Dia de Domingo

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Mesmo sendo domingo, Gabriel Agreste acordou às seis da manhã em ponto. Para ele era um dia como qualquer outro, com a única exceção de não ter a assistente o auxiliando e nem o guarda-costas do filho tomando conta do rapaz.

Adrien, por sua vez, lutava contra o sono para conseguir manter a cabeça erguida. Ele acordava cedo com um único propósito justo para fazê-lo levantar da cama: conseguir tomar o café da manhã junto com o pai. Normalmente não conversavam, mal se olhavam durante o desjejum, mas pelo menos passavam algum tempo juntos.

— Adrien — Gabriel começou fazendo com que o Agreste mais novo despertasse um pouco mais — Falou com algum de seus amigos hoje?

— Falei? — o rapaz repetiu, sem entender completamente a pergunta. Ele sempre falava com Nino, com seus outros amigos também, mas não sabia bem se aquilo era pretexto para uma bronca por ir dormir tarde da noite — Sim, falei — ele respondeu, enfim.

Gabriel apenas segurou o próprio celular entre as mãos. Não gostava daquela tela pequena, muito menos de ter que digitar alguma coisa nos botões sensíveis que normalmente eram pressionados por engano, mas ele não aguentava mais a curiosidade. Desde a noite anterior, esperava ao menos uma explicação sucinta da assistente sobre o que foi fazer, mas não recebera nada. Se Adrien mandara mensagens tão cedo aos amigos, que mal teria em ele mandar também?

— Você tem amigos? Digo, vai mandar mensagem para algum deles? — Adrien perguntou enquanto esfregava as costas das mãos cuidadosamente sobre os olhos.

— Algo próximo.

— Pai... por favor, não envie quadros com mensagens de bom dia ou coisa do tipo, nem espalhe aquelas correntes irritantes... e nem clique em qualquer coisa, pode ser um vírus! — o rapaz alertou, completando mentalmente "ou uma imagem perturbadora de alguém desnudo, ou um áudio comprometedor".

— Agradeço pela preocupação — disse Gabriel de uma maneira sarcástica, encarando o filho sobre as lentes dos óculos e voltando a dar atenção para o celular, logo em seguida.

Em verdade, ele já havia dado um forte indicio para que as preocupações de Adrien pudessem se tornar realidade. Uma vez, em um de seus perfis em redes sociais, acabou compartilhando um vídeo com compilações de gatos em momentos engraçados. Foi apenas um engano, visto que usava de tais meio para a divulgação de sua marca; não demorou mais do que cinco minutos para que todos os seus adeptos da moda estivessem comentando no vídeo, compartilhando e marcando-o em vários posts do gênero.

Com cuidado, Gabriel abriu o quadro de mensagens destinado a Nathalie. Não havia nada lá além de curtos lembretes sobre compromissos agendados, coisas que só serviam como "garantia extra" para nada ser esquecido. Não seria antiético mandar uma mensagem perguntando se estava tudo bem, seria? Bons chefes faziam isso, certo?

— Pai — o rapaz chamou a atenção para si novamente — Tem certeza que a pessoa com quem vai falar já está acordada a essa hora em pleno domingo?

— Absoluta. Nathalie com certeza deve estar acordada — a voz saiu tranquila, enquanto ele começava a digitar o pequeno texto.

— Nathalie? — era notável o interesse que Adrien estava dando a tudo aquilo, sua preguiça havia desaparecido completamente — Por que não liga pra ela? Você odeia mensagens...

— Seria rude ligar simplesmente para saber se está tudo bem, uma mensagem é algo mais prático: ela verá quando puder e vai me responder se tiver vontade.

— Alguma coisa aconteceu com ela? — a voz do rapaz saiu carregada de preocupação.

— Saberemos em breve — respondeu Gabriel, apertando o botão para enviar. Era algo curto, direto, não sendo exageradamente profissional, mas não deixando claro o quanto a curiosidade estava consumindo o Agreste:

Mãe SolteiraOnde histórias criam vida. Descubra agora