Quinze

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A queda me causa tanta dor. Parece que não há ar que se possa respirar. Parece que o mundo me quebrou.

Com muito esforço, fico de pé e ergo as mãos. Eu posso usar magia sem dizer qualquer palavra. Já fiz isso. Posso fazer de novo. Agora quero me defender deste monstro.

Nigde não está machucada, caminha até mim com ódio em seu olhar de morte.

Em questão de segundos, posso ver uma nuvem escura me envolver como um escudo. Posso ver o espanto no rosto da Rainha. Por que posso usar magia como ela. Nem eu mesma consigo conter meu espanto.

- Você é ousada, né garota?! Mal agradecida.

Ela sorri de um jeito perverso. O espanto já passou.

- Alguém terá que morrer para você pensar duas vezes.

Ziul é erguido no ar a minha frente. É a magia dela que faz isso.
Vejo sangue escorrer pelas costas de Ziul. Desfaço o escudo e corro até ele, mas sou jogada no chão novamente. Nigde está rindo.

Mal consigo respirar. O sorriso perverso da maldita parece ter efeito sobre minha visão. É ela que está me deixando desnorteada. É a magia dela.

Ragok cai do teto sobre Nigde, aparentemente do nada, mas ela parece não se importar. Tira Ragok de cima dela com um movimento de mãos e fica de pé.

- Sabe que depois de passar a noite com você, Ragok me deu a manhã mais prazerosa da vida imortal? Ele é tão incrível. - Nigde sussurra.

Ela o agarra e o beija, como se estivessem no quarto. Ragok nem mesmo se move. Parece paralisado. Está olhando para mim.

- Ele é incrível, mas como todos os homens... é infiel. Se apaixonou por alguém que não era sua rainha... por duas vezes.

Vejo sangue escorrer das mãos de Ragok. Ele não se move. Nem mesmo me olha. Não consigo me mover também.

- Pare com isso! - berro.

- Ah, então você se apaixonou pelo cãozinho da rainha?

Maldita. É só nisso que consigo pensar. Em como ela é maldita.

Quase não vejo o que estou fazendo, nem sei explicar de onde vem a força que me faz levantar.

Só penso em matar aquela maldita. E corro para ela com todas as forças que surgem em mim.

É o vento. Vento saindo de minhas mãos que faz com que Nigde se afaste de Ragok. Que faz com que ela não consiga me alcançar.

Seguro Ragok pelos pulsos. Sinto seu sangue escorrer por meus braços.

Nigde me puxa pelo pescoço com suas próprias mãos, queimando minha pele. Ragok continua segurando meus pulsos. Com força demais.

- Que menina atrevida! - ela ri.- Você vai ficar e servir a sua rainha.

Uma espécie de coleira envolve meu pescoço e sou puxada na direção em que Nigde está seguindo. Ragok não me solta. Acho que não consegue. Então somos arrastados juntos.

- Os dois, juntos, vão me proporcionar a noite de prazer do milênio. Do contrário, Ragok vai sangrar até morrer, já que se importa tanto com ele.

Olho nos olhos de Ragok.

Algo mudou nos olhos dele. Não há mais morte. Estão iguais aos olhos de Ziul. Estão iguais aos meus olhos. Vivos.

- Diga DARI EKH, agora. - ele sussurra em meu ouvido.

Véu Negro (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora