Quinta página

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     16 de Fevereiro de 2020.

  Querido diário,

    Vamos fazer um piquenique no parque e eu estou muito feliz, não fazemos isso a tanto tempo que nem lembro mais como é o parquinho.

    Lois e eu estamos muito animados, gostamos de correr juntos e tomar sorvete no fim da tarde. Além de brincar com Lois, tem brinquedos no parque e outras crianças, é legal brincar com outras crianças.

     Agora o papai está me chamando e eu vou ter que me despedir, mas deixo aqui que hoje vai ser O MELHOR DIA DE TODOS. 

     Tchau, diário do Miles.

   

    Fecho o diário e coloco debaixo da cama. Corro até a escada e seguro no corrimão, descendo. Vou até a cozinha e sorrio vendo meu pai fechar o cooler. 

      — Está pronto, filho? — Ele me pergunta e assinto.

      — Mi, o vovô e a Lois está esperando no carro. — Papai diz carregando uma grande bolsa térmica.

      — Eba! — Grito correndo até o carro e encontrando o vovô tentando segurar a Lois, rio ajudando ele ao entrar no carro. — Lois, tem que se comportar. 

    Ela se acalma e logo os meus papais chegam no carro e guardam o resto das coisas, partimos para o parquinho, vai ser incrível!

   …

     

     — Eu quero mais um sanduíche! — Peço e pisco para Lois.

      — Você ou a Lois? — Meu pai ri deitando na toalha de piquenique estendida no chão.

     — Mas ela também sente fome, direitos iguais para todos! — Cruzo os braços fazendo bico e o vovô bagunça o meu cabelo.

      — Ela já comeu muita ração hoje, Miles. — Ele me diz e suspiro me levantando e olhando para os brinquedos.

     Fico empolgado, corro até eles e Lois vem atrás de mim. Ela fica me seguindo enquanto vou brincando no balanço, no gira gira, no castelinho, na areia. E então eu me lembro do porquê estarmos aqui.

      Meus papais nunca ficam comigo por um dia inteiro, na verdade, desde que meus papais mudaram de emprego, nós nunca ficamos todos juntos. Me levanto da grande caixa de areia, deixando Lois cavando lá e corro até a minha família.

      — Gente, vamos brincar de pega-pega? — Grito animado e o papai sorri comigo.

      — Eu topo! — Ele diz se levantando. — Pai? Frank?

       — Eu passo, vovô tá velho e alguém precisa ficar de olho aqui. Posso ver vocês brincando. — O vovô diz e olho para meu pai.

       — Ah, tudo bem, vamos brincar. — Ele diz se levantando também e pulo de alegria.

    Começo encostando no papai e correndo, meu pai corre junto e começamos a rir, mas logo ele é pego e eu me afasto correndo. Lois começa a brincar com a gente e faz eu ser pego, tento pegar um dos meus papais e acabo tropeçando e começo a rir muito, eles também. Me levanto levanto ainda rindo e aceno para o vovô, que acena de volta.

      Hoje é o melhor dia de todos, estamos todos juntos e ainda nos divertindo, eu queria que fosse assim pra sempre. 

     — Quem quer sorvete? — Meu pai pergunta e eu e o papai gritamos “eu” em uníssono.

    Nós brincamos pelo resto da tarde e depois voltamos pra casa por estar ficando tarde. Lois parece finalmente cansada, eu também, nunca gastei tanto minhas pernas assim.

     Para o jantar ainda pedimos pizza e o vovô conta histórias de aventura para nós, são as melhores histórias do mundo todo. Mas chega meu horário de dormir e choramingo pedindo pra ficar mais com eles.

     — Só mais um pouquinho, papais. — Peço já com o pijama vestido. — Uma história antes de dormir, por favorzinho.

    — Tudo bem, podemos contar uma história, certo, amor? —  Meu pai pergunta pro papai e ele assente.

    — Ebaa! — Sorrio e corro até a minha cama. 

    Me deito e me cubro, meu papai ajeita a minha coberta e senta na cama, enquanto meu pai se senta na cadeira. Espero pela história, eles se olham por um breve momento e logo voltam à olhar pra mim.

     — Que história quer que contemos? — Papai pergunta.

    — Princesa Purple! — Grito e eles riem.

    — Eu começo. — Meu pai diz se ajeitando na cadeira. — Princesa Purple, a princesa mais aventureira de todas, herdeira legítima de Colorland. Era dia do baile real, todos da realeza iriam comemorar o nascimento do segundo filho do rei, o novo irmão caçula da princesa. Green, melhor amiga da princesa, estava animada com tudo isso, e ainda mais por planejar usar os brincos que sua melhor amiga lhe deu de aniversário.

     — A noite então começou animada, todos felizes com a grande festa no salão. — Papai continua. — Mas Green ficou desesperada ao perceber que seus brincos tinham desaparecido, por isso disse à sua melhor amiga que não poderia mais ir ao baile. — Enquanto ele conta, tento evitar que meus olhos fechem.

    — E a Princesa Purple ajudou sua amiga, procurou os brincos por toda a festa, só não esperavam por estar com nada mais, nada menos do que a própria tia da Princesa, Medusa. — Meu pai termina e pisco algumas vezes associando tudo que eles disseram, o sono me atingindo em cheio.

    — Elas terminaram a noite felizes? — Pergunto sonolento.

    — Sim, a tia inventou uma desculpa ruim e devolveu os brincos. A festa foi maneira. — Meu pai diz e sorrio. — Boa noite, filho. — Ele vem até mim e beija minha testa.

    — Boa noite, filho. — Papai também beija minha testa e sorri. 

    — Boa noite, papais. — Respondo sorrindo e fecho os olhos.

   Hoje foi o melhor dia de todos.

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