Capítulo 2

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Janeiro, 1943


Sangue, havia muito dele.

As vestes de Isis Goodwin estavam cobertas pelo líquido viscoso e ela esfregava com força suas mãos e varinha, querendo remover todo o sangue de seus dedos, mas principalmente, afastar as memórias do que havia feito.

Não era a primeira pessoa que ela matava e com certeza não seria a última - por Godric, ela era uma Auror, combater bruxos das trevas fazia parte do seu ofício.  A bruxa faria de tudo para proteger seus dois filhos e não pensaria duas vezes em fazer o que fosse preciso para garantir a segurança de Cadimus e Pandora.

Naquela noite em específico,  ela se viu usando feitiços  de cura para tentar ajudar o homem que matará. Quando faziam isso, ela e Peter sempre optavam por fazer da maneira trouxa, preocupados que o Ministério pudesse ligar o crime a eles e ser mandado para Azcaban e receber o beijo de um dementador não era uma opção, então dar um final digno para o homem era o mínimo que Isis podia fazer.

Escutou a porta batendo e apoiou-se na pia, se preparando para o que viria a seguir, sabendo que Peter nunca apoiava as formas que ela encontrava para se livrar dos problemas que os perseguiam, ele estava sempre sugerindo que usassem o jeito mais pacífico.

Peter Anthonin McLaggen encontrava-se com as roupas ensopadas devido a chuva forte que caía lá fora, assim como as de sua esposa, suas vestes também possuíam rastros do líquido vermelho, mas diferente dela, se preocupava bem mais com o dono de todo aquele sangue.

- Nós podíamos tê-lo obliviado. - ele disse, chamando a atenção da mulher, observando Isis soltar sua varinha em cima da pia e cerrar os punhos, virando-se com raiva para Peter - Não precisávamos ter matado mais uma pessoa.

- Você quer usar um feitiço da memória nele, Peter? Para ele recuperar suas lembranças depois de um tempo e trazer mais bruxos como ele? - Isis falou irritada, tentando manter o tom de sua voz baixo para não acordar as crianças que dormiam no andar de cima.

Peter sabia que ela estava certa, mas a parte lógica dele, a parte que havia sido treinada para que ele se tornasse um dos melhores aurores, dizia que eles tinham outra saída, que cometer assassinato não era necessário, não novamente. Esse lado dele era completamente leal ao Ministério e tudo que a Suprema corte bruxa pregava e Peter sentia vontade de contar a Leonard Spencer-Moon o que estava acontecendo, que Gellert Grindewald estava atrás dele e de sua família, mas sabia que assim que contasse tudo isso ao ministro, perguntas seriam feitas e respostas seriam exigidas.

Isis sabia que seu marido sempre odiou a ideia de machucar qualquer ser vivo e havia se tornado um Auror para proteger a todos, mas ela já não se preocupava tanto assim - em sua cabeça a justiça tinha que ser feita independentemente - por isso funcionavam tão bem juntos, eles completavam um ao outro.

- Ele sabe que sabemos, Peter. - ela sussurrou e ele se aproximou da esposa, segurando suas mãos carinhosamente - Sabe que sabemos onde estão as outras duas relíquias e não vai hesitar em fazer o que for preciso para conseguir essa informação.

- Grindewald também sabe o que somos. - ele contou a ela e Isis arregalou os olhos surpresa com a notícia, preocupação evidente em suas feições - Vi na cabeça do bruxo que invadiu nossa casa, ele sabe e pensa que poderá nos usar de alguma forma.

Isis estava certa sobre tudo desde o início, havia contado suas desconfianças para o marido, preocupada e com medo. Sabia que não estava enganada, sabia de tudo isso, mas mesmo assim não podia deixar de ficar preocupada com a notícia, temendo pela vida de seus filhos e pelo que aconteceria com eles.

- Por isso temos que protegê-los, ele sabe e vai vir atrás deles para tentar manipulá-los. - ela disse desesperada, lágrimas se formavam em seus olhos e em questão de segundos, Peter envolveu a mulher em seus braços, apertando-a contra seu corpo, sussurrando no ouvido dela que tudo ficaria bem, que seus filhos ficariam bem e nada e ninguém poderiam machucá-los.

Obliviate  |T.M.R|Onde histórias criam vida. Descubra agora