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3 meses depois

O meu ateliê estava uma verdadeira zona, mas uma zona organizada e que eu conseguia me situar ali no meio. As vezes eu paro e olho e dou risada de nervoso mas é o que eu tenho para hoje. Lavo minha mão mais uma vez no lavabo, e volto ao décimo oitavo quadro que pinto em 2 meses. Ele era o único que eu não venderia por nada, mas seria a estrela do leilão, a face de Théo com a expressao que mais sou apaixonada, aquela carranca brava que sempre me deixa louca. Eu ficava horas ali, e desde que falei que pintava um quadro exclusivo ninguém entrava ali sem antes bater na porta e eu o esconder a sete chaves. Pra falar que ninguem nao viu Natalie e Felipe, numa tarde chuvosa resolveram ficar comigo enquanto Diana ia ao mercado.
O toque na porta me fez sorrir após olhar no relógio. Estava esperando esse momento...
Depositei o pincel e o gode ja quase vazio no balcão, e virei o quadro para a parede.
- Pode entrar...
Disse alto afastando algumas coisas que deixava a minha volta para facilitar minha saida dali.
Forte e sem camisa veio ele exibindo os músculos malhados que estavam cada vez mais marcados pela academia que ele voltou a fazer e as corridas matinais.
- Hummmmm....
Gemi mordendo o lábio.  Ele estava só o pecado.
- Hora do nosso horario de fiosioterapia linda.
Sorri e ele se aproximou pegando a minha mao e me apoiando fiquei em pé na sua altura. O primeiro lugar onde ele agarrou foi minha bunda. E em seguida minha boca.
Théo é um pervertido. Na verdade tem se tornado.... E como é gostoso.
- Você precisa parar com isso...
Eu disse ofegante por ele ter me beijado por tanto tempo e quase me mata sem ar. Ri e ele me agarrou pelas pernas me levando ate a casa, me ajudou com a roupa, que ele sempre escolhe as mais frescas e eu amo.
A sala que montamos a fisioterapia era toda clara, paredes de vidro e o sol entrava ali deixando com ar de área externa. Daqui se via o lago, eu via muitas vezes as crianças correndo, e claro... Ao mesmo tempo que eu amava os ver se divertirem tanto, meu coração dói por eu nao poder estar lá correndo atrás.
-Certo. Agora nós vamos fazer uma coisa que eu estou estudando a 2 semanas.
Disse se afastando e trazendo duas barras e colocando em cima do tatame.
- Você tem feito um grande progresso ao movimentar as pernas. Que tal a gente tentar alguns passos sem a esteira?
Me assutei e deixei cair a bola do sorvete que a gente dividia.
- Sera que vou conseguir?
Théo gargalhou e passando a mão no sorvete no chão veio e espalhou no meu pescoço.
- Voce vai botar essas pernas pra funcionar... Igual aquele dia, sabe?
Disse lambendo meu pescoço, gemi e o empurrei o fazendo rir.
- Você ta um tarado.
- Vamos lá linda.
Me desceu da maca, e me colocou com os pés no chão no meio da barra.
- Quero que use a força dos braços,  e qualquer dor, desequilibrio quero que se segure em mim  eu vou estar aqui pra voce o tempo todo.
Assenti nervosa, a pouco mais de 2 meses começamos a trabalhar em ficar em pé e mover os pés de um lado a outro, depois fomos pra esteira,  e agora vamos começar sozinha, eu não tinha moleza com aquele homem. Eu ficava por poucos minutos em pé, as vezes muito mais as vezes menos. Meu equilibrio ja não é o mesmo, e vez ou outra precisava daqueles braços fortes.
- Esta preparada?
Ele perguntou baixinho ainda me segurando por tras, ja tinha colocado as talas na minha perna que me ajudava a ficar mais equilibrada e dobrar menos as pernas. Assenti e agarrei as barras com força, eu e ele malhamos todos os dias ele me ajuda em todos os exercicios e torna tudo melhor, meus braços tem musculos hoje que eu nunca tive
- Vamos lá linda...
Disse e me soltou, engoli a seco e de olhos fechados pensando apenas nas minhas pernas se movendo eu arrastei o pé um pouco para frente apoiei com mais força na barra e em seguida o outro e assim fui ate o fim do trajeto que ele tinha feito e me virei pra ele sorrindo.
Ele aplaudiu e veio ate mim me abraçando apertado. Meus olhos transbordaram felicidade e eu chorei ali. Nunca poderia pensar em fazer isso meses atrás, hoje eu, graças a ajuda e persistencia de Théo estava cada vez melhor.
- Eu consegui...
Sussurrei no nosso abraço e ele me pegou no colo se sentando na poltrona perto da janela abraçando todo o meu corpo apertado.
-Eu sabia que você faria isso, mais cedo ou mais tarde...
Sussurrou baixinho e limpou minhas lagrimas fazendo que eu olhasse seus olhos molhados. Ele compartilhava comigo os mesmos sentimentos. Era ele por mim e eu por ele...
-Eu estava ansioso por isso, mas agora estou me sentindo inútil...
Disse assim que beijei seu rosto limpando suas lagrimas também.
- Amo que esteja usando as pernas... Mas amo carregar você,  amo ter minhas mãos sempre em você, e amo que precise de mim...
Gargalhei feliz me virando em seus braços tendo sua ajuda para sentar de frente pra ele.
- Quero sempre suas mãos em mim, quero sempre que me carregue... Que me ajude... E também...
Suspirei fechando os olhos. Eu queria muito fazer com que aquele homem se casasse comigo. Mas estava um pouco insegura se ele realmente queria dar esse passo.
-Também...
Falou baixinho me induzindo a continuar. Acariciei seu rosto, seu cabelo e dei um leve beijo nos seus lábios e sorri o olhando.
-Théo,  casa comigo?
Seus olhos se arregalaram e num rompante agarrou meu corpo me apertando tão forte e então em seguida me deu um tapa na bunda e logo uma carícia.
-Bruxa maluca...
Rugiu beijando meu pescoço e então puxei seus cabelos fazendo que me olhasse nos olhos.
- Isso é bom ou ruim?
Ele gargalhou, e por fim beijou meus labios.
- Isso é o céu vida...
Disse olhando nos meus olhos. E então me assustei tendo minha bunda mais uma vez estapeada.
- Filha de uma boa mãe... Estragou meus planos de hoje a noite,  e pegou o meu lugar de homem romântico que pede em casamento.
Gargalhei alto jogando meu corpo pra trás  tendo suas mãos me segurando.
-Você me atropelou feito um trator mulher...
Mais um tapa e então eu gemi quando agarrou minha bunda me esfregando nele.
- Eu aceito me casar com você, mas a historia que vamos contar pra todo mundo é que eu quem te pedi em casamento sua maluca...
Gargalhei mais uma vez e então ele esticou a mão no bolso do jaleco que ele não colocou hoje e tirou uma caixa vermelha em veludo.
-Abre, apressadinha...
Disse baixinho, até os olhos dele sorriam.
Abri a caixinha e então soltei um grito. Duas alianças douradas ali, juntinhas... Uma minha e a outra dele... Nossa!
Afoita agarrei sua mão colocando a aliança maior, não no dedo de noivado mas ja na de casado.
-Nao é nessa m...
Rugi beijando seus lábios de leve mas o impedindo de falar.
-Mas é aqui que vai ficar...
Disse baixo mordendo seus lábios e ganhei uma agarrada gostosa na bunda. Eu me sinto maravilhada estando com ele, como nunca me senti na vida. Ele me endeusa na cama e fora dela, ele me fez ter a vida sexual e amorosa que sempre desejei.
E o melhor de tudo.... Eu me sinto amada! Me sinto romântica... coisa que em toda a minha vida não me senti.
- Vai casar comigo.
Ele afirmou beijando de leve meus lábios.
-Vou...
Sussurrei e acariciei sua barba por fazer que o deixava mais quente que o normal.
- Na igreja?
Ri, e ele me acompanhou.
- Na capela mais alta que tiver aqui. E eu vou entrar andando.
Ele assentiu beijando mais uma vez minha boca.
-Natalie e Felipe atrás carregando as alianças.
Rimos juntos. Eu me sentia numa bolha onde nada podia nos afetar. Eramos só nos dois ali.
- Então vamos continuar a fisio. Pra andar ate mim sozinha vai ter que treinar.
Disse me girando de volta pra barra.
- E nao esqueça,  você nunca me pediu em casamento sua encrenqueira.
Continuei as passadas gargalhando e me sentindo mais leve que qualquer outro dia.

Assim que entrei no quarto para um banho Diana veio logo atras.
- Precisa de ajuda?
Perguntou vindo comigo para o banheiro. Rimos juntas sabendo que eu ja tomava banho sozinha a alguns meses.
- Eu preciso de ajuda.
Disse baixinho se abaixando e apoiando a cabeça no meu colo. Como eu sempre fazia com ela quando criança.
- O que aconteceu Di?
Perguntei preocupada acariciando seus cabelos ruivos indomados como a dona.
- Eu amo você, você sabe disso... E aqui tem tanto espaço,  queria pedir um pedacinho pra trazer 2 pessoas.
Ri ja entendendo tudo. Ela e Afonso ficavam indo e voltando varias vezes por semana, e eu queria que eles se estabilizassem.
- Você tem total autonomia sobre essa casa irmã.  Ela é a nossa casa desde sempre, não precisa nunca da minha permissão pra nada.
Ela me olha sorrindo.
- Vou propor aquele turrão que venha morar comigo. Eu morro de saudade dele, da Liz então...
Seus olhos enchem de água ao falar da princesinha.
- Acho que deveria pedir aquele homem em casamento.
Ri e ela enchugou o rosto.
- Ele acaba com a minha bunda se eu fizer isso.
Gargalhamos minha irmã era uma pervertida.
-Eu amo você, e quando conversamos sobre você ir morar com Afonso no Brasil, mantenho minha palavra. Quero a sua felicidade e não quero nunca ser impedimento pra seguir sua vi...
- Você não é impedimento. O problema não é você Mari. Sou eu. Nunca vou me sentir bem dividida, e Afonso sabe disso. Ele me aceitou assim, e por isso sou tão apaixonada naquele homem.
Eu entendia Diana, faria por ela a mesma coisa sem pensar duas vezes.
- Montauk tem crescido demais. Temos um hospital muito bem equipado em alguns quilometros, escolas... Não ficamos longe de Nova York.
Ela assentiu.
-Quero estar com você,  nunca estivemos juntas Mari. Quero ter minha irmã comigo.
-Você me tem. Minha única família,  sempre vai estar comigo. Seja lá qual for sua decisão.  Ir ou ficar.
Ela assentiu e se levantou.
- Vê se lava essa bunda direito. Vou fazer uma bolsa pequena pra uma visita no Brasil, com Afonso por perto eu quase nunca uso roupas.
Disse caminhando e eu gargalhei.
- Vai lá mulher não virgem.
Minha irmã riu e parou na porta.
- Vou voltar de mala e cuia, com um homem e uma mocinha linda que me chama de mamãe e que eu amo como filha.
Assenti.
-Volta logo então.
E ela se foi.

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