Capítulo Sete

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~Narrativa Cecília~

Gustavo sempre foi dominador. Não sei se o mesmo seria capaz de se controlar. Esse homem sempre controlou tudo em sua volta. Sempre manteve o domínio em uma transa. Eu não o vejo sendo contido por alguém. Mas eu sei que quero. Quero ver até onde ele vai. Quero ver se será capaz de ficar só olhando.

— Quando quiser me procura. Farei um preço bem camarada para um iniciante como você. Mas lembre-se — Disse ajeitando sua gravata e passando minha mão sobre o seu peitoral —Lembre-se que o meu corpo é uma área proibida.

- Como assim, não pode ser agora?

- Já? Não vai pensar na proposta? - Falei escondendo o sorriso ao me virar para o espelho, arrumando uns fios soltos do meu coque.

- Posso dar tudo o que você quiser, dinheiro não é o problema, prazer muito menos.- Disse me puxando gentilmente pelo braço, me forçando o olhar.

- Saiba que nesse jogo apenas um ganha.

- Não estou acostumado a perder.- Disse por um instante curvando meu rosto em direção ao seu pescoço, sentindo a mesma se arrepiar e tremer em meus braços.

- Pois deveria.- Disse tentando tomar o controle da situação.

- Luiza, você parece esperta demais para admitir que irá perder.- Meu nome fictício pareceu um sussurro ao sair da sua boca.

— Como pode ter tanta certeza? — queria ter me controlado mas não consegui evitar que minha voz saísse trêmula. Me afastei recompondo minha postura.  — Você não sabe do que sou capaz. Já lidei com muitos homens. Dancei para vários e nenhum deles nunca encostou as unhas em mim.

— Para tudo tem uma primeira vez minha querida! Tenho certeza que nenhum deles causou algum arrepio em você, nesse caso nem preciso tocar, seu corpo te entrega.

- Não fale besteiras, isso é o frio.- Tentei disfarçar, mas com certeza não serveria de nada.

— Não é besteira. Você que não está sabendo lidar com a realidade.

Merda! Eu não posso perder no meu próprio jogo. Faz tanto tempo que já havia me esquecido de como o Gustavo é conquistador, pensei perdida.

— Você não tem nada a perder se entregar a mim. — disse com sua voz rouca.

— E você não terá nada a perder se tudo for do meu jeito.

— Tudo bem. Se é assim que você quer. Então dance para mim — disse se sentando em uma poltrona que havia no camarim.

— Não aqui. Se você realmente quiser tem um lugar exclusivo para isso.

— Me leve até ele. Lá você dança e eu te faço pedir por mim sem ao menos te tocar. — Sua voz saiu carregada de luxúria e desejo.

Estou começando a sentir que estou entrando em uma espécie de campo minado. Só não posso perder em meu próprio jogo.

- Se eu disser que não quero mais.- Proferi.

- Você pode dizer o que quiser, mas não vou por você.- Falou percorrendo meu braço com a ponta dos dedos.- Sabe porque?

- Não.- Respondi boba, com o que ele conseguia fazer com meu corpo mesmo depois de tanto tempo.

- Porque a resposta vem do seu corpo e daqui.- Falou depositando a mão sobre meu peito, sentindo quanto meu coração batia acelerado.

Merda! Porque tenho que ser tão transparente assim. Na realidade o Gustavo ainda mexe comigo.
A mão que estava depositada em meu peito subiu em direção ao meu rosto onde recebi um carinho com as pontas de seus dedos. Meus olhos se fecharam ao apreciar seu toque. Meu Deus! O que está acontecendo comigo?
Pude sentir sua respiração bem perto da minha.

— Eu disse que você não resistiria ao meu toque.

Seus lábios tocaram os meus a essa altura não resistindo mais abri minha boca dando passagem para a sua língua. Como senti falta desse beijo. Estávamos envolvidos com o beijo mas, de repente o Gustavo se afastou de forma bruta.
Ele me olhava intrigado. Uma expressão confusa tomando conta de seu rosto.

- O que foi?- Perguntei ao abrir os olhos.

- Não sei.- Suspirei.- Já senti isso antes, mas não pode estar acontecendo novamente.

- Como assim?- Perguntei nervosa.

- Seu beijo, tem algo familiar, me lembra alguém.- Puxou meu rosto, me encarando.- Deixa eu ver seu rosto, não sei de onde, mas eu devo te conhecer de algum lugar.

- Você só deve estar maluco.- Me esquivei do seu toque, eu cresci no interior, é improvável nos conhecermos, ainda mais voce, rico como é.

— Mas não pode ser! Não. Me lembrou alguém que tento esquecer há anos! — disse desesperado.

— Como assim? - Perguntei confusa.
A sua respiração estava irregular.

— Eu preciso ir embora. Não dá pra ficar aqui.

- Como assim? Porque tão cedo?

- Esquece isso foi um erro, eu não deveria estar aqui.

- Mas e o combinado? Vai sumir sem terminar?

- Eu não iria te tocar mesmo, fique com esse dinheiro, você pode...- O interrompi.

- Você pensa o que? Que eu quero a porra do seu dinheiro?

- Não é pra isso que vocês trabalham?- Perguntei cínico.

- Enfie esse dinheiro..- Me interrompeu voltando para bem perto de mim.

- Não ouse dizer isso mocinha.- Me encarou sério.

- Eu digo como quero. Você que veio me procurar. Só não me trate como uma qualquer. Porque isso eu não sou. Eu danço para sobreviver. Porque não foi você que teve a vida destruída como eu tive a minha. — cuspi minhas palavras cobertas de raiva. - Você pediu e agora está fugindo de mim. Ou vai negar? — cruzei meus braços.

— Você não sabe o que aconteceu aqui. Você não tem noção do que se passou dentro de mim. A única coisa que eu sei é que preciso sair de perto de você. — Disse indo em direção a porta.

— Eu te disse pra não tocar em mim. EU AVISEI. - Ele foi embora sem ao menos olhar para trás.

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⏰ Última atualização: Apr 09, 2022 ⏰

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