Capítulo 2 - Olá Terra

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O lançamento para a saída da nave que carregava os 100 jovens escolhidos estava em sua contagem regressiva. Todos saíram do congresso de reuniões e foram, acompanhar a partida pelas diversas janelas espalhadas pela arca. Quando o som inicial foi dado a nave base, se desprendeu da arca. Para todos que assistiam à partida de seus filhos, aquele momento apenas tornou se um terrível silêncio por todas as alas.
As luzes de fogo deram o sinal para a última parte que restava ligando aquela agora de longe, tão pequena nave ir em direção à órbita da terra. E foi assim que um "último adeus" entre todos poderia ser dito.
Chanceler caminhou entre todos que ainda admiravam a linda paisagem da terra pela janela, até se aproximar de Marcus que assistia tudo um pouco quieto demais.
- Kane? - ele parou em sua frente e lhe deu sinal de reverência entre eles.
- Chanceler Jaha. - Marcus abaixou a cabeça e retribuiu o sinal o encarando logo depois.
- Isto foi muito mais estratégico do que havíamos planejado. Eu quero lhe agradecer por ter uma posição firme.
- Eu apenas fiz o certo senhor. - Marcus o encarava totalmente ereto. - Espero que as nossas conclusões sobre a terra sejam realmente certas.
- E será meu grande amigo. - Jaha apoiou o braço sobre seu ombro. - Logo teremos os sinais de habitação e poderemos salvar todos nós, e não precisaremos mais viver no espaço.
Do outro lado do corredor Abby os procurava entre a multidão, até avista lós conversando parecendo ser o momento perfeito para expressar seus reais pensamentos sobre aquela decisão.
- Chanceler. - ela o chamou em um tom consideravelmente alto.
- Olá Abby. - ele se virou surpreso por sua presença. - Veio se juntar a nós e assistir nossos jovens entrando na terra?
- Eu não vim celebrar nada. - ela encarou Marcus por alguns segundos e depois voltou o olhar. - Como pode tomar uma decisão como esta sem ao menos me falar nada?
- Olha Abby....
- A Clarke está agora mesmo naquele nave totalmente frágil, nem ao menos conseguimos conversar sobre nossa última discussão. - ela o interrompeu e começou a colocar tudo para fora. - E você sequestra a minha filha a colocando numa nave suicida para terra? E quer que celebramos isso?
- Abby? - Marcus tentou dizer algo para acalma lá, mas Jaha o interrompeu com gesto com as mãos.
- Acha que é uma chance suicida? - Chanceler a encarou bem mais perto e suas mãos agora se cruzaram.
- Colocar jovens completamente abalados emocionalmente e fisicamente em uma terra que nem mesmo sabemos se é habitável, sem o aviso e autorização dos pais? Sim! É uma ridícula missão suicida.
- Por favor, Abby. - ele olhou para lado tentando ignora lá. - Estou fazendo o melhor para todos nós. Olha em sua volta todos sabem que sacrifícios devem ser feitos e quando feitos para um bem em comum tudo pode dar certo.
- Bem em comum? - ela parecia ainda mais irritada. - Clarke nem mesmo terminou os estudos, nem mesmo começou seus estágios para o posto que você havia me prometido da lá por direito. Agora quer me dizer que está fazendo isso pelo bem de todos aqui? Pelo bem de centenas de pais que talvez nunca mais poderão ver seus filhos outra vez?
- Já chega! - ele deu sinal para alguns guardas ali presente e logo ficaram lado a lado com a mulher. - Por este e muitos outros motivos Abby, a retirei do conselho desta arca. Por não ser capaz de enxergar quando atitudes devem ser tomadas quando não se temos escolha.
- Não tem escolha? - ela agora o grudou pelo colarinho. - Poderia ter me colocado naquela nave e garanto que com todo certeza eu iria. Mil vezes acontecer algo comigo do que com minha filha. Então não me venha dizer que nos deu escolha, porque não deu.
Os guardas a puxaram com força pelo braço a fazendo ficar alguns metros de distancia de Chanceler. Algumas pessoas o encaravam sem entender o motivo da discussão. Abby começou a se debater e Marcus entrou no meio entre os guardas implorando que a soltasse.
- Clarke tinha razão você é um mentiroso. - ela gritou em meio a todos ali presentes.
Chanceler deu sinal para os guardas a levaram para ala oeste. E se virou novamente encarando a imensa janela.
- Chanceler, por favor, eu te peço não considere mal as palavras de Abby. Ela só está nervosa por não ter se despedido da filha.
- Eu entendo que queira defende lá Kane. - Jaha não o encarava naquele momento. - Só não posso tolerar ela me fazer acusações em base de conceitos mera sentimentais em um momento em que temos que ser racionais.
- Eu entendo senhor, mas....
- Deveria saber mais do que ninguém Kane, que tudo aquilo que nos leva a agir por emoções nos atrapalha para tomarmos decisões firmes como lideres.
- Eu sei disso.
- Então não me queira convencer de que Abby apenas está dizendo tudo isso pelo ato de dor ou qualquer coisa que seja. - Jaha finalmente o encarou e deu um passo mais próximo. - Acredite, o ultimo homem pelo qual eu zelei neste lugar nos traiu.
- Está falando de Jake? - Marcus parecia muito surpreso com aquela revelação.
- Ele teria sido um ótimo Chanceler acredite, mas suas intenções eram emocionais demais e quando se é um líder precisa agir com a cabeça, e isso exige decisões que nem sempre serão as melhores. Abby terá que aprender isso de uma vez, antes que termine como ele.
Os olhos de Marcus ficaram completamente estáticos quando ouviu as últimas palavras de Jaha, antes de o mesmo lhe dar as costas e se afastar. Ele jamais imaginaria o ouvir falar daquela forma das únicas pessoas que o ajudaram na arca, deste a entrada para espaço no início da aniquilação. Ele rapidamente seguiu o caminho oposto, indo em direção a ala oeste precisando falar com urgência com Abby e esclarecer que suas intenções foram as mais sinceras.
Foi barrado por dois guardas que estavam no início do corredor, garantindo que ninguém entrasse ou saísse daquela sala. Marcus fez um sinal para um deles que era de sua confiança, lhe dizendo que seu filho havia deixado um recado antes de partir para nave e o mesmo saiu correndo dali tão de pressa que nem se quer cogitou a possibilidade de ser uma armadilha. O outro guarda ele distraiu dizendo que havia uma confusão acontecendo entre alguns membros do outro lado da ala, e que Jaha havia o chamado com urgência para ajuda ló. Parecia que finalmente teria se livrado dos guardas e sua passagem para sala poderia acontecer.
- Marcus? - Abby encarou o homem parado na porta totalmente surpresa. - O que está fazendo aqui?
- Eu precisava vir falar contigo. - ele se aproximou rapidamente a pegando pelos braços e a puxando para si. - Eu sinto muito por tudo, eu não quis que nada disso acontecesse. Eu fiz de tudo para Chanceler desistir de incluir a Clarke naquela nave, mas ele a colocou como a primeira da lista quando a ideia parecia concreta.
- A ideia foi sua também. - ela recuou o gesto de abraço. - Você é o conselheiro Marcus, poderia ter o convencido ou encontrado outra forma para salvar a arca. Mas, não foi egoísta e só pensou em você mesmo.
- Eu jamais faria isso Abby. - ele tocou seu rosto e o desespero tomava conta de seu eu. - Eu a amo!
- Não ouse dizer isso. - Abby se sentia enojada com suas palavras e gesto. - Não pode sentir isso depois do que fez.
- Abby .... - ele balançava a cabeça completamente atordoado tentando encontrar formas para ter seu perdão. - Existem possibilidades da terra ser habitável. As analises foram feitas, a chances lá.
- E por isso vamos mandar nossos únicos jovens, os últimos que restaram da última geração da terra para uma missão incerta?
- Por favor, eu também tenho medo disso. Eu entendo que pense que os mandamos para morrer, mas eles caíram em uma área que parece estar totalmente fora de radiação.
- Você me traiu Marcus. - Abby o encarava com desprezo. - Se alguma coisa acontecer com minha filha naquele lugar, eu juro por deus que eu nunca irei te perdoar.
- Eu entendo que da última fez isso lhe custou muito, mas desta vez eu acredito que vamos conseguir.
- Não ouse comparar nada disso com o que aconteceu. - Abby balançava a cabeça em negação. - Jake jamais arriscaria a vida de crianças para um bem maior.
- Não foi isso que aconteceu não foi? - Marcus agora teria ido longe demais.
Abby cuspiu em seu rosto e o som da porta se abrindo, denunciou finalmente que Marcus havia violado as leis. Os guardas pediram que se retirassem e ele apenas encarou aquela mulher pela qual era apaixonado, com seus olhos cheios de lágrimas agora completamente arrependido de suas palavras finais.

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