Chaeyoung sentia seus olhos pesados. Queria dormir, mas sua cabeça oscilando por conta do carro estar em movimento não ajudava.
Queria muito agora morrer, de qualquer maneira estaria bom. Desejava que um ônibus batesse naquele carro, mas que não matasse Tzuyu nem Dahyun, apenas ela morreria. Uma veia de seu cérebro também podia estourar ou sua cabeça podia explodir do nada igual viu em uma série, agradecer ao satanás quando chegasse no inferno.
Não queria ser internada. Francamente, aquilo já estava indo longe demais. Já não perceberam que Chaeyoung está 100% sã?
Se deus estivesse fazendo alguma brincadeira consigo, já estava na hora de parar, Son não queria mais brincar.
Cada vez que o carro parava, ela suspirava por achar que já havia chegado, quando voltava a andar, suspirava novamente, mas agora de alívio.
Agarrava sua bolsa com força. Levava apenas roupas íntimas ㅡ à pedido de Kim ㅡ disseram lhe que já tinha tudo que precisava lá.
Abriu os um pouquinho um de seus olhos e viu o grande hospital bem à sua frente. Fechou seu olho de volta, fingiu estar dormindo.
ㅡ Chaeyoung ㅡ Dahyun chamou ㅡ, a gente chegou.
A menor bufou, abriu a porta sem pressa e saiu do carro. Encarou o enorme prédio por um instante. Tinha grades em todas as janelas, tudo bem, não é para tanto, afinal, aquilo era um hospício onde qualquer um podia saltar da janela à qualquer momentoㅡ o que Chae queria fazer.
Acompanhou o casal até o interior do local. Era tudo tão branco e sem graça, a única coisa que dava algum tipo de "vida" naquele lugar era algumas plantas. Plantas, não flores.
Tzuyu falou com uma enfermeira que olhou para Chaeyoung e sorriu, essa que não retribuiu o ato.
A enfermeira pediu para que à seguissem. Entraram em uma sala com vários armários, ela falou com um homem que olhou para Chaeyoung e sorriu. Ele abriu uma das gavetas e procurou o prontuário de Son.
ㅡ Nós precisamos de algumas informações ㅡ disse a enfermeira.ㅡ Você se corta? ㅡ perguntou diretamente à Son.
ㅡ Não.
ㅡ Se machuca de alguma forma?
ㅡ Não.
Ela se aproximou e tocou com a caneta na marca arroxeada no pescoço da coreana.
ㅡ Certeza?
Não respondeu.
ㅡ Por favor, tigrinho ㅡ disse Kim ㅡ, colabora.
Vendo que não conseguiriam com a ajuda de Chaeyoung, continuaram as perguntas ao casal. Pesaram Son e fizeram um exame de sangue logo depois.
O homem ouviu as respostas com atenção. Leu novamente o prontuário e anotou algo em um pequeno pedaço de papel, depois o grudou em uma pulseira. Colocou-a no braço de Son.
A garota suspirou e levantou seu pulso para ler.
Son Chaeyoung; Bloco F.
23 anos
Peso: 38
Diagnóstico: Esquizofrenia desorganizada; psicose; depressão e ansiedade.Que coisa mais patética. Pelo amor de deus, nem se fosse a pessoa mais louca do mundo, era impossível ter tantas sílabas em um único diagnóstico.
À levaram para uma sala, mandaram sentar e Son sentou. Pegaram uma seringa e seguraram Chaeyoung. Por Deus, não precisava daquilo tudo, era só injetar, seja lá o que aquilo for, e pronto. Não era como se ela fosse correr e bater em todo mundo.
Quando aquilo foi injetado, ardeu um pouco, a coreana fez uma expressão de dor. Foi, literalmente, automático. Se sentiu tão mole, mas ainda conseguia andar ㅡ mesmo que estivesse tonta. À colocaram em uma cadeira de rodas, por garantia que ela não ia cair.
Deram uma roupa à ela, vestiu-a sem reclamar. As roupas que usava foram dadas a Kim, não precisaria mais delas.
Andaram mais um pouco, aquele corredor nunca parecia ter fim. Parecia que à cada segundo ficava maior. Pegaram o elevador e subiram para o sexto andar.
Tzuyu e Dahyun falavam com ela. Coisas do tipo: "Você precisa disso, Chae", " Não se preocupe, não vamos te abandonar".
Viraram um corredor, a garota sorriu fraquinho ao ver o enorme nome sobre a porta Bloco F.
Chegaram no "quarto". Era tão deprimente quanto o resto do hospital. Chou ajudou a mais velha a ir até sua cama e à deitou lá. Fez um carinho em seus cabelos, logo vendo-a adormecer.
[...]
Son ouvia as explicações da rotina e regras do hospital. Não dava muita importância, só escutava algumas palavras-chaves com: "pode" "não faça isso" "senão".
ㅡ As refeições são feitas à cada três horas: 6:00; 9:00; 12:0; 15:00; 18:00 e 21:00, certo?
Son assentiu.
ㅡ Seu médico disse que era melhor você fazer as refeições no seu quarto ao invés do refeitório por enquanto... Ele disse que você é um pouco nervosa.
Ok, então era basicamente "Nos obedeça e se controle ou a gente te tranca aqui"
ㅡ Te expliquei tudo, Son... Daqui à pouco o seu remédio chega, tudo bem?
Chaeyoung procurou seu celular, mas não o achou.
ㅡ Perdeu algo?
ㅡ Meu celular.
Ela sorriu paciente.
ㅡ Seu médico disse que era melhor você ficar longe dele por um tempo... Mas ele disse que gosta de desenhar. Tem uns papéis e lápis naquela mesaㅡ apontou para uma mesinha do outro lado do quarto e saiu, trancando a porta.
A coreana levantou-se e andou pelo pequeno quarto, tinha um banheiro com uma toalha e alguns produtos de higiene. Do lado de sua porta, uma janela de vidro ㅡ provavelmente para os enfermeiros sempre ficarem alerta do que acontecia dentro dos quartosㅡ Chaeyoung conseguia ver o que acontecia no corredor e no quarto à frente.
A outra janela com grade ㅡ do lado oposto da porta ㅡ dava visão da rua. Conseguia colocar seu braço para fora, mas os espaços entre as barras eram tão estreitos que teve medo de ficar presa.
Deitou de volta na cama, afundou sua cara no fino colchão sentindo o cheiro característico de hospital. Tudo aquilo era tão deprimente quanto seu coração vazio.
Chorou baixinho. Droga, queria que Mina ainda podesse à visitar. Mas tavez fosse melhor assim, não queria meter a japonesa em uma furada.
Chorou baixinho até dormir. Naquele cochilo que tirou, teve maravilhosos sonhos com Mina.
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The angel
FanfictionUm trágico acidente acaba separando Chaeyoung de seu anjo. Esse anjo que acabou sendo devolvido ao céu.