Capítulo 2

4.9K 585 74
                                    


Cecília

Acordei do meu sono de três horas me sentindo mais exausta do que fui dormir quando cheguei do hospital ontem. Minha mente estava cheia eu mal consegui pregar os olhos sempre acordava pensando no acidente que aquele homem se meteu.

Após o banho fui olhar na geladeira para ver se tinha algo para comer tive sorte de ainda encontrar queijo e presunto para fazer um sanduíche hoje iria à oficina para ver se meu carro já estava pronto. Levei a louça até a pia e deixei lá mesmo quando chegasse daria um jeito nessa bagunça. Olhei para a pilha de roupas sujas e fiz vistas grossas prometendo que iria lavar na minha folga, ou ficaria sem roupas para trabalhar. Cheguei à oficina e vi seu Damião conversando com um rapaz que tinha acabado de deixar o carro batido. Aguardei uns minutos e ele me entregou um pedaço de papel que eu supus ser o valor do conserto.

— Tudo isso seu Damião? Onde que eu vou arrumar essa quantia toda assim de uma hora para outra? —choraminguei para o pobre senhor que ficou sem jeito.

Só se eu vender meu rim esquerdo, pois de vez enquanto sinto uma dor no direito, nem vale a pena vender. Pensei.

Olhava para o senhor baixinho cheio de graxa no rosto. Ele suspirou limpando as mãos.

— Dona Cecília o motor do carro deu perda total, tive que refazer um novo, fora a bomba que estava entupida não sei como à senhora ainda andava nesse carro estava pondo a sua vida em risco.

— Disse me olhando com preocupação.

— deixei os ombros caírem me sentindo frustrada.

— Mas agora ele está novinho em folha. Pronto para usar, e com ar condicionado funcionando perfeitamente. — pontuou o senhorzinho.

— Seu Damião vou ao banco para ver se consigo um empréstimo e assim que conseguir venho pegar o carro. — Disse me sentindo a criatura mais sem grana desse mundo.

Ele concordou e eu olhei para o meu carrinho sentindo uma dor no coração por deixá-lo ali. Se, seu Damião fosse um daqueles mecânicos que a gente vê no calendário das oficinas eu tentaria pagar de outra forma. Faria igual aquela aluna de faculdade que precisa de nota para passar, perguntaria o que era preciso fazer para pagar o conserto do carro.

Mas seu Damião não faz meu tipo, o jeito é ir chorar para o meu gerente. Olhei no relógio e ainda dava tempo de ir ao banco e implorar para o gerente me liberar um empréstimo em seguida iria trabalhar quase dois dias que o Bernardo Amorim está internado. Ainda está em coma induzido, mas se tudo correr bem nos exames o médico vai suspender as medicações que o deixa dormindo aos poucos. Quase todo dia a irmã dele e o pai vêm visitá-lo. O senhorzinho me olha com os olhos cheios de lágrimas minha vontade é abraçá-lo para dar algum conforto a ele, mas não somos pagos para ficar abraçando ninguém, somos profissionais. Mas isso não me impede de sorrir para ele que retribui.

Meu número no apareceu no painel me levantei indo em direção da mesa do meu gerente estava nervosa se Deus me ajudasse hoje eu sairia daqui com a grana para pagar meu carro. Rezei baixinho indo em sua direção.

— Bom dia Cecília. Está precisando de algo? — Olhei para ele que digitava algo no computador rapidamente.

— Estou precisando de um empréstimo Rubem. — disse logo comigo não tem rodeio, ele continuou digitando e pediu meu CPF. Fez algumas consultas olhou para mim e deu um sorriso amarelo.

— Ainda falta uma parcela do empréstimo do mês passado e venceu ontem. — Essa última frase ele disse sentindo muito. Com a vida corrida que eu levo, ás vezes esqueço até de comer.

Meu mundo caiu quando ele disse venceu ontem. Que vergonha Cecília. Se tivesse um buraco aqui nesse chão teria pulado para dentro com tanta vergonha, como eu fui esquecer essa parcela? Minha vida é uma merda mesmo. Levantei da cadeira, prometendo pagar a última parcela banco atrasada e com juros altíssimos. Minha única opção era vender o carro pagar seu Damião e o banco. De repente me deu uma vontade de chorar, mas segurei firme eu não era fraca saí de casa aos dezoito anos e disse que alcançaria meus objetivos, e era isso que ia fazer iria trabalhar em dobro, em triplo se precisasse, mas pagaria minhas dívidas sem precisar me prostituir, queria ri do meu último pensamento quando vi a irmã do Bernardo sentada na sala de espera ela estava de olhos fechados e de repente uma lágrima caiu, eu não podia passar por ela e fingir que não vi nada, senão não seria eu.

Sentei perto dela lhe dando um sorriso de conforto, ela sorriu de volta.

— Você é uma das enfermeiras que cuida do meu irmão não é? — Disse secando as lágrimas. — Concordei com a cabeça.

— Olha, meu irmão esses últimos dias tem enfrentado uma barra enorme em uma de nossas lojas no shopping, ele estava tão preocupado que não estava dormindo direito. Foi quando recebeu o telefonema do gerente informando que a loja havia sido assaltada e que balearam uma cliente, seu nervosismo o fez bater o carro, meu irmão é muito correto e preza pelo bem estar dos seus clientes. A polícia já está investigando. Desculpe-me o desabafo, é que estou me sentindo sufocada com tudo isso. Ele só tem a mim nesse momento. Nosso pai já é idoso e está enfrentando uma doença nesse momento, hoje quando voltou da radioterapia passou o dia dormindo. — Ela parecia tão cansada.

— Hoje o doutor vai começar a suspender a medicação que está deixando ele em coma, quem sabe quando ele acordar as coisas não se resolva, hum? Você está grávida e tem que se cuidar, quer comer algo ainda tenho dez minutos antes de entrar para o trabalho, é um milagre, pois eu sempre chego atrasada. Ela sorriu e fomos até a lanchonete, Anabela me contou que a mãe morreu há uns três anos já, e quando o pai se aposentou, pois precisou se afastar para tratar da doença, o irmão se tornou o CEO da empresa da família, eles são dono de várias lojas de departamentos as lojas estão na família há gerações eu já até fiz compras e tenho o cartão da loja, linda Rosa, agora estou me lembrando de uma reportagem que vi na tevê o nome da loja é em homenagem a sua mãe que faleceu de câncer, e todo ano no dia das mães ele da uma festa para arrecadar fundos para o hospital geral que trata pessoas com essa enfermidade maldita. Ela não é casada, mas namora um amigo do irmão que é gerente na loja que foi assaltada, mas ele está viajando a negócios, ela disse que surgiu uma proposta de abrir uma loja em Nova Yorque. Achei estranho ele não ter adiado os negócios para vim cuidar dela, mas não disse nada eu nem a conheço direito, não tenho nenhum direito de dizer alguma coisa sobre isso. Despedi-me dela e segui para trabalhar, ela ia ficar para conversar com o médico já que o irmão não pode receber visitas. Outro dia Fernando disse que uma secretária dele esteve aqui, mas não pôde entrar e saiu resmungando.

Trabalhei o dia inteiro cabisbaixo Fernando notou minha tristeza, mas eu disse que estava bem, só estava cansada. Entrei na sala onde o Bernardo estava e fiquei admirando ele, depois do que a irmã me contou eu até estou cogitando não chama-lo mais de babaca. Menos Cecília. É babaca sim, mas é um babaca lindo. Suspirei encantada, apesar de estar todo ferido, porém sua beleza continua intacta.

— Sua irmã e seu pai são umas pessoas muito fortes e precisam de você, então quando a medicação for suspensa volte para eles.

Eu não tinha o hábito de conversar com paciente nenhum, mas com ele era diferente, não sei por quê. Seu semblante estava descansado e seu rosto menos desinchado. Fiquei mais alguns segundos olhando para ele.

Saí da sala e Glória estava entrando quase esbarramos uma na outra. Ela começou a me contar as novidades do nosso paciente.

— A medicação para deixá-lo sedado vai ser retirada aos poucos creio que em dois dias ele acorda, os exames estão muito bem, a perna está cicatrizando e creio que o gesso do braço vai demorar mais uns dias, doutor Gabriel disse que em quinze dias ele já pode ter alta e seguir o tratamento em casa. A família se encarregará de contratar pessoas para os cuidados dele. Pois o homem vai ficar de molho em casa por uns dois ou três meses.

Senti um misto de felicidade tenho certeza que a irmã e o pai ficarão feliz ao saber de tudo. Saímos do quarto e olhei mais uma vez para ele, seu peito subia e descia e a cada respiração ele lutava pela vida. Me senti em paz em poder está contribuindo com a sua melhora. 

*******
Olá meus amores. Estão gostando de Bernardo e Cecília? Me contem tudo, amo responder os comentários de vocês. Bjs!!!!❤️❤️❤️

Meu CEO Adormecido. DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora