Chaeyoung estava brava e confusa. Dahyun e Tzuyu insistiam em dizer que não tinha visto as coisas direito, que não tinha visto Mina de verdade.
ㅡ Parem de me chamar de louca! ㅡ berrou.
Kim e a taiwanesa se olharam com expressões preocupadas.
ㅡ Mela milésima vez ㅡ disse Dahyunㅡ, a gente não tá te chamado de doida... É só que...ㅡ olhou para a esposa como se pedisse ajuda.
ㅡ Você deve ter tomado... alguma coisa e não lembra, entende? ㅡ disse a mais nova das três.
A boca de Son formou um perfeito "O", franziu o cenho e cruzou os braços.
ㅡ Primeiro me chamam de doida ㅡ disse cerrando os punhos ㅡ e agora estão me chamado de drogada? Vocês estão dizendo que sou drogada?!ㅡ esbravejou.
ㅡ N-não, Cha-
ㅡ Vão embora. Agora de minha preferência.
Chou suspirou e puxou Dahyun até o carro. Chaeyoung bateu a porta com todas suas forças e sentiu as lágrimas de raiva e tristeza caírem rapidamente.
Ela tinha quase certeza do que tinha visto. Mas lá no fundo, até acreditava no que Tzuyu e Kim diziam, porque aquilo sim fazia sentido.
Afinal, se anjos não existiam, a única explicação viável era de estar louca.
Sentou no chão e abraçou seus joelhos. Tudo que não havia chorado nesses últimos meses, estava saindo agora.
Murmurava palavras sem sentido e aleatórias, levantou um pouco a cabeça e bufou.
ㅡ Minari... Você é real mesmo? ㅡ perguntou, na esperança de obter uma resposta.
Esperou um pouco até perceber que estava falando sozinha. Mordeu os lábios forte, até sentir o gosto metálico em sua boca.
Não sabia se estava com raiva de ter sido chamada de louca. Ou triste por realmente ser uma.
Então tudo foi por nada, deveria ter se matado quando teve a chance. "Mina" tinha impedido-a de pular do décimo segundo andar, mas Mina tinha morrido. Não existia mais.
Queria ter a certeza que aquilo não foi real. Andou até sua cozinha e abriu uma gaveta.
Daquela forma saberia se tudo foi ou não verdade.
Respirou fundo e esperou alguns segundos. Subiu a faca de seu pescoço, suas mãos tremiam e seus batimentos cardíacos estavam acelerados. Encostou apenas a ponta do objeto em sua pele sentindo sua pele se contrair.
A faca caiu de sua mão. Son proferiu palavrões a si mesma. Apoiou suas mãos na bancada e balançou sua cabeça enquanto encarava o objeto afiado. Respirou fundo, tentou segurar suas lágrimas.
Tirou suas próprias conclusões. Era de fato doida.
[...]
Son deixava a água quente cair sobre seu corpo. A pele de seus braços sucumbia de agonia.
O sangue escorria pelo chão, formando uma poça vermelha dentro do box, mostrando toda sua água em forma de líquido.
Seria difícil cobrir todos aqueles cortes, e não era esse seu objetivo.
Voltou do início. Não havia comido nada desde que chegou do hospital, e nem sentia vontade. Comer era indiferente como várias outras coisas eram.
Colocou uma roupa de Myoui e jogou-se na cama. Uma mancha avermelhada formou-se uma parte da colcha.
Lembrando do beijo de mais cedo, voltou a chorar. A última vez que chorou daquela maneira foi no dia da morte da japonesa.
Era doloroso saber que além de inútil, arrogante e egoísta, era maluca. Quem com uma boa mentalidade veria sua ex morta?
ㅡ Se eu não fosse doida, teria me jogado ㅡ disse à si mesma.ㅡ Você é uma filha da puta, Son.
Havia passado o dia inteiro se xingando das piores coisas possíveis. Desejando que todo aquilo fosse apenas um sonho, que estivesse em coma e bem próxima a morte.
Estava imóvel na cama, deitada com a barriga para baixo aproximou a blusa que usava de seu nariz. Já não tinha mais o cheirinho de Mina, nem de longe tinha. Agora cheirava a pano, apenas a pano.
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The angel
FanfictionUm trágico acidente acaba separando Chaeyoung de seu anjo. Esse anjo que acabou sendo devolvido ao céu.