Capítulo 15

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13 de Junho, 1943


- Você a matou. - Tom disse e ao contrário do esperado, sua voz não tinha um pingo de raiva, ele mantinha a mesma expressão de indiferença com a qual todos estavam acostumados e conheciam, a única coisa que o incomodava era o que aconteceria quando encontrassem o corpo daquela garota.

Ele sabia que havia ordenado ao basilisco que matasse um sangue-ruim, mas não esperava que fosse ser naquele noite e quando ele estivesse por perto, daquela forma só levantariam suspeitas, principalmente se alguém o visse saindo do banheiro e a possibilidade de isso acontecer era grande, contando com o fato de que os monitores logo começariam a fazer a ronda e poderiam passar por ali a qualquer hora.

Seus olhos se voltaram para o corpo no chão, aquela era Murta Warren. Tom já havia visto a menina pelos corredores e já havia a encontrado chorando no banheiro algumas vezes, sempre por conta de algo que uma tal de Olivia Hornby falava e a primeira vez que a encontrou, ele tentou ajudá-la da forma que podia, tentando manter sua pose de bom moço e agiu como um perfeito cavalheiro. Mas ao observá-la morta, Tom não sentia um único pingo de remorso em seu corpo e também não se sentiu mal pela vida perdida da garota de 14 anos.

- Você disse para matá-la, Mestre. - foi a resposta do basilisco e Tom se virou para a criatura, não se importando em desperdiçar mais um segundo com aquela Corvinal, não quando ela era uma simples sangue-ruim - Pode usá-la para seus planos agora, Mestre.

Tom sorriu sádico, concordando com as palavras da criatura em sua frente. Poderia usar a morte dela para criar sua primeira Horcrux, era o seu plano desde início e o fato de a morte ter acontecido mais depressa que o esperado, apenas significava que alcançaria a imortalidade mais cedo e isso não era ruim, muito pelo contrário.

Fazer a Horcrux não seria um problema, ele havia encontrado o feitiço e o ritual que precisava, já tinha uma morte e o objeto que seria utilizado: seu diário. Ele sabia que o processo seria extremamente doloroso e mesmo que aquela fosse, com certeza, uma das formas mais corruptas de magia, Tom não abriria mão da sua imortalidade, era tudo o que sempre quis e mal podia imaginar o tamanho do poder que sentiria ao finalizar o processo.

Ele estava pronto para continuar com seus propósitos e reconhecia que com as conexões que tinha criado, atingir o poder não seria tão difícil, seus seguidores o ajudariam com isso e os herdeiros destes também o seguiriam e o obedeceriam, aceitando as ideias do futuro Lorde das Trevas, Voldemort.

Estava destinado a grandiosidade, a ter domínio sobre os outros e um simples trabalho no Ministério não ofereceria isso a ele, não, para alcançar o que queria, Tom Servolo Riddle precisava de muito mais, tinha que ir além de tudo aquilo e estava mais que disposto. O pensamento de tudo que ele alcançaria com suas ideias apenas o deixava mais animado e ansioso ainda, uma das únicas emoções que ele conhecia além de raiva, ódio, frieza e vazio.

Seus pensamentos se voltaram para sua infância no orfanato e a raiva o atingiu com força, assim como todas as outras lembranças horríveis que tinha daquele lugar e daqueles trouxas nojentos e asquerosos que o tratavam da pior forma possível e que fizeram grande parte da sua vida um inferno. Tom ainda os faria pagar, faria com que pagassem por tudo, por todo os pesadelos, por todas as memórias ruins e por todas a vezes que aquelas crianças trouxas o trataram como se ele não passasse de um pedaço de lixo.

E de repente, Riddle não se importava mais com as consequências que poderia sofrer com a morte de Murta Warren, ela merecia tudo aquilo, não merecia estar viva e não merecia fazer parte daquele mundo quando era filha de trouxas, quando era uma sangue-ruim, era inferior a todos os sangue-puros e sempre seria, ela e todos os outros nascidos-trouxas.

Tom balançou a cabeça, querendo livrar-se de suas memórias e focou seus olhos no diário em suas mãos. Havia registrado e continuaria registrando seu tempo em Hogwarts naquelas folhas, seus planos estavam lá, todos os seus segredos e reflexões, sabia que não devia dar tanta importância a um simples objeto, mas não conseguia evitar, o caderno, por mais que ele detestasse admitir, possuía um grande valor sentimental para Tom e ele sempre o guardaria.

Lembrou-se da última coisa que havia escrito e folheou as páginas até encontrar o que queria, seu olhar parando em um certo nome mo mesmo instante e Tom resolveu ignorar a sensação estranha que sentiu ao ler o que estava escrito.

Pandora.

Ele não conseguia se livrar dela de forma alguma, passou meses tentando assustá-la e afastá-la de todas as formas possíveis, mas não conseguiu de jeito nenhum e isso o irritava profundamente porque Pandora Goodwin McLaggen estava se tornando um problema e Tom com certeza não precisava de problemas naquele momento e muito menos no futuro, não quando ainda tinha muito por vir, coisas que não podiam ser atrapalhadas por causa de uma simples Grifinória.

Mas mesmo negando, ele sabia que ela não era uma simples grifinória, Pandora era muito mais que isso. Ela não fraquejava diante das ameaças dele, escondia todo o medo que sentia - porque sim, Tom sabia que ela havia ficado aterrorizada da última vez em que ele a ameaçou -, McLaggen era simplesmente impossível e o enfurecia de uma forma diferente de todos os outros e seus seguidores estavam começando a notar esse fato, principalmente como ele não reagia de um modo tão horrível quando ela o desafiava, mas não era como se eles demonstrassem suas preocupações, sempre guardavam para si mesmos o que pensavam.

A amizade com Pandora estava se mostrando ser mais fácil do que o esperado e para Tom, isso era péssimo. Ele não se via tendo problemas ou sentindo qualquer tipo de repulsa quando passavam algum tempo juntos, até gostava dos momentos nos quais estudavam juntos, achava bom ter alguém com quem conversar além de Abraxas, mesmo que ele e Pandora não falassem tanto assim e acabavam discutindo algumas vezes. E toda essa situação com a garota o deixava receoso, ele não devia e nem podia gostar da companhia dela.

Pandora também vinha se mostrando ser uma ótima tutora e ele estava aprendendo mais e mais com ela a medida que o tempo passava e algumas vezes, Tom tinha certeza que podia ver surpresa e até mesmo orgulho quando ele conseguia focalizar sua magia e realizar alguns feitiços sem varinha - mesmo que fossem feitiços fáceis. Em algumas ocasiões, durante suas aulas, Tom se pegava olhando para Pandora e notando como seus olhos praticamente se fechavam quando ela ria demais, como ela tinha algumas pintinhas espalhadas por seu rosto e algumas em seu pescoço e até mesmo como sempre...

Chega.

Ele disse a si mesmo, afastando os pensamentos sobre Pandora de sua cabeça, empurrando-a para o fundo de sua mente e com um rápido olhar na direção do basilisco, ele começou o ritual, deixando que uma dor inexplicável o atingisse enquanto ele dividia sua alma pela primeira vez.

E se Tom não estivesse tão focado em seus planos e orgulhoso pelo que fizera, teria notado que assim que saiu do banheiro, uma certa grifinória estava virando no corredor e o viu deixando o local, se não estivesse tão perdido enquanto era consumido por uma onda enorme de fraqueza, teria notado Pandora observando cada um dos movimentos dele.

Obliviate  |T.M.R|Onde histórias criam vida. Descubra agora