Capítulo 30

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Any p.v

Tá, estava chegando a hora de contar a historia. Até aquele momento só tinham cinco pessoas que a conheciam direito, sendo elas eu, minha mãe, meu pai, uma prima minha que era muito minha amiga na infância mas foi embora junto com o meu pai e a Saby. Agora eu teria que explicar para todos os Lost Boys. E foi exatamente isso que eu fiz.

Depois que acabamos de almoçar eu pedi para que todos fossem para a sala. Josh e Sina acabaram indo me ouvir, disseram que estavam curiosos com o que eu tinha para dizer. Já com todos sentados eu comecei a me explicar:

- Tá, eu sei que vocês não estão a fim de ouvir desculpas minhas por não ter contado sobre o fato do Simon ser meu pai- falei olhando explicitamente hora para o Josh hora para a Sina- mas eu quero contar a história por trás disso. Depois vocês tiram suas próprias conclusões.- Todos meio que afirmaram que sim com a cabeça, então prosseguir com a história - Bom, quando eu nasci, eu meu pai e minha mãe éramos felizes no Brasil, apesar de ele nunca ter gostado de mim, pois dizia que queria um menino, ele ainda era uma boa pessoa...

- Ou ele só sabia fingir muito bem, assim como ele faz com o resto do mundo hoje em dia!

- É Sina, pode ser. Enfim, quando eu tinha três anos, meus pais resolveram se mudar para New Jersey, dizendo que meu pai teria melhores qualidades de trabalho.

- Melhores qualidades essas basicamente traficando mulheres e crianças. Que bom trabalho!

- Dá parar de interromper a menina? Essa história mal começou.

- Obrigada Saby, mas o Kris tá certo.- ouvi ele resmungar um "eu sempre estou certo" quando terminei de falar, mas preferi ignorar- Bom, nós nos mudamos e parecia tudo normal, mas meu pai ficava cada vez mais trabalhando, e com o passar do tempo ele passou a chegar em casa muito bravo e irritado com tudo. Bom, pelo menos eu achava que era com trabalho, mas agora eu nem sei mais. Descobri que eu tenho uma irmã, tinha pelo menos, e que ele criava o Josh pelas costas da minha mãe, então nem sei mais no que ele gastava tempo. Tá, ele com o passar dos dias só chegava mais e mais irritado em casa. Até que uma noite a minha mãe estava varrendo umas pipocas que eu derrubei no chão e sem querer bateu no cabo e desligou a televisão que ele estava vendo, o que deixou ele mais irritado ainda- só de lembrar desse dia meus olhos já enchem de lágrimas, e naquele momento, só de lembrar da cena eu já tinha começado a chorar- ele tomou a vassoura da mão da minha mãe e... e ...- minhas lágrimas não estavam me deixando terminar a frase, então a Saby foi me abraçar:

- Não precisa terminar Any, a gente já entendeu.- na minha mente eu agradeci a Jolin por não me fazer terminar

- Depois desse dia as coisas só pioraram. Ele começou a tratar a gente cada vez pior. Vivia agredindo a minha mãe, física e psicologicamente e vivia me humilhando, jogando coisas erradas que eu fazia na minha cara, me proibia de sair, de ter amigos, de brincar, de ver televisão, de tudo. Eu não tinha contato com ninguém da minha idade por estudar em casa, só com a minha prima, mas nem com ela meu pai deixava eu falar direito. Chegou um ponto que eu fiquei doente por não sair de casa e entrei em depressão (n: sim, crianças podem entrar em depressão, e é mais comum do que vocês imaginam) por não ter ninguém. Bom, nesse tempo todo o meu pai só foi piorando, e além de agredir a minha ele começou a me agredir também.- eu falei e levantei um pouco a minha camisa, mostrando uma das cicatrizes que eu tinha, logo abaixo da minha costela, na lateral do meu corpo.

As caras das pessoas mostravam bem os sentimentos delas, confusão, pena e em alguns raiva, que eu sabia que não era de mim, pois os que estampavam raiva eram aqueles que eu era mais próxima alí.

- Um dia, quando eu tinha oito anos, minha mãe apareceu na sala, onde eu estava rabiscando um papel, morrendo de raiva e jogou o telefone no sofá. Eu perguntei para ela o que tinha acontecido, e levei um fora muito bem dado. Ela falou que não era da minha conta, e depois começou a gritar que a culpa era minha e me mandou para o meu quarto. Eu subi chorando e me joguei na minha cama, acabei dormindo. Acordei algum tempo depois ouvindo gritaria vinda do andar de baixo da casa e fui de fininho ver o que estava acontecendo. Meu pai e minha mãe estavam brigando muito feio, mesmo. Eu não entendi o porque na época, mas hoje em dia eu sei que meu pai estava traindo a minha mãe, e ela descobriu e ficou muito brava. A briga se desenrolou por mais um tempo, muitas coisas foram quebradas, e muitas lágrimas foram derramadas. Chegou a um ponto do meu pai pegar uma faca e ir até a minha mãe. Eu entrei em desespero, pois sabia que aquilo não ia sair bem, então corri pro escritório do meu pai, peguei o telefone fixo e liguei para a polícia. Um tempo depois eles chegaram e prenderam meu pai. Ele não ficou preso por muito tempo, dinheiro faz tudo nesse mundo, mas recebeu uma ordem de restrição de três metros da minha mãe. Depois disso o ódio dele por mim só cresceu, e eu só encontrava com ele para pegar algumas pensões atrasadas ou coisas do tipo, por isso que eu conhecia a mansão dele. Mas mesmo longe de mim ele ainda tinha total controle sobre a minha vida. Minha mãe não parou de me culpar pelo que meu pai fez, dizendo que se eu fosse um menino nada disso tinha acontecido e etc, e minha relação com ela foi completamente devastada. As regras que eu tinha antes do meu pai ir embora se mantiveram, e assim a minha vida seguiu até o dia que eu conheci vocês. E aqui estamos.

Lost Boys || Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora