14

1K 74 4
                                        

THÉO

Eu não devia ter forçado a barra...
- Você apenas tentou Théo. Ela precisa de alguem que a coloque no limite ou ela nunca vai evoluir.
Karina a sua psicologa martelava na minha cabeça enquanto eu acariciava sua mão gelada no leito do hospital.
Quando passou mais que 5 minutos desmaiada a coloquei no carro e a trouxe imediatamente.
- Eu poderia ter....
Karina pegou sua bolsa, sem nem mesmo me esperar acabar.
- Você fez o que achou que deveria, e fez o certo. Não se culpe. Ela esta numa linha de acontecimentos ruins.. Eu já tinha dito que assim que seus limites fosse colocados na margem, o panico poderia surgir. Se acalme Théo, ela acorda amanhã assim que os medicamentos perderem o efeito.
Assenti. Meu jaleco estava incomodando, a muito tempo não o vestia, mas seu seguro disponibilizava um cuidador particular, de fora ou do hospital... Então eu resolvi ficar. Não suportaria passar a noite sem saber dela.
Acariciei seu rosto liso e macio, e  seguida sua mão frágil. Meu coração bateu forte no peito e eu já sabia que não teria volta. Eu nunca mais a largaria pra nada.

As 5 da manhã ela despertou. E me olhou engolindo a seco.
- Respire fundo linda... Se sente bem?
Perguntei me aproximando devagar.
Ela assentiu e pegou a minha mao assim que cheguei perto o suficiente.
- Me perdoa...
Disse rouca e eu sorri pra ela me abaixando e a dando um beijo na testa. Ela me puxou e eu a abracei cuidando pra não relar no braço do soro.
- Não peça desculpas quando eu sou o único errado. Me desculpe ter forçado a barra...
Seu suspiro alto me fez afastar e pegar um copo com água.
- Bebe um pouquinho.
Ela chupou pelo canudinho alguns goles e depois afastou.
- Preciso muito ir ao banheiro...
Assenti e sorri.
- Vou tirar seu acesso. Sua alta esta assinada, e já podemos ir pra casa. Só te trouxe por precaução.
Ela assentiu e eu fiz meu trabalho de tirar tudo e fazer um curativo. A peguei nos bracos depois e a levei ate o banheiro.
A ajudei com suas roupas e logo estávamos indo pra casa.
- Seu checkup vai ser feito amanhã... Seu médico achou melhor você repousar totalmente hoje o dia todo e ter uma boa noite de sono.
Ela assentiu apenas, ela olhava tudo da janela do carro, e quando para vamos em sinais eu sentia ela se encolher e abaixar a cabeça. Isso ia ser mais difícil do que eu estava pensando.
- Não quero repousar, quero ir pro ateliê hoje.
Sorri, assentindo.
- Hoje a senhora só sai do quarto por decreto...
Ela fez careta, e emburradas fez um bico grande. Seu humor não estava lá essas coisas...
- Pensa pelo lado bom... Théo cheiroso e beijoqueiro ao seu dispor.
Ela riu e logo depois gargalhou, assim que seus olhos lacrimejaram e o ar faltou ela cessou e respirou fundo para se acalmar.
- Você é lindo Théo.
Ela disse e eu parei o carro no estacionamento da padaria mais famosa da cidade.
- Sou mesmo, e estou indo comprar as melhores rosquinhas de canela que já viu.
Não desliguei o carro e mantive o ar ligado. O calor estava de matar e ela com um casaco.
- Você é a coisa mais linda desse mundo todo... Preciso que me ajude a te ajudar.
Eu disse segurando uma mão sua e ela assentiu desviando os olhos dos meus.
- Promete ter paciência comigo?
Perguntou baixinho e eu peguei seu queixo trazendo sua boca ate a minha. A beijei bem devagar, até ter suas mãos abraçando meu pescoço e me puxando com mais força pra ela.
- Você me deixa bêbada...
Sorri mordendo seu lábio e a dei um selinho.
- Vou ali e já volto...
Assentiu linda com o rosto corado e eu desabotuei seu paletó e joguei no banco de trás.
- Primeira lição do dia... Não se esconda. Eu amo seu corpo. E não gostei que mandou Diana doar seus vestidos. Quero te ver desfilar em cada um deles pra mim muito em breve... De preferência nua por baixo.
Sai do carro sem esperar uma resposta sua e só vi seu rostinho lindo e branco de branca de neve pelo vidro do carro me olhando com a boca aberta. Eu também sei ser espertinho linda do Théo...
Entrei na padaria recebendo olhares furtivos das atendentes. Eu amava de paixão comer aqui, uma pena ser tão pobre de ética profissional todas as funcionárias, por isso sempre comprava e comia no quarto da pensão onde ficava.
- Quero 9 rosquinhas de canela, uma broa, e essa maravilha com banana caramelizada.
Disse ao atendente que eu sempre ia direto.
- Claro, só um minuto.
Ele me disse e quando passou pelas meninas estalou os dedos ditando alguma ordem. Ele provavelmente era o chefe.
- Você para a minha padaria cara, traga uma namorada logo, ou vão acabar furando seu corpo com os olhos.
Eu ri pegando os pacotes e lhe passando o dinheiro.
- Ela esta no carro, a guardo a 7 chaves.
O homem sorriu pra mim e eu sai dali rápido. Antes mesmo de dar 5 passos fora do estabelecimento alguém me chamou e assim que me virei um papel foi colocado no bolso da minha camisa e a mulher beijou o canto da minha boca.
- Ei, não faça isso...
Disse olhando para o carro logo a frente onde Mariana me olhava raivosa.
- Minha garota não gostou.
Apontei para o carro e a loira maluca fez uma careta se virando.
- Trágico... Mais um fora da rede.
Resmungou já caminhando pra longe de mim.
- Ótimo, agora eu que lute...
Falei comigo mesmo caminhando para o carro onde a minha pequena diaba me olhava fulminante.

MARIANA

Isso não aconteceu. Vadias, isso que aquelas atendentes são... Grandes vadias.
Théo primeiro abriu a porta de trás do carro colocou alguns pacotes e só então veio pra se sentar do meu lado. Ele me olhou fazendo careta e eu cruzei os braços me virando pra janela.
- Não Mari, viu como aquelas mulheres são loucas... Não tive culpa, fui pego desprevinido.
Rugi me virando pra ele e o peguei pelo colarinho da camisa.
- Vadias, é o que elas são...
Rugi e Théo me olhou espantado.
- Quem manda ser assim?
Ele engoliu a seco e eu quis rir da minha loucura.
- Assim como Mari?
Perguntou baixinho e mordi meu lábio, a covinha ali evidente e eu só queria morder.
- Assim, lindo. Pra que tudo isso?
Théo riu e veio me beijar, o afastei ainda agarrando seu colarinho e me arrumei no banco.
- Nada de beijo com gosto de barata voadora. Escove muito esses dentes e lave essa cara linda com covinhas.
- Poxa Mari, nem teve beijo nenhum, ela mal encostou em mim... Vai, só da um beijinho aqui no Théo?
Sorri contida. Ela sabia ser fofo. Isso ele era um fofo galanteador.
- Vamos pra casa Théo...
O clima já estava bom novamente.
O restante do dia chato passou lentamente. Nada de fisioterapia, nada de atelie, nada de passeio pelo jardim, nada, nada e nada.
As crianças passaram o dia na cama comigo comendo porcaria e vendo desenho. Théo aparecia vez ou outra com alguns remédios e eu os tomava com água. Só no fim da tarde apareceu pra realmente ficar e deitar abraçadinho comigo. O que rendeu ciumes de Natalie que já o amava.
- Tenho 2 braços enormes. Um cabe a mamãe e outro meus dois soldados de guerra.
Natalie resmungu nao ser soldado e sim princesa, e se aconchegou, Felipe agarrou Théo também então só o fizemos de colchão.
Até no outro dia de manhã, eu acordar e dar de cara com um Matteo nos olhando com uma cara de assassino...

#stayhome

NOS MEUS BRAÇOS Onde histórias criam vida. Descubra agora