ben gargalhasse tanto ao seu lado que vacilou e caiu do banco com o rosto vermelho de tanto tempo sem respirar.

─ Ele não é fofo? ─ Finn pergunta, seu rosto desliza pela bola de basquete sob a mesa enquanto me encara com as sobrancelhas franzidas e um biquinho fofo. 

Rose revira seus olhos, a bochecha está debruçada sob o ombro de Armitage e ela abraça o braço ele se aconchegando em Hux por causa do ar gélido do refeitório. Tento não sorrir pra visão fofa que é ela apertando os olhos e bocejando e o ruivo espalhando suas ações sem nem mesmo reparar. Eu amo a dinâmica deles e em como eles são tão parecidos e ao mesmo tempo tão diferente. É como observar um desses casais de pinguim no aquário da cidade; nadando lado a lado; cuidando um do outro.

─ Vocês estão livres hoje a noite? ─ Ela pergunta. E tanto eu quanto os meninos ponderamos bastante antes de responder um "não" meio inaudível e arrastado.

A verdade é que essa é uma pergunta capciosa vinda de Rose, visto que na última vez que fomos fazer algo para ajudá-la acabamos cruzando o campo de futebol em pleno treino das líderes de torcida, bêbados e com Hux fantasiado do mascote do time de futebol porque o monitor seguiu a gente por todo o colégio. 

Tomo coragem e digo que não, Finn quase morre pra desengasgar as palavras e dizer o mesmo, mas Hux permanece em silêncio. 

─ Preciso de ajuda pra montar a garagem. Paige deixou um bando de coisa para trás ao ir pra faculdade e agora insiste pra que eu faça uma venda de garagem e envie o dinheiro pra ela. ─ Tico suspira no final da frase. ─ Por favorzinho! Eu prometo pizza com borda recheada e ovos da galinha do Poe para Rey.

─ Eu não tenho nada pra fazer depois da aula de robótica, então por mim tudo bem. Desde que eu possa escolher as músicas. ─ Hux diz mordiscando um alcaçuz. Rose beija seu maxilar em agradecimento.

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⏰ Última atualização: Feb 14, 2020 ⏰

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