𝑈𝑀

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𝟷𝟻 𝚊𝚗𝚘𝚜 𝚍𝚎𝚙𝚘𝚒𝚜...

[9:40]

Os dias na delegacia eram quase entendiantes. Havia pouca movimentação normalmente. Da minha sala consigo ver Park Jimin arrumando alguns papéis em sua mesa e depois analisá-los minuciosamente. Não fazia muito tempo desde que eu havia me mudado para cá. As coisas ainda estavam entrando no eixo. A transferência,procurar um apartamento,tudo havia sido muito rápido.

Aqui,naturalmente,as coisas eram mais calmas. A taxa de criminalidade era muito baixa. Haviam,claro,investigações grandes,relacionadas a empresários envolvidos em lavagem de dinheiro,corrupção política,prostituição e drogas. O consumo era ilegal,e por mais que pessoas fossem indiciadas e presas,ainda continuavam surgindo lugares que vendiam,secretamente,óbvio. A rede era grande,e pelo que tudo indicava, um só homem  administrava e chefiava tudo. Era dele que estávamos atrás. Ele era o motivo pelo qual eu estava ali.

Olho para o computador ligado à minha frente. A tela mostrava o criminoso. Ele estava sentado em uma cadeira junto a uma mulher e três crianças. O mais velho era um menino que aparentava ter no máximo dez anos. Seus olhos pequenos demonstravam certa apreensão e desconfiança. Havia também outro menino e uma menina. Deveriam ser irmãos. Essa era uma das únicas que informações que tínhamos a respeito de Min Ho,o chefe do tráfico procurado há meses.

Tudo que haviam me repassado era que achar sua identificação havia sido muito difícil. Ele havia sumido por muitos anos,sempre mudando de endereço,despistando olheiros e eliminando possíveis acusadores. Ninguém sabia sobre seu paradeiro.
Era uma foto antiga,sem data,lugar e hora. Os filhos já deveriam estar grandes e Min Ho e a mulher bem mais velhos. Me assusto com uma batida na porta. Jimin está parado do lado de fora com uma cara divertida.

— Posso incomodar um pouco?— ele sorri.

— Entre,preciso de sua ajuda.— viro o computador em sua direção.

— Está analisando a foto de novo?

— Sim. Você sabe quando isso chegou aos arquivos da polícia?

— Não,mas podemos ver.— ele entra no meu espaço da mesa e começa a digitar rapidamente no teclado.— Está aqui!

— Onde?— estico a cabeça para olhar melhor.

— Aqui,Louise.— ele aponta para uma data na visor.— 17 de maio de 2005.

Jimin volta à foto. Olho mais uma vez,agora apertando a visão, percebendo coisas que não tinha reparado mesmo tendo olhado aquela mesma foto um milhão de vezes. Havia uma janela ao fundo. Minha percepção não poderia falhar.

— Olhe isso aqui.— aponto para a mancha quandrangular. Meu parceiro se curva para olhar mais de perto,apesar dos óculos.

— Parece uma...

— Janela,isso mesmo.

— Vou ampliar a foto.— ele dá zoom na parte direita.— Humm... podemos dizer que estavam em uma casa pelo ângulo e...olhe bem Lou... Parece que está nevando...

Volto minha atenção para aquele lugar específico. Algo branco parece acumular-se no parapeito. Neve. Meus olhos correm rapidamente pelo fundo da foto até parar na mulher. Deveria ser a esposa de Min Ho. Entretanto,havia algo errado. Errado com o rosto pálido dela e sua expressão  amedontrada. Algo errado na forma que ela segura o filho do meio,como se quisesse protegê-lo.

— Você não acha que tem algo estranho com a mulher?— olho para Jimin em busca de sua opinião. Ele bota uma das mãos no queixo e franze a testa.

— Ela parece doente e abatida,não sei ao certo.— dá de ombros.

— Jimin,organize uma equipe,imprima essa foto e faça uma busca nos hospitais aqui da cidade. Cataloguem os registros.

— Vou falar com o Namjoon,ele é o responsável pelo pessoal da busca nesses casos.— Jimin ajeita os óculos redondos e passa uma das mãos no cabelo,arrumando-o.— Ah,mais uma coisa, o delegado pediu que você fosse até a sala dele.

— Obrigada por avisar,estou indo.

Então ele vai embora. Jimin era um policial muito inteligente,eu agradecia todos os dias por tê-lo na equipe. Antes de levantar da cadeira,dou uma olhada rápida em um espelinho que ficava na minha mesa,que eu havia comprado durante uma viagem a Toquio. Aliso o cabelo rapidamente e saio. Pessoas andam para lá e para cá com alguns papéis. Alguns me cumprimentam com um aceno discreto e eu retribuo. A sala do delegado era aberta,e como a minha,as paredes eram de vidro,revelando todo o interior. O único homem lá dentro faz um sinal para que eu entre.

— Bom dia,delegado.— faço uma reverência antes de me sentar.

— Bom dia, Carter. Pedi para que Park lhe mandasse aqui. Parece que temos um progresso na investigação.— Min Yoongi era um homem sério,fazendo jus ao seu posto.

Quando nos vimos pela primeira vez,eu não podia acreditar que aquele homem era o mais respeitado delegado do país. Apesar da jovialidade,havia nele algo profundo e até um pouco assustador. Não sabia dizer o que exatamente. Seus olhos pequenos conseguiam intimidar qualquer um estivesse fazendo algo de errado.

— Conseguiram alguma coisa?

— Ontem recebemos um telefonema anônimo denunciando uma boate na parte leste da cidade. Há fortes indícios de que hajam vendedores da parte de Min Ho ali. Preciso que você e sua equipe verifiquem.— diz,arrumando algumas pastas.

— Me dê o endereço.

Ele pega uma caneta e um pequeno papel e começa a escrever.

— Nós encontramos algumas pistas na foto dele e da família.— digo enquanto o mesmo me passa o papel.— Kim Namjoon vai começar uma busca em registros hospitalares.

— Mantenha-me informado.

— Com toda a certeza. Com licença.— com o endereço em mãos eu faço uma reverência e saio.

Passo pelo corredor como uma bala e pego o convencional e ligo para Jimin.

Oi Lou,algum problema?

Arrume sua melhor roupa de bad boy, hoje vamos à uma boate.

𝚆𝙰𝙽𝚃𝙴𝙳 | 𝐋𝐞𝐞 𝐉𝐨𝐨𝐡𝐞𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora