05. losers

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    Ruel observou cada movimento do gato em sua frente, que estava brincando com um besouro que andava tranquilamente no chão. Que gato estúpido.

    Os olhos do Van Dijk se movimentavam rapidamente, sem perder o gato de vista, talvez aquilo fosse um dom, nada poderia passar despercebido diante dos seus olhos curiosos e ágeis.

— Oi bebê. — Sylvie chegou sorridente, acariciando a cabeça do gatinho alaranjado. Porém aquele olhar amoroso se foi, assim que ela enxergou o irmão sentado na varanda. — Por que está olhando tanto para ele? Isso é inveja por que você também queria um?

— Não, eu odeio gatos!

— Se fizer qualquer mal para ele, eu juro que acabo com você. — Sylvie ameaçou, fazendo Ruel revirar os olhos. Ele não tinha medo dela, não mesmo.

A mais velha passou pela varanda, fazendo questão de esbarrar no irmão antes de ir para dentro. Ruel sentiu aquela raiva dentro de si, aquela que ele não sabia como controlar.

Quando não estava com Sophia, todos os problemas desabavam sob sua cabeça e ele sentia uma raiva absurda, sem saber se aquilo era normal.

Ele descontava toda aquela raiva em si mesmo, deixando mais hematomas por todo o seu corpo, até mesmo mais do que os que sua mãe já deixava. Tinha vezes em que ele queria apenas explodir mas preferia guardar tudo para si mesmo.

O gato dos pelos ruivos e brilhantes, continuou correndo atrás do besouro, fazendo com que Ruel até mesmo bufasse de raiva. Como podia Sylvie gostar mais daquela criatura patética do que do seu próprio irmão? Não era justo e ele odiava aquela situação.

Um pouco mais à frente, havia uma enorme pedra, até mesmo maior do que a própria mão do Van Dijk. Aos poucos, um pensamento macabro e perverso invadiu a sua mente e pela primeira vez, Ruel não estava a fim de controlar suas vontades.

Ele queria aquele gato morto e queria matá-lo com suas próprias mãos, por mais perturbador que aquilo poderia parecer. Ele segurou a pesada pedra em mãos e então encarou o gatinho, que se assustou com uma presença e então fugiu, trazendo Ruel de volta para a realidade.

Sophia estava lá, usando um patético vestido amarelo enquanto sorria de forma fofa. Ruel sentiu ódio dela, por que ela havia atrapalhado o seu único momento de diversão? Sophia também era patética.

— Olá.

— Não estou a fim de te ver, vá embora. — Ruel aumentou o tom de voz, deixando visível toda a sua irritação.

Aquela era a primeira vez em que ele agia tão raivoso com ela e aquela atitude, fez com que Sophia ficasse assustada. Porém não iria embora, afinal aquele ainda era o garoto doce e gentil que ela conhecia.

A garota loira subiu rapidamente os degraus da varanda e então se sentou ao lado do amigo, o envolvendo com seus braços carinhosos. Ruel estranhou a demonstração de afeto repentina mas finalmente respirou profundamente, sentindo todo o carinho que Sophia podia dar para ele.

— Você nunca vai embora, não é?

— Nunca, somos alma gêmeas. — Sophia sorriu para o amigo, sentindo uma estranha vontade de demonstrar todo o afeto que sentia. — Talvez tenhamos nos dado tão bem porque somos dois perdedores em um mundo onde todos conquistam coisas.

Sophia sorriu mais uma vez, enquanto Ruel encarava os lábios da garota. Ele nunca havia beijado ninguém porém não conseguia controlar aquela vontade, ele gostava tanto dela.

A garota loira também se deixou levar pela emoção, se aproximando do amigo para colar seus lábios com os dele. E foi ali, naquela varanda e em um beijo desajeitado pela falta de experiência dos dois, que Ruel sentiu o amor pela primeira e última vez.

kill game, beforeOnde histórias criam vida. Descubra agora