Capitulo Trinta e Seis - FINAL DA PRIMEIRA TEMPORADA

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Estavamos em uma casa, para passar a noite. Eu estou do lado de fora. De pé. Olhando a lua. Sozinha. E pensando. Eu não menti para ninguém, só não contei tudo e ver a Dawn me fez lembrar de cada detalhe. Ela sabia, foi ela que foi lá em casa quando... Fecho os olhos. Não quero pensar nisso.
Escuto um barulho, pego meu arco e levanto ele, pronto a disparar na direção do som.
- Se não é errante, saí daí! Porque eu vou disparar primeiro e perguntar quem é depois.
Vejo um garoto negro saindo de trás de uma árvore e ele para, me olhando. Conheço ele de algum lugar...
- Noah?
- É. Desculpa, eu segui vocês, achei que...
- Cala a boca. Fala de mais, não? - Mando ele caminhar na minha frente, mas sem nunca baixar o arco. - O Rick que decida o que fazer com você, eu estou morta hoje. Vamos lá, entra na casa ali.
Todo mundo fica surpreendido por me ver entrar com Noah. Beth corre para ele.
- O que você faz aqui? - Pergunta ela.
- Diz para essa louca baixar o arco. - Pede ele.
- Malia. - Diz Rick.
Baixo e subo as escadas, entrando num quarto e quase morrendo de susto. Daryl está lá, deitado sobre a cama, olhando para cima e com os braços atrás da cabeça.
- Você hein? Que mania voce querer ser assombração. - Entro no quarto.
Ele me olha.
- Aprendi com uma certa macaca.
Acabei de tirar minha bota e jogo ela na cabeça de Daryl, mas ele, claro, agarra ela e joga no chão.
Deito do lado dele e Daryl pega na minha mão.
- Você está diferente. Estranha. O que aconteceu?
Suspiro.
- Nada. Eu conhecia a Dawn e voltar naquele hospital foi... Não quero nem chegar perto. Nunca mais.
- Só isso mesmo?
Olho para Daryl, me viro na cama e fico de barriga para baixo.
- Sim, Sr. Dixon, deixa de ser desconfiado uma vez na porra da sua vida, homem.
Ele sorri.
- Só não volta a sumir daquele jeito. Me avisa, eu teria compreendido.
- Teria ficado para trás?
- Não mas...
Beijo o rosto dele.
- Tá vendo? Foi por isso. Eu não posso perder você. Já quase perdi quando menti, naquela história do Governador.
Daryl toca na minha mão.
- É, desde que você nunca mais minta para mim, tá ótimo.
Mordo meu lábio. "Não Malia, você não está mentindo, só está escondendo uma parte da história.", penso. Droga.
- E tem mais...
- O quê? - Fico olhando ele.
- Da próxima vez que quiser me beijar - Daryl segura o meu rosto. - Minha boca é aqui. - E me beija.

Dias Depois...

A gente encontrou uma espécie de fazenda, rodeada de muros altos que os errantes não conseguem atravessar. Tem uma casa enorme, um celeiro, estábulos e muito espaço. Decidimos que tudo aquilo iria ser nosso.
Tinha corpos mortos na casa e no celeiro e Rick mandou enterrar todo mundo. Daryl colocou um lenço preto tapando o nariz e a boca e começou a cavar na terra, o mais afastado da casa possivel.
Caminhei até lá e parei junto dele. Daryl para o que está fazendo e me olha. Ele fica calado durante um bom tempo, me olhando. Sorri.
- O que foi?
- Nada.
Eu tenho a Judith no colo e ela tem a cabecinha encostada no meu peito. Acho que sei porque Daryl ficou me olhando...
- Cadê a Beth? - Pergunta ele.
- Foi trocar de roupa, a Judith sujou ela.
Ele ri.
- E agora está dormindo.
- Quê? - Olho para baixo, espreitando o rosto dela, e vejo que Daryl tem razão, Judith dormiu. - Melhor ir deitar ela.
Volto para dentro de casa e Rick se aproxima, sorrindo e acariciando Judith.
- Dormiu. - Diz. - Malia, obrigado por tudo. Principalmente por ter trazido a Beth de volta.
- Tudo bem, eu não podia deixar ela lá. Onde a Judith costuma dormir?
- Eu levo ela. - Beth estende os braços e eu entrego a bebê.
- E obrigado por ensinar o Carl. Eu detesto ver ele mexendo em arma e faca mas, nesse mundo é necessário.
Eu estava ensinando Carl a usar uma faca, como eu fazia. Adorava ele.
Sorri para Rick, toquei no seu ombro e depois saí de casa novamente. Caminhei até o muro e fiquei olhando. Subi até o topo e olho para baixo.
Tem errantes do outro lado. Poucos mas suficientes para matarem uma ou duas pessoas. Sinto vontade de matar eles, porque desde que chegamos ali que não matamos nada. Só quando Daryl e eu saímos para caçar.
- Malia.
Olho para baixo e vejo Abraham. Pulo, dando uma pirueta no ar e caindo de pé, no chão, na frente dele. Abraham me olha de forma estranha. E Rosita também.
- Antes do apoclipse você era o quê?
Sorri.
- Uma simples garota.
Ele e Rosita trocam olhares. Suspiro, chamando a atenção deles.
- Bem. - Diz Abraham. - Essa porra aqui trancou, não quer funcionar. - Ele me entrega uma arma enorme. - Eu ia trocar, porque já mexi em uma dessas e isso nunca aconteceu mas aí o Daryl falou que tu usou uma, uns meses atrás e... - Abraham falava cada vez mais devagar, me olhando enquanto eu mexia na arma com rapidez. - E....disse que talvez fosse capaz de...
- Pronto. - Entreguei a arma para ele, sorrindo. - Experimenta.
Abraham dispara e me olha confuso.
- Desde quando alguém como você sabe mexer nesse tipo de coisa?
Ri e dou um soco no braço dele, enquanto caminho para o outro lado.
- Mantém a arma limpa, Abraham. - Digo.
Caminho e me sento no chão, olhando em volta. Esperança. Sinto que ali podemos sentir isso de novo. Temos água, conseguimos arranjar comida, temos casa, carros... Armas. Quase tudo para viver bem. Sobreviver.
Carl senta do meu lado.
- O que vamos fazer hoje? - Pergunta.
Estou prestes a responder quando escuto um som. Humano. Alguém grita. Levanto e me aproximo do portão, onde está todo mundo.
Carol abre e Glenn entra, empurrando um garoto que parece ter a minha idade. Ele olha para todos nós, assustado.
- Cara, eu não conto onde vocês estão. - Disse o garoto. - Mas por favor, me deixa ir embora. Ninguém vai vir atrás de vocês.
- Quem é esse? - Pergunta Rick.
- Charlie. - Diz Glenn. - Peguei ele me seguindo lá na cidade.
Fico olhando para ele, sem falar uma palavra. Estou petrificada. O rosto dele me faz lembrar alguém. Me faz lembrar Jim.

A História de Malia MasonOnde histórias criam vida. Descubra agora