Zero caindo no um

243 41 6
                                    

Chaeyoung abriu os olhos e bocejou. Gruniu ao sentir o sol sobre seus olhos. Seu corpo doía um pouco, estava cansada e sem vontade de levantar.

Suspirou pesado ao não ver Mina ao seu lado. Levantou da cama e foi direto para o banheiro na intenção de um banho bem gelado. Olhou-se no espelho e sorriu fraco ao ver todas as marcas que Mina deixou.

Seu banho foi rápido, se vestiu tão rápido quanto. Nem penteou o cabelo, não estava com vontade.

Foi para a cozinha, estava morrendo de fome. Enquanto esperava o café está pronto, viu o papel deixado por Mina na noite anterior.

Não queria ler, mas estava curiosa em saber qual foi a desculpa dela.

Chae, desculpa não está aí quando acordou. Realmente precisei ir.
Gostei de ontem, na verdade, eu amei. Consegui matar a saudade de você.

Eu te amo.

A coreana bufou e amassou o papel, jogou no lixo e pegou sua xícara.

ㅡ Eu te amo mais ㅡ disse em um tom debochado.

Pegou três comprimidos de amitriplina tomou com o café mesmo.

Ouviu a porta ser aberta e revirou os olhos. Gostaria de passar um dia só.

Nem se incomodava mais com isso, aceitava tudo que lhe diziam. Ou apenas não falava nada para evitar confusão e dor de cabeça.

Elas falavam, não se importava, apenas balançava a cabeça ou fazia um legal com a mão.

Seu coração estava magoado, se sentia uma boneca. Apesar de Mina ter deixado um recado, parecia que eram duas desconhecidas que apenas transaram e depois nunca mais se falam. Talvez fosse exagero, ela sabia disso.

ㅡ Chaeyoung, você tá escutando?

A menor levantou a cabeça e começou a prestar atenção.

ㅡ Não, desculpe.

Tzuyu suspirou.

ㅡ Você tomou seu remédio?

Son balaçou a cabeça e pegou o antidepressivo. Era seu quarto.

Chae aprendeu a falsificar receita médicas. Ao invés de duas caixas, compra cinco graças a sua nova habilidade.

Ninguém sabia de seu vício, isso era o que queria. Se descobrissem podia ser pior.

Toda vez que os tomava, não sabia explicar, mas era como se esquecesse de tudo que queria esquecer. Mina.

Só queria tirar Mina da cabeça de uma vez. Queria perder as esperanças, elas nunca mais teriam uma oportunidade de se casar novamente.

A última coisa que desejava era o que estava acontecendo: se encontrava com a japonesa uma vez ou outra ba semana. Mas não podia reclamar, até gostava daquilo.

Ao invés da dor e o luto diminuírem, parecia que aumentava. Quando Myoui ia embora era como se morresse novamente.

ㅡ O que foi isso, Chaeyoung? ㅡ perguntou Kim preocupada com a mancha arroxeada no pescoço.

Ela não respondeu, apenas mordeu os lábios para conter seu sorrisinho.

ㅡ Você se machucou?

Son continuou calada.

Devia ter sido mais cuidadosa e dado um jeito de esconder aquelas marcas roxas e avermelhadas. Agora era tarde demais.

Chou já estava com o celular na mão, ligando para o médico da coreana.

Dahyun já estava dando um milhão de sermões, dizia que não era daquele jeito que superará Mina. E realmente não era, transar não era uma boa opção para aquilo.

Passou a mão por seus cabelos e levantou, colocou sua xícara na pia e riu baixinho. Tudo aquilo era tão patético.

Não sabia se ria ou chorava, mas começou a fazer os dois ao mesmo tempo.

Chorava por se achar patética.

Ria por achar Dahyun e Tzuyu patéticas.

A taiwanesa passou a mão por seus cabelos. Não foi impedida de fazer carinho em Son. Abraçou a menor e beijou sua testa.

À aquela altura, Chaeyoung realmente parecia uma louca. Afinal, rir enquanto chora não é uma coisa normal de se fazer.

Kim começou a falar um monte de coisas sobre "o estado de Chaeyoung" .  Dizia que se continuar daquela forma, não poderia mais morar sozinha.

ㅡ Amanhã nós te levarmos para o hospital ㅡ Chou tocou em seu ombro.

A mais nova das três não ousou perguntar o motivo.

ㅡ Você vai ficar lá por um tempo... Vai ser bom pra ti. Pode te ajudar.

Chaeyoung baixou a cabeça e suapirou. Não falou nada.

E o que falaria? Não tinha absolutamente nada para dizer.

The angelOnde histórias criam vida. Descubra agora