Pessoas vivem sua vida,em todas as situações. Quando está nevando,pais de família ainda saem para trabalhar. Se estiver chovendo,bebês ainda nascem. Não era diferente,você sendo um pastor ou um criminoso. Traficantes também podiam se casar e ter uma família. E as noivas deles continuavam sentindo o mesmo frio na barriga pelo momento,como qualquer uma outra. Era nisso que eu pensava enquanto ouvia o som da campainha e do telefone milhares de vezes. Mas ninguém realmente fazia ideia disso,e enquanto Jooheon dormia no mais profundo sono,eu poderia usar a desculpa que também estava para quando Chung-ja aparecesse para me arrastar para a transformação que planejava há dias.
Ouço Honey se remexer no colchão ao lado da cama,e me mantenho imóvel por tempo suficiente até que ele acorde completamente e vá checar a o bipe que agora tocava sem parar. Não se antes fechar a porta cuidadosamente,um costume que havia adquirido depois que começamos a dormir no mesmo quarto. Claro,com a condição de que não fosse na mesma cama. Ouço um grito da porta e sabia que ela chegara.
— Vamos,acorde!— Chung-ja berra quando escancara a porta do quarto,seus saltos estalando no chão como os cascos de um cavalo.— Espero que não tenha comido nada que deixe sua cara inchada.
— Sim,comi muito ramyeon ontem. E cerveja!— a Lee abre a cortina de uma vez só,e a luz incomoda meus olhos.
— Espero que você pareça uma porca em suas fotos de casamento,Jane. Vou poder esfregar na sua cara pelo resto dos meus dias.
Minha cunhada vestia um conjuntinho de veludo rosa e botas de cano longo,com uma bolsa Monogramme Kate,da Yves Saint-Laurent. Mesmo com o tempo,não conseguia lidar com as semelhanças entre eles. Chung-ja sorri,com as mesmas covinhas de Jooheon, e balança uma sacola bem na frente da minha cara.
— Presente de casamento.— ela mesmo abre e mostra o conteúdo.
Eram brincos. Lindos brincos de diamante em forma de flor. Bilhões de wons nas minhas orelhas. Nego com a cabeça imediatamente.
— Com que dinheiro você comprou isso?
— Com o meu dinheiro. E sim,de nada.
— Chung-ja,eu...Ainda estou me acostumando a isso.
— Abri uma loja há alguns meses,comprei o presente com o dinheiro de lá.— explica,casualmente.— Nós não somos nosso pai,Jane.
— Me desculpe.
Sentamos os três para um café da manhã,Jooheon e eu sabendo que nos veríamos apenas no fim da tarde. Ele ainda estava com a amassada de sono,o cabelo em pé e bagunçado,uma visão tão casual que ainda era difícil de acreditar. Havia menos de um mês que tínhamos assinado os papéis e trazido todas as minhas coisas,não que fossem muitas,para cá. Todas essas semanas foram ocupadas pela cerimônia relâmpago,que Chung-ja insistia em fazer antes da neve tomar qualquer espaço existente no gramado,o que não nos deu tempo de assimilar onde estava nosso relacionamento. Éramos amigos? Teríamos um casamento de fachada? Eu faria parte de seus negócios? Todas essas perguntas pairavam sobre nossas cabeças,como mosquitos irritantes.
— Seus pais chegaram,Jane.— diz Jooheon,olhando algo no celular.— Disseram que entendem o porquê de não ter ido pessoalmente buscá-los e para você não se preocupar.
Suspiro aliviada. Ao mesmo tempo,sinto um pouco mais de saudade. Faziam quase dois anos que não nos víamos,e a possibilidade de tê-los tão perto apertava meu peito.
Chung-ja fala,mas não presto atenção. Só consigo sentir a mão de Jooheon sob a mesa,e seu toque confortavelmente quente em meu joelho,através do tecido fino da legging. Me supreendo com a súbita conexão que sinto. Nem Edgar conseguiria identificar minhas emoções tão bem assim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝚆𝙰𝙽𝚃𝙴𝙳 | 𝐋𝐞𝐞 𝐉𝐨𝐨𝐡𝐞𝐨𝐧
Hayran KurguA única missão de Jooheon era eliminar aqueles que atrapalhassem a vida de sua família. Filho de um dos maiores traficantes internacionais de drogas,foi criado para substituir seu pai no ramo. Por um problemas familiares,é obrigado a procurar algué...