Dezessete

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O caminho por entre as árvores brilhantes é um pouco demorado, mas decidi que não poderia chegar a uma aldeia de sublimes livres, nativos, voando.

Ragok não sabe dizer como eles vivem, já que nunca havia saído dos domínios da rainha antes.

O fato é que o caminho apontado pelas árvores nos leva a uma cidade nada selvangem.

As casas são feitas de madeira, mas não são casebres. São simples, porém ricas. Aparentam conforto. Possuem um ar de lar, de casas cheias de felicidade.

Há flores por todos os lados, artes feitas por mãos muito talentosas.

Conforme adentramos a cidade, posso ver uma infinidade de tapeçarias nas paredes externas das casas, mas não como as feitas no Xiador. Essas são tão coloridas e retratam diversas figuras. Em algumas posso identificar batalhas, em outras posso ver água, vento e terra assumindo formas humanas. Posso ver crianças e idosos. Em uma delas posso ver Chirevo abraçando alguém sem rosto.

Também há música. Uma música familiar, que não lembro de onde conheço.

A terra continua brilhante, assim como as árvores ao redor da cidade.

Os sublimes livres não vivem num palácio de ouro, não parecem esnobes. Pelo que vejo da cidade parecem pessoas humildes.

Uma criança sai de uma das casas e corre em direção a outra, mas para no meio do caminho ao nos ver.

É uma menina. Ela tem cachinhos loiros e a pele negra. Seus olhos são incrivelmente azuis. Manipula água. Quando seus olhos me percebem seu corpinho começa a brilhar.

Ela volta a correr para onde estava indo. Olho ao redor. Alguns dos moradores nos espiam por trás das tapeçarias nas janelas, mas ninguém fala comigo.

Olho para Ragok, que está muito mais surpreso do que eu.

— Eles tem medo de nós. - digo a ele.

Ragok olha para mim, sua pele ainda brilhante.

— Tem medo de mim, não de você. Esperam por você há muito tempo.

Dou de ombros. De novo essa história.

— Vim a procura do humano. - elevo o tom de voz para que todos me escutem mesmo em suas casas.

Nada. Ninguém me responde. Ragok se ajoelha ao meu lado e abaixa a cabeça.

— O que está fazendo? - pergunto.

— Mostrando que sou seu servo. Estou dizendo que você está no comando. Nos domínios da rainha funciona.

Reviro os olhos, mas não discuto. Que isso nos ajude a encontrar meu pai.

O problema é que esse gesto gera uma reação em cadeia. Os sublimes começam a sair de suas casas e se ajoelham e curvam suas cabeças. Merda.

— Não era isso que eu esperava. - Ragok diz ao se levantar.

 - Ragok diz ao se levantar

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Véu Negro (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora