Vingança se escreve com F

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[Adaptada]

POV Lena

Aquela havia sido a última vez. Essa foi a promessa.

Mas aquela promessa já havia sido feita muitas vezes no passado. Vezes demais.

A primeira vez foi no nosso primeiro ano de casamento. Kara estava super estressada com um de seus casos super-mega importantes e havia deixado uns papéis sobre o tal caso em cima da mesa da cozinha. Eu não tive culpa de ter escorregado e deixado o meu café cair em cima dos malditos papéis, a culpa foi do cachorro que ela insistiu em ter. Ele veio latindo pra cima de mim e eu escorreguei tentando esquiva-lo. O resultado foi o de se esperar, Kara ficou possessa de raiva.

Até aí tudo bem, era um trabalho importante e tudo mais, eu podia entender o nervoso dela. Mas eu pedi desculpas várias vezes e ela continuava gritando comigo, até o ponto em que começou a me xingar. Foi aí quando eu me alterei também e gritei de volta, chamando ela de imbecil por me xingar por um maldito acidente.

Foi nessa hora que ela desceu a mão na minha cara.

E não, não foi um tapinha qualquer. Foi um tapa com as costas da mão, violento e certeiro. A primeira coisa que eu senti; antes mesmo da própria dor; foi o gosto do sangue que saia do corte que ela fez no meu lábio.

Eu estava perplexa. Sabe quando você fica sem ação, como não acreditando que aquilo realmente aconteceu? Era exatamente assim que eu estava, depois daquele tapa. Quando na vida eu ia imaginar que Kara, a minha Ka, seria capaz de me bater daquele jeito? Jamais.

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, enquanto eu ainda estava em estado de shock. Kara tapou a boca com a mão e me olhava como se ela mesma não pudesse acreditar no que havia feito. Ela também chorava mas não dizia nada. Nenhuma das duas dissemos nada.

Eu estava chocada demais para sentir ódio dela, aquela hora. Meu lábio doia e enquanto eu saia da cozinha e subia para o nosso quarto, eu já sentia ele inchar. Kara não me seguiu, o que eu agradeci. Eu não queria nem me olhar no espelho, aquilo já estava me matando por dentro e se eu olhasse meu reflexo no espelho, tudo seria mais real. Eu teria que me olhe de frente e ver o que a minha mulher tinha feito comigo. Aquilo acabaria comigo de vez e eu só queria sair dali o mais rápido possível.

Peguei apenas a minha bolsa e sai daquela casa, ignorando os pedidos de Kara para que eu não fosse embora.

Eu não soube muito de Kara durante o mês que passei na casa dos meus pais depois daquele dia. Minha mãe me incentivava a pedir o divórcio todo santo dia mas só quem já se apaixonou sabe como ficamos idiotas quando amamos.

E eu amava Kara, mais que a minha própria vida. Ela havia sido a minha primeira em tudo. Meu primeiro beijo, minha primeira namorada e minha primeira vez. Toda aquela insistência por parte da minha mãe para que eu a deixasse e conhecesse pessoas novas; para que eu provasse me relacionar com outras pessoas; entravam por um ouvido e saiam pro outro. Não era por eu nunca ter ficado com mais ninguém além de Kara, que eu quisesse fazê-lo.

Eu fui a primeira a me achar uma otaria com O maiúsculo quando eu voltei para ela, depois de um mês e meio. Minha mãe não se conformou, dizendo que quem bate uma vez, sempre volta a bater. Durante o tempo que ficamos separadas, ela ficou muito mal. Quando nos reencontramos, dava até dó de ver o estado dela. Ela estava arrependida e eu confiava nela. Confiava em que aquilo não voltaria a acontecer.

Eu deveria era ter escutado a minha mãe.

A segunda vez, foi vários meses depois. Foi justo antes de descobrir que eu estava grávida. Tínhamos ido numa festa na casa de Alex e Kelly e Jack, um amigo de um amigo delas, ficou de graça pro meu lado. Ele ficou de graça pro meu lado, não eu pro dele. Mas isso não impediu que Kara me xingasse de vagabunda e dissesse que eu estava dando mole pra ele.

One Shots - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora