Raios e trovões atrapalhavam o sono da tarde de Aline. Mesmo tendo a capacidade de fazer o sol raiar lá fora ela não o fez. Achava que mudar a atuação da natureza para satisfazer suas próprias vontades era muito sem noção. E também, o friozinho era ótimo para pegar o edredom mais grosso e dormir, apenas dormir.
Talvez o barulho da chuva não fosse o principal motivo para atrapalhar sua soneca. Desde que Hugo descobrira que Jacó também era um mutante os dias ficaram mais tensos. A campainha tocou e ela tentou ignorar, pois ela era a única que estava em casa e sair da cama até a porta seria um sacrifício. Mas quando o carteiro gritou ela logo se interessou em ir.
— ENCOMENDA!
Que tipo de carteiro faz entregas no meio de uma tempestade? A situação do país quanto a segurança dos seus trabalhadores não poderia estar tão ruim assim, poderia?
Como o quarto dela ficava no final do corredor, ela demorou um pouco para chegar até a porta, mas não foi tão ruim assim. Provavelmente a capacidade de controlar o tempo tirou um pouco a vulnerabilidade ao frio.
A maçaneta da porta estava gelada, mas nada que incomodasse tanto. O carteiro trajava uma roupa diferente. Geralmente a roupa era amarela e azul. Aquele homem na porta de Aline estava usando uma roupa preta e amarela, mas ela nem ligou. Até achou mais bonita que a original.
— Encomenda para Aline Xavier.
— Sou eu.
— Certo. — O carteiro pegou uma prancheta com uma caneta e estendeu a Aline. — Assina aqui, por favor.
Aline assinou apreensiva. Não tinha feito nenhuma encomenda e se seu pai tivesse mandado algo teria avisado antes. Mas ele poderia fazer uma surpresa, quem sabe. Afinal, o aniversário de Aline estava próximo.
Entregou a prancheta ao carteiro e ele lhe entregou uma caixa. Nela tinha um papel preso com adesivo de coração. Achou aquilo mais psicopático que fofo.
Ficou surpresa quando leu a carta e percebeu que o remetente na verdade não era seu namorado, e sim Clara, a mulher responsável pela maior reviravolta de sua vida.
— O que essa maluca que me enviando presentes?
Quando abriu, não entendeu o porquê de ter uma roupa preta, com capa branca. Mas logo se tocou. Era sua roupa pra batalhas. Mas como...
— Os outros tem que saber disso! —Pegou o celular e ligou para os amigos.
Hugo atendeu e Aline nem soube o que falar quando viu Hugo com uma máscara cobrindo a boca e o nariz.
— O que?... — Achou melhor nem terminar a pergunta.
— Ah, eu posso explicar! Eu recebi uma caixa e isso tava dentro. Foi a desgraçada da Clara quem enviou.
— Ela também me enviou! — Ela falava com ódio na voz. — São nossas roupas de batalha!
— Roupas de batalha? Vocês também receberam? — Olímpio apareceu na tela.
— Você também?! — Exclamou Aline!
— A Clara nos grampeou. — Afirmou Hugo. — Lembram que eu cogitei usar roupas de heróis?
— Ela está nos fazendo de trouxas! — Aline andava de um lado para o outro da sala.
Raquel e Davy apareceram na ligação quase ao mesmo tempo. Inclusive, Davy estava com um gorro preto, que provavelmente era seu traje.
— Oi! Olha isso que eu recebi! — disse Davy puxando o gorro.
— Vamos se encontrar! — disse Aline — Urgente!
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Rádio (em processo de revisão)
FantasíaUm garoto de 16 anos é exposto à uma explosão, que ao invés de lhe matar, lhe dá poderes radioativos. Agora, após a cidade passar a receber ataques de mutantes constantemente, Hugo e os amigos precisam proteger as pessoas ao seu redor.