0.7 - Reaproximação

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LENA

— Oi, então viu a série que eu te disse? 

— Claro - respondeu sorrindo como sempre

Por um momento parei pra pensar, sorrir demais significa que ou você é super de bem com a vida ou você vive triste. Exatamente como eu. Seria Kara tão triste como eu? 

— (...) Eu achei super divertida.

— Sim, eu gosto de assistir quando estou meio... — repensei no que dizer, eu ia falar "depressiva",  só que era desnecessária a informação de que eu tinha depressão — triste, sabe?

— Então, ontem... você estava triste? — ela perguntou. Ela havia me pegado. Assenti — por quê?

Ser questionada quase nunca me deixava desconfortável, contudo ser pressionada sim, e esse era um desses momentos. Repentinamente sinto as mãos suando frio e o coração palpitando frenético. O que eu digo? O que digo? Eu não gostava de mentir, mas...

— Lena... tá tudo bem? — ela perguntou colocando a mão sob meu ombro. Olhei para o mesmo e ela retirou me olhando confusa — Lê?

Ela não fazia de propósito. Claro. Mas ela me deixava completamente acelerada, ouvir aquele apelido fez eu arquear as sobrancelhas, ela sorriu ainda mais confusa. 

— E—está, desculpa, é... eu estava sim, é que geralmente não converso com ninguém... sobre... isso - expliquei e ela assentiu.

— Tudo bem, se você quiser me contar estou sempre aqui pra você — ela se dispôs e agradeci sorrindo com o olhar. 

Como em todas as vezes que nos encontrávamos. Nunca fingi um sorriso perto dela. Ficamos conversando mais um pouco, mesmo depois de ter acabado a aula.

— Quem sabe um dia a gente possa ver a série juntas! Vai ser incrível — aspirou animada, assenti rindo. 

Então, parei de andar ao perceber o que aquelas palavras significavam.

— Espera, isso foi um convite? - ergui uma sobrancelha.

Poucas pessoas haviam me convidado para algum lugar na vida. Digamos que não sou tão sociável e acho que deu pra perceber, né?

— Sim! claro! que tal fim de semana na minha casa? — deu a ideia e prontamente assenti — tá bem, te mando mensagem então! Tenho que ir.

Kara me abraçou calorosamente e depois foi embora, entrando no carro do namorado.

Embora eu ficasse muito triste com esse fato ainda, Kara conseguia me desarmar, todas minhas defesas viravam pó quando ela me enviava um sorriso ou simplesmente me abraçava invadindo meu espaço sem nem ligar. Eu achava isso fofo.

Suspirei. Que filha da mãe sortudo. 

***

SAD EYES - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora