Terceira Página

85 9 12
                                    

    7 de Fevereiro de 2020.

   Querido diário,

     Todos dizem que tenho que ir à escola, mas eu odeio ali! Por que meus papais querem que eu vá para a escola? Ninguém gosta de mim lá, não deixam eu levar a Lois e nem o vovô.

      Ontem quando meu pai chegou, eu pensei que poderíamos brincar, mas depois do jantar ele e meu papai conversaram comigo sobre ir até a escola amanhã. Eu não preciso ir para a escola, eu sou inteligente e vou trabalhar como super herói quando eu crescer, não preciso de escola.

      Mas de qualquer jeito, agora vou ter que ir pra escola e vão dizer coisas ruins de novo, se você pudesse me guardar aí dentro, você me guardaria, diário?

       Talvez quando voltar de lá eu conto como foi, mas não espere chuva de bombons, talvez seja mais um dia ruim. Tchau, diário do Miles.

     

    

   Fecho e suspiro guardado meu diário, o vovô abre a porta do quarto sorrindo, diferente de mim. Cruzo os braços olhando pro chão, não quero ir para escola.

      — Não está animado hoje?

      — Vovô, eles me odeiam. — Reclamo soltando os braços e o olhando. — Por que eu não posso ficar em casa com você e Lois?

        — Todos precisam estudar, Mi. Quer que seu cérebro vire uma cenoura? — Ele pergunta e balanço a cabeça negativamente. — Então, não ligue para esses garotos e garotas malvadas, com certeza você vai encontrar alguém legal pra brincar. — O vovô bagunça meu cabelo e rio animado.

         — Será que hoje vou ter amigos, vovô? 

         — Com certeza, mandarei muitas energias positivas dessa vez. — Ele diz e me abraça, retribuo.

     Espero que eu faça muitos amigos hoje, será que vai ser um dia legal?

    Depois de me arrumar e tomar o café da manhã, meu papai me leva até à escola novamente, fico nervoso me lembrando de ontem.

      — Como você e o pai se conheceram? — Tento ficar mais calmo o olhando pelo retrovisor.

      — Bom, nós… nós nos conhecemos porque éramos da mesma escola. — O papai diz parecendo nervoso e rio.

      — O pai era um garoto muito legal? — Pergunto e dessa vez meu papai ri.

     — Seu pai era marrento, um punk! 

     — O que é punk, papai?

      — É uma pessoa rebelde, punk. — Papai diz e assinto. — Na verdade nós não nos gostávamos muito, mas meu diretor me pediu pra ajudar ele nas lições e acabamos nos aproximando e nos apaixonando.

       — O vovô deixou você namorar com o pai? 

       — Sim, ele sempre amou o Frank. — Papai sorri e eu também, olho para a janela sem mais perguntas.

      Infelizmente nós chegamos na escola e volto a ficar nervoso, lembro do meu último dia aqui e respiro fundo. Pego minha mochila e o papai sai do carro abrindo minha porta, tiro o cinto e saio. 

      — Vai ficar tudo bem, certo? — Papai diz confiante e eu abro um meio sorriso o abraçando.

        Eu me despeço e caminho em direção a entrada da escola, caminho até a minha sala e me sento na última mesa, afastado de todos. Fico com medo de olhar em volta, apenas espero a professora chegar e quando acontece, eu a olho.

       — Bom dia, alunos. — Ela diz e respondemos em coro. — Lembram do combinado de ontem? 

        Fico sem entender e todos assentem e me olham, meu coração bate mais rápido, eles vão dizer coisas ruins de novo?

        — Desculpe por ontem, Miles. — A classe diz em uníssono e eu sorrio.

       — Seus colegas pedem desculpa por terem dito coisas ruins ontem, eles ficaram de castigo e aprenderam a lição. — A professora diz e alguns assentem sorrindo.

       — Eu perdôo todos vocês! — Digo animado. — Por favor, não falem mais coisas ruins dos meus papais, eu amo eles e ficarei bravo se o fizerem. 

       — Certo, já podemos voltar à nossa programação normal? — A professor Maryan pergunta e todos acenamos positivamente com a cabeça. — Façam duplas.

      De repente muitas pessoas começam a pedir pra sentar comigo e não sei a quem escolher, fico feliz por todos eles quererem ser meus amigos. 

     O sinal toca e saímos da sala para o refeitório, pego minha lancheira e a levo comigo. Sou o último a sair da sala, quando o faço, três garotos da minha turma aparecem na minha frente me impedindo de passar e me encolho apertando a lancheira contra meu peito.

      — C-com licença, eu preciso passar. — Peço sentindo medo e eles riem.

      — Ele é bicha igual os "papais" dele. — O mais alto diz e se aproximam de mim, fecho os olhos com força.

     Me preparo pra qualquer tipo de comportamento dos garotos malvados, com certeza eles não gostaram de mim e nem vão gostar. 

       — Deixa ele em paz, seus idiotas! — Escuto a voz de uma garota e abro os olhos me virando para ela. 

       — E quem é você, baixinha? — O do cabelo laranja pergunta pra ela.

        — Eu sou a garota que vai quebrar seu nariz se não deixar meu primo em paz. — Ela cruza os braços e sorrio, Cleopatra estuda na mesma escola que eu?

       Os meninos vão embora parecendo ter medo dela e ela abre um sorriso vindo até mim, abraço ela ainda segurando meu lanche. A Cleo é minha prima de consideração já que ela é filha do meu titio Bert e do Titio Quinn. 

      — Mi, por que não bateu neles? Eles falaram mal dos seus pais. — Cleopatra me pergunta e suspiro.

      — Meus papais disseram que as coisas não se resolvem com discussões ou brigas, violência é ruim. — Respondo. — Cleo, quer lanchar comigo? 

       — Podemos juntar nossos lanches e fazer um lanchão! — Ela diz e sorrio animado.

     O dia na escola não é tão ruim como no primeiro dia, as crianças da minha sala são bem legais, bom, pelo menos a maioria delas.

  

           







       __________

     Vocês já viram uma pessoa com 21 anos, aparência de 12 e cabeça de 86? ieropotter esse título é seu, parabéns pela sua nova idade. (Não tenha medo, todos ficam velhinhos e sábios c: )

   

Diário do MilesOnde histórias criam vida. Descubra agora