Capítulo Dois - primeira temporada

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Pareceu demorar uma eternidade desde o momento em que fui colocada naquela mala até que saí. Desde o primeiro momento minha mente não conseguia parar de imaginar de que forma aquele arqueiro, de ar feroz, iria me matar. Uma flecha na cabeça? Um tiro? Não,  isso faria muito barulho. Iria me jogar em errantes? Eu tinha de dar um jeito de escapar assim que ele abrisse a mala,  porque eu não estava conseguindo abrir por dentro.
De repente senti o carro parar e gelei. Tinha chegado a hora. Eu sabia que aquilo não iria acabar bem, principalmente se ele achava que eu era um deles. Fossem eles quem fossem.
Escutei vozes, mais do que uma. Droga,  como eu iria fugir se eles eram muitos?
A mala abriu, e fiquei cega por dois segundos por conta do sol. Senti umas mãos segurando meu braço com força e puxarem. Saí caindo e fui arrastada até que ele me jogou no chão.
Foi quando olhei em volta. Uma prisão? E... um grupo grande? Um... policial? Oh meu Deus,  era o tal grupo! Merda, eu estava morta.
- Achei ela rondando pela floresta. - Rosnou o arqueiro.
Revirei meus olhos.
- Eu estava caçando.
Ele avançou sobre mim.
- Tentou me matar!
- Matei um errante atrás de você. Eu não....
- Quem é você?
Olhei na frente e vi o policial me olhando. Tinha um olhar estranho, mas a mulher negra do lado dele era sinistra.
Não respondi.
- Veio espionar? Está com o Governador?
Ainda no chão,  eu balancei minha cabeça.
-Quem? Quem é esse Governador? Escuta, eu não sei do que você está falando. Só sei que aquele ali - apontei o arqueiro. - Me trouxe na  força e tirou meu arco, flechas e facas. Por isso, me deixa ir embora com minhas coisas e nunca mais me verá. Prometo.
- Para você voltar com um grupo e nos matar? - Perguntou uma mulher de cabelo curto.
- Não. Eu não tenho grupo, estou sozinha. Não  vou matar ninguém!
Ficaram em silêncio, me olhando, até que o policial falou.
- Daryl, cadê as armas?
Vi o arqueiro ir no carro, pegar minhas coisas e mostrar para ele. O policial me olhou.
- Um arco? - ficou curioso.
Fiquei calada.
O policial mandou o arqueiro guardar tudo e minha esperança caiu.
- Escuta, não sei quem você é, nem de onde veio, mas temos crianças aqui. Meus filhos. Não posso arriscar. Você fica durante um tempo. - olhou uma garota. - Maggie, depois leva comida para a nossa amiga.
O tal de Daryl explodiu.
- O quê?! Vamos alimentar essa aí? Ela pode ser um deles, Rick! Se for, eles viram buscar ela!
- Daryl, ela não matou você. - Disse o policial,  Rick. - Pode ser só uma sobrevivente. E depois de Lori... ela pode ser inocente e seria errado matar.
O arqueiro rosnou e saiu dali, furioso. Mas voltou atrás e me olhou.
Tinha que dizer que ele até era lindo, não  fosse sua atitude animal.
- Se você tentar seja o que for, eu mesmo te mato! - e se afastou.
Rick me olhou.
- Daryl não gosta de gente nova. Vamos?
Segurou meu braço e eu levantei sem resistir. Ainda não iria morrer, só ficar trancada feito animal. Eu tinha de sair dali... e rápido.

Maggie levou comida para mim em uma das celas. Eu estava num bloco, sozinha, numa cela fria.
Depois de muito tempo, um garotinho apareceu, sentando do lado de fora e me olhando.  Fez um monte de pergunta e percebi que ele esperava proteger todo mundo de mim, mas, curiosamente,  acabamos rindo. Eu gostava dele.
- Você é legal. - disse ele,  Carl. - Espero que não esteja mentindo e que fique com a gente.
Sorri. Eu não podia ficar, mas começava a gostar do garoto.
Fiquei ali presa durante dias, e todos os dias Rick ou Daryl vinham ali e me faziam a mesma pergunta: quem eu era. Num dia, desisti e respondi para Rick, que veio junto com o arqueiro animal.
- Malia. Malia Mason.
Rick sorriu, enquanto Daryl me observava.
- Muito bem. Malia, ninguém apareceu, você colabora com a gente e... - sorriu. - Carl diz que você é legal.
Daryl rosnou algo incompreensível e Rick prosseguiu.
- Tenho uma proposta, quer ficar aqui? Na comunidade? Eu sei que você não gosta de pessoas, já entendi, mas... o que acha?
Olhei aqueles dois. Estariam mentindo? Quais minhad probabilidades? A verdade era que o arqueiro mexia comigo, e já  gostava de Carl, que todos os dias vinha me ver durante um tempinho. Ali parecia seguro, com comida,  armas e sem errantes...
- E meu arco? - Perguntei.
Rick sorriu.
- Terá de volta quando provar que é de confiança.

Me sentia presa apesar de poder andar por toda a prisão. Sentia falta de sair no mundo. Via Daryl sair de moto e sentia vontade de ir junto, se bem que ele não era a melhor companhia.
Ele não falava comigo e dormia na torre, era hostil e me fuzilava com aquele olhar bruto. Carl brincava comigo dizendo que ele gostava de mim. Eu ria, aquele garoto já parecia um irmão para mim.
Senti que o grupo de Rick era fantástico, uma familia.
Gostei de Maggie, Carol... mas, incrivelmente, me identificava mais com Daryl, mas isso era loucura.
Semanas se passaram e eu tinha de achar um jeito de ninguém ali sair magoado,  ou pior. Nem mesmo Daryl. Tinha de dar um jeito do Governador esquecer o grupo de Rick.

A História de Malia MasonOnde histórias criam vida. Descubra agora