12 - Em crise

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Quinta, 20 de outubro de 2005. 02:42 a.m.

Joana se angustiava mais ainda com a ideia de alterar o DNA de Hugo a cada dia que passava. Em especial naquela madrugada de insônia, em que faltavam horas para o próprio marido injetar Sigma 12 no sangue de Hugo. Ainda era uma incógnita o porquê de Hugo ter sido o escolhido para o teste.

A porta do quarto de Hugo estava aberta pois o menininho não gostava de dormir sozinho. Talvez a porta aberta do quarto que ficava em frente ao dos pais lhe desse mais segurança, mas lá no fundo, Joana é quem sentia medo de algo acontecer a Hugo sem ela perceber. O pior de tudo, é que a coisa mais horrível que pudesse acontecer a um filho seria feito na frente de Joana, de certo modo com a contribuição dela.

***

08:15 a.m.

Após finalmente conseguir dormir, joana sentiu uma mão no seu ombro lhe balançando levemente.

— Jô! Acorda! — Era a voz de Alberto. — Já dei banho em Hugo, ele e eu já estamos prontos. Só falta você.

Joana sentou-se atordoada por não ter dormido direito. Uma noite como essa para uma mulher grávida não era nada saudável.

— Alberto, melhor não fazer isso hoje!

Alberto sentou-se na cama enquanto dobrava as mangas da camisa social.

— Porque?

— Fui ver Hugo no quarto de madrugada. Ele tinha uma ponta de febre e parecia desconfortável. — Mentiu. — Isso pode atrapalhar no procedimento. Não vou por a vida do meu filho em risco mais ainda.

Alberto assentiu. Pareceu acreditar, afinal, Hugo não era a criança mais saudável do mundo.

— Está com medo, não é?

— É óbvio. — Falou secamente.

Alberto olhou para os lados querendo disfarçar a raiva por ter que adiar seus planos.

— E caio? — Perguntou querendo disfarçar o clima. — Como ele está? Tá quase na hora de conhecer o papai. — disse enquanto passava as mãos sobre a barriga de Joana

— Ele está bem. Passou a noite toda chutando, mas está bem.

— A noite toda? — Ele deu um sorriso bobo. — Você não dorme, meninão?

Joana se perguntou se o amor que ele tinha pelos filhos era de verdade mesmo. Se ela não cortasse as asinhas de Alberto ele mataria Hugo e talvez fizesse o mesmo com Caio.

— Eu vou para o IPEC hoje a noite. Só para ver pessoalmente como andam os trabalhos e as pesquisas.

— Certo. — Alberto provavelmente nem desconfiava que Joana tinha segundas intenções. — A que horas você quer ir? Vou pedir para alguém vir te buscar.

— Assim que anoitecer eu já quero estar lá. — Respondeu. — Acredito ter perdido muita coisa desde que me obrigou a ficar de licença maternidade.

— As cinco e meia um guarda vai vir te buscar então. — Ele apertou a gravata azul. — Se sentir alguma coisa ou Caio decidir vir antes da hora ligue para mim.

— Tá bom.

***

Alberto acelerou o carro em direção ao deserto fim da rua. Ela fechou a porta e suspirou por Caio estar um pouco acima do peso. Olívia chegara há algumas semanas e era uma baita ajuda para ela.

Rádio (em processo de revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora