Eduardo não conseguia diferir a cena e Marcos sendo atingido por uma descarga, mesmo depois de um dia. O que ele temia aconteceu: alguém morreu por se aliar ao lado errado. Imagina como Leo não se sentia? Logo ele, que não gostava nem de matar formigas.
Na manhã seguinte seria o sepultamento de Marcos. Ninguém da Liga (a não ser Leo) queria ir. Gabriel dissera que "comparecer ao enterro do inimigo é como comemorar sua morte". Nem mesmo Joana se sentia bem em ir ao cemitério, mas Olívia e ela iriam. Toda a Liga proibira Leo de ir junto. Ele realmente queria ir. Ele realmente se sentia culpado.
— Isso foi uma consequência dos atos dele. — disse Eduardo sentando-se na calçada ao lado de Leo — Qualquer um de nós pode morrer a qualquer momento e a culpa não é sua, é do IPEC!
Leo olhou para Eduardo com um olhar morto.
— Isso devia me confortar?
— Não! Isso é para você saber que não matou ele! — Exclamou Eduardo. — Ele se suicidou! Assinou o próprio atestado de óbito quando concordou em se juntar a Clara!
Leo bufou, balançou a cabeça, voltou a olhar para o nada que estava a sua frente e Eduardo ficou sem entender.
— O que foi?
— Vou lhe contar uma coisa. Mas você vai prometer não falar para ninguém! Muito menos para Aline.
Eduardo apenas assentiu.
— Não fui eu. — Leo não olhou para Eduardo. — Na hora que que ele foi atingido, eu ainda estava me preparando para lançar uma descarga contra ele, mas não lancei.
Eduardo fez cara de choque.
— Você quer dizer que...
— Sim. Foi ela...
— Mas você tem certeza?
— Minhas descargas podem ser lançadas em qualquer direção. Vertical ou horizontal. Mas eu estava em pé, de igual para igual a Marcos. A descarga só poderia atingi-lo em direção horizontal.
— E o raio de Aline o atingiu em vertical. Até porque as descargas dela só podem vir do céu...
— Nem mesmo ela sabe disso. Por isso não deve saber que ela foi a responsável por uma morte. — Agora sim Leo olhou nos olhos do irmão.
Eduardo consertou a postura da coluna.
— Tem certeza que quer assumir a culpa?
— Tenho...
— Como quiser. Não cabe a mim decidir isso.
***
Davy abandonou a partida. Alguém morrera e o jogo não era capaz de fazer esquecer daquela morte horrível, nem ao menos por alguns míseros minutos. A última vez que alguém supostamente morrera na sua frente foi quando ele e os amigos foram atacados pela primeira vez e trancaram os mutantes num buraco negro. Mas eles não sabiam se estavam realmente mortos e dessa vez foi mais impactante. Bem mais.
Foi um modo horrível de se encerrar uma vida. Pior ainda porque na hora Davy pode sentir a alma abandonando o corpo. Para onde ele foi, Davy nem ousou se perguntar.
— Estou indo no velório, Davy. — disse Marta com um tom de voz calmo
— Certo, mãe. — Respondeu Davy. — Qualquer coisa me liga. Eu tenho medo da família de Marcos querer vingança.
Marta parou de passar o protetor solar no rosto e se aproximou do filho.
— Sabe, Davy. Eu conversei com a mãe de Marcos ontem. Claro que foi depois que ela se acalmou. Ela não culpa a Liga, ou seja lá como vocês se chamam.
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Rádio (em processo de revisão)
FantasyUm garoto de 16 anos é exposto à uma explosão, que ao invés de lhe matar, lhe dá poderes radioativos. Agora, após a cidade passar a receber ataques de mutantes constantemente, Hugo e os amigos precisam proteger as pessoas ao seu redor.