1.1 - Quebra de expectativa

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LENA PDV

Depois da nossa conversa eu fui para casa, desejando que no dia seguinte as coisas entre nós ficassem melhores, um pouco menos desconfortáveis e pudéssemos de verdade, ser amigas de novo como ela pediu. Cogitei contar a meu irmão o que aconteceu, porém não tive coragem o suficiente. 

Sei lá, o conselho deu errado, eu não tinha motivos para comemorar, então para que contar?... Apenas deixei para lá, vida que segue, não é? 

Pela primeira vez, resolvi seguir o conselho da minha psicóloga e tentar. 

Ela sempre fala essas coisas sobre persistir e ter calma que uma hora as coisas sempre melhoram enquanto eu permaneço escutando sem falar nada. Acho que ela gosta de tentar me motivar ou me animar por mais que eu não ceda esse caminho fácil para ela. Enfim. 

Amanhã seria um dia melhor, pensei.

E foi exatamente no dia seguinte que a vi beijando seu namorado de novo.

Não sei como descrever aquela dor em palavras. Se tivesse como definir acho que o adjetivo seria: dilacerante. 

Aquilo doeu muito. 

Doeu como se ela estivesse enfiando uma adaga em meu coração e, ainda por cima, girasse e girasse, lentamente. Perturbador não é? Eu sei. Mas foi como eu me senti.

Doeu tanto que senti minha respiração falhar, era como se não entrasse ar pelos pulmões de tanto que o mantinha preso sem sequer perceber.

Fiquei observando a cena por um longo tempo até sair dali correndo com as pernas bambas. Bati em alguém cujo não fiquei para ver quem era e fui em direção ao meu lugar preferido da faculdade para ficar isolada. Porque era assim que eu preferia.


SAM PDV

Vi Lena correndo desesperada em direção nos corredores adentrando a sala e olhei aonde ela estava mirando antes. Franzi o cenho procurando por algo e vi Kara beijando o namorado na entrada. 

Suspirei, eu sabia da quedinha dela em Kara, por mais que ela não admitisse. Fui em sua direção para tentar conversar. 

Lena não era bem o tipo de pessoa que sabia lidar bem com as emoções.


LENA PDV

Foquei 100% na aula. Sem espaço para falar com alguém ou responder, graças a maioria das aulas serem de exatas não tínhamos trabalho em grupo o que facilitava muito as coisas para mim. 

Sai da aula e fui em direção a outra sala, esperando o professor no fundo do corredor, sozinha. Coloquei os fones de ouvidos, meu isolador social de alta performance, e observei o trânsito de pessoas de longe. Logo vi Sam se aproximar e sentar-se ao meu lado fitando-me com interesse. 

Não a encarei de volta.

— Lena — chamou e fingi não ouvir — sei que está ouvindo.

— Não — respondi seca.

— Eu sei que você gosta da Kara.

— Mentira — dei de ombros, minha voz estava amargurada — não gosto.

— Então, porque está chorando? — ela perguntou e franzi o cenho. Algumas lágrimas teimosas escorriam pelas beiradas dos olhos e me xinguei mentalmente por isso.

— Não importa, ela não quer nada comigo — murmurei.

— Você já tentou falar com ela?

— Claro que sim — respondi ainda não a mirando — quero ficar sozinha, Sam.

— Ok, mas depois eu volto  ela disse e bufei em raiva.

***

Depois das aulas passarem rapidamente de novo, observei Kara procurar alguém pela sala com o olhar. Virei as costas e fui em direção a saída.

— Lena? Lena! me espera! — ela gritou, não dei ouvidos.

Estava usando o fone, embora ele não tocasse nada usaria de desculpa. Ouvi seus passos apressados ao meu lado e não me virei, foquei a minha frente. Ela andou mais ficando na minha frente e andando pra trás.

— Pretende me ignorar, Lê? — ela perguntou e eu dei de ombros séria — está falando sério? — ela perguntou parando na rua finalmente. Apenas passei por ela a fitando e voltei a olhar meu caminho.

***

Passaram-se três dias desde que parei de falar com a Kara. Ela me mandava olhares tristes entre as aulas, ou durante elas, mas eu não dava importância. Onde eu estava com a cabeça? Óbvio que ela não iria querer a mim. olha pra mim? 

Ela estava certa final.

Mesmo em casa, eu não falava com ninguém. Nunca me senti mais sozinha. Dizem que a pior solidão é aquela em que você mesmo cercada de pessoas, se sente só. 

Finalmente entendi o que queria dizer.

***

SAD EYES - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora