A FÚRIA DOS DEUSES

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Essa é a história de deuses que não perdoam, humanos que sofrem as consequências dos seus erros e seres místicos e selvagens. É a história de laços que não nasceram para ser cortados.

Embora sejam.

15 anos depois, Reino Ferólia

Kim Taehyung, agora com vinte e dois anos, se olha no espelho ajeitando os cabelos por cima dos olhos, claros e castanhos, levemente acinzentados. Sua roupa nova e bonita engomada, afinal, hoje é um dia especial. Seu pai pediu que o mesmo se reunisse à ele na sala de reuniões, pela primeira vez. Os Kim de Felória não costumam nascer de cabelos claros. Isso é coisa de soulmate.

O rei nunca permitiu que Taehyung tivesse voz no reino, contudo, dessa vez, chegou sua hora de poder opinar sobre as coisas que o irritam. Como ser obrigado a usar sapatos e ser obrigado a comer na hora marcada, afinal, sente fome o tempo todo.

Olhou para seu dedo e depois de piscar algumas vezes, a linha vermelha apareceu. Sente saudade do amigo Jimin, por algum motivo, o mesmo não vem a mais de dois meses. É a primeira vez que se atrasa desse jeito. Nas noites de lua cheia ainda via a flor no prisma lunar e recebeu algumas cartas até o mês passado, contudo, nada mais veio.

Segurou o fio e fechou os olhos. Descobriam que, com o tempo, conseguem sentir, levemente, seus sentimentos quando tristes ou angustiados. Agora, sentia nada. Ele deve estar bem, presumiu.

Calçou os sapatos desconfortáveis, chutando sem querer a caixa das cartas que guarda perto da cama. Enorme e pesada, cheia de folhas dobradas em um azul pastel. Tudo de Jimin é dessa cor, isso quando não usa rosa e isso é fofo, pensou.

Ter uma alma gêmea é tão estranho, Taehyung não sente vontade de ver outras pessoas como ele, não quer ficar com ninguém, toda vez que beija uma garota só sente saudade dele.

Não quer confessar que sente amor, mas sente. Tem medo de não ser correspondido, então nunca teve coragem de falar. Seu coração apertou um pouco só de imaginar não ser amado de volta por alguém que está conecto a ele o resto da vida.

Saiu do quarto, andando pelos longos corredores vermelhos do castelo até chegar no andar do escritório. Normalmente o castelo é quieto, mas hoje não, alguns camponeses e servos estão reunidos do lado de fora do escritório de seu pai e quando viram o príncipe, vieram na sua direção, o assustando.

─ Hajima... - se rendeu ando uns passos para trás, sem entender o que diziam. ─ Acalmem-se, eu não consigo entendê-los!

Uma das mulheres do grupo, pequena e morena, se aproximou e pediu que todos ficassem calados com suas mãos, nervosa.

─ Por favor, vamos nos acalmar, é o nosso príncipe... - pediu e aos poucos eles foram se calando. Taehyung encaixou as mãos nos bolsos confuso.

─ O que aconteceu? Por que estão todos aqui?

─ Majestade - fez uma reverência. ─ Estamos sem remédios, sem suprimentos, o porto está vazio já faz dois meses

Então é isso. Jimin não vem faz dois meses, porque os navios Lunare não estão chegando. Arregalou os olhos sem saber o que responder, seu pai não disse nada sobre o problema. 

─ Não fazia ideia, senhora... me perdoem por tudo, não fui avisado - respondeu confuso e suas orelhas caíram um pouco. ─ Não temos nem estoque?

Algumas pessoas responderam 'não' atrás dela. O que vou fazer?

Apavorado, viu que voltavam a falar ao mesmo tempo, uma confusão. Faz quinze anos que os Lunare fornecem remédios e alguns alimentos para sua terra e em troca os Felórias enviam madeira, pedras de mármore e cristais.

POISE | vmin | yoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora