Capítulo 3

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Cecília

Faz precisamente dez dias que Bernardo está internado. Dez dias que eu não sei o que é descanso, não consigo parar de pensar nele. Por mais que eu não veja motivo nenhum para estar agindo dessa forma eu nem o conheço direito, mas é como se eu o conhecesse até já sonhei que ele acorda e chama meu nome. Será que estou ficando louca? Deve ser a carga de trabalho que venho tendo e as poucas horas de sono.

Quando estou aqui no hospital é o dia mais feliz da minha vida, eu converso com ele na intenção de quando ele acordar reconheça minha voz e de alguma forma ficarmos ligado. Queria muito poder contar para o meu amigo dos meus sentimentos, mas tenho medo dele achar que estou confundindo as coisas, pois isso nunca aconteceu comigo. Tem horas que penso que meu afeto por ele é apenas coisa da minha cabeça, mas quando vou para casa eu sofro por estar longe. Minha vida amorosa já não era normal, agora eu me superei me encantando por um homem adormecido. Deve ser a falta de sexo. Ou desses livros de romances que tanto você ler. Minha consciência acusa, e ela tem razão.

— O seu bonitão acordou. — Fernando disse bem baixinho somente para eu ouvir. Olhei para ele quase me engasgando com o pedaço de carne que tinha acabado de colocar na boca, estava almoçando quando ele chegou contando. Ele deu dois tapinhas na minha costa. Me recompus bebendo um pouco de água.

— Como assim meu bonitão? — Disse me fazendo de desentendida.

— Não se faça de besta é só falar nele que seus olhos brilham. Eu posso até te desculpar por não me contar nada, desde que comece agora, sua enfermeira pecaminosa. — Disse puxando a cadeira mais para perto de mim. Que cara ousado!

— Vamos desembucha em menos de dez minutos tenho que trabalhar. — Olhei para ele fazendo beicinho.

— Eu não sei o que estou sentindo no momento, mas sinto coisas quando estou com ele. Confesso que queria muito que ele se lembrasse de mim. Me diz que eu não estou ficando louca? Eu te contei o quanto ele foi babaca comigo no trânsito, mas vê-lo assim praticamente morto minha reação foi me aproximar para ver se conseguia ajudar com algo, mas me apeguei a ele, nem o conheço direito. — Disse fungando. Ele me deu um lenço para eu limpar as lágrimas.

— Só sei de uma coisa, eu fiquei quase decepcionado eu nunca tive uma chance com você e logo você se encanta por um homem que dormiu praticamente um mês? — Revirei meus olhos, Fernando às vezes me tira do sério.

— Às vezes tenho vontade de matar você. Joguei um pedaço de alface nele. Que desviou.

— A irmã dele disse que ele é o CEO das lojas de departamentos B&A, e que recebeu a notícia de um assalto em sua loja no shopping enquanto dirigia. — Ele me disse, mas eu já sabia.

— Conheci a irmã dele, muito bonita ela. — comentou e soou muito interessado. — O encarei.

— Anabela está grávida e tem namorado, ela mesma me disse.

— Que por sinal não veio dar forças a ela, uma mulher como ela grávida e frágil não deve ficar sozinha, por isso às vezes fico conversando com ela, só por isso. — Desconversou.

— Mas voltando ao assunto, sei disso, pois uma moça que eu ficava na época trabalhava lá, ela disse que as investigações estão correndo em sigilo, e todos os funcionários da loja estão dando o depoimento estão desconfiando de alguém ser cúmplice. Pois não tinha como entrar na loja e ir direto aos caixas sem ter recebido ajuda de alguém, fora que foi antes do carro forte recolher toda a renda do dia. Ou seja alguém já sabia.

— A coisa é mais séria do que eu imaginava, só sei que quando esse homem se recuperar ele vai estar com sangue nos olhos. Mas você acha que é alguém de dentro da loja mesmo?

Meu CEO Adormecido. DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora