Quarta página

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    15 de Fevereiro de 2020

   Querido Diário, 

      Meus dias na escola estão sendo bem legais e eu até aprendi a desenhar um dinossauro bem legal, a Cleo pediu para os titios que mudassem ela para a minha sala e estamos juntos agora. 

       Ontem o vovô e eu fizemos biscoitos de tartarugas e Lois comeu a metade deles enquanto descansavam na bancada, por isso que o papai fica bravo quando ela está dentro de casa. Lois é muito agitada e está sempre pulando em tudo ou fazendo bagunças na cozinha e na sala, ela é muito brincalhona.

      Falando nos meus papais, eles gostaram quando eu disse que agora tinha muitos amiguinhos, mas agora eles não brincam mais comigo já que estão sempre ocupados. Eu sinto falta de quando nós saíamos juntos e brincavamos o dia inteiros nos parques ou fazíamos cabanas na sala, por que não podemos mais fazer isso todos os dias? 

      Um dia eu entenderei os adultos. Tchau, diário do Miles.

      

     Fecho meu diário e esfrego os olhos, eu estou muito cansado, mas pelos menos é sábado. Será que nós vamos poder sair hoje?

     Me levanto e corro pra fora do meu quarto, desço as escadas e corro pra cozinha, animado. Encontro meu pai comendo, mas ele usa seu terno de trabalho.

       — Vamos todos ficar em casa hoje, certo? — Pergunto para ele e os olhos do meu pai desviam do celular por um segundo, mas voltam pra ele.

       — Sabe que preciso trabalhar, filho. — Ele diz e bebe do seu café, cruzou os braços ficando emburrado.

       — Mas todo dia você trabalha, nunca fica com o papai e eu, não joga mais cartas com o vovô e nem brinca com a Lois. — Digo e olho para baixo soltando toda à minha frustração. — Você tem que parar de trabalhar pra sempre, pai! — Eu digo e o olho.

       Ele ri e bagunça o meu cabelo e volta à mexer no celular, por que meu pai nunca me leva a sério? Eu quero que ele fique em casa pra sempre, para nós brincarmos todos os dias. Faço bico e sinto lágrimas caírem dos meus olhos, meu pai me olha e larga o celular.

      — Hey, o que há, pequeno? — Ele me pega colocando em seu colo e fungo limpando as lágrimas.

     — Por que você nunca tem tempo pra mim? A gente brincava todos os dias e agora eu quase não te vejo mais, pai. — Digo choroso, enquanto limpo as lágrimas que continuam caindo dos meus olhos. — Você precisa de outro trabalho, um que deixe você ficar as vezes comigo e com o papai.

   

      Após o meu pedido, ele fica em silêncio enquanto esfrego os olhos esperando um resposta. Após um longo suspiro dele, um sorriso aparece em sua boca e eu sorrio mesmo sem saber a resposta.

      — Podemos ir ao parque amanhã, eu, você, o papai, o vovô e a Lois. — Meu pai me diz e sorrio assentindo e abraçando ele. 

      — Obrigado pai, os meus papais são os melhores do mundo todo. — Digo e ele se levanta comigo e me ergue pra cima.

      — E juntos somos como transformers. — Ele diz e eu rio.

      — Um avião bem rápido, ziuum. — Estico as mãos pra frente e ele corre seguindo minha direção, rio fingindo que desviamos de zumbis da lua, mas o seu celular toca e ele me coloca no chão.

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