2.1 - Desencontro

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LENA

- Lena me deixe explicar! ELE me beijou, eu não queria! - ela gritou, virando-me de frente para ela com uma mão - por favor, me deixa...

- Claro que não! - rosnei no meio da rua mesmo - você nem sequer levantou uma mão para empurrá-lo. Apenas me deixe em paz, não quero mais problemas.

- Não! Pare de guardar tudo pra si! Fale comigo Lena, VOCÊ PRECISA ACREDITAR... - ela insistiu.

- Não, Kara, não dá! você está me machucando! - disse apertando a mão contra o peito - se afaste de mim de uma vez por todas ao invés de me iludir nessa merda de vida! - gritei - Você não entende, não é? Eu me arrisquei, antes de você eu queria acabar com tudo, eu confiei em você... eu confiei...

Minha voz saia trêmula por mais que eu tentasse controlá-la, ela me fitava com pena, mas eu não queria a pena dela nem de ninguém. Sentia meu rosto quente, lágrimas escorriam, o choro começou a dar um nó na garganta. Limpei-a e continuei.

- As pessoas sempre me decepcionam. Eu não quero mais a sua amizade, prefiro meu mundo cinza do que o cor de rosa em que você vive.

Ela fez menção a retrucar abrindo a boca para falar alguma coisa, mas eu fui mais rápida. Não queria ouvir justificativas. Então apenas coloquei meus fones e as mãos no bolso da calça, ignorando-a completamente. Deixando-a atrás parada na calçada. 

Sozinha. Como eu também estava, de novo.

***

- Lena, deixe-me falar com você, por favor abra a porta! 

- Não, não estou bem Lex, quero ficar sozinha - gritei com a voz embargada.

- Isso foi por causa da Kara? - indagou receoso.

- Como você sabe? - indaguei limpando as lágrimas. 

Sentei-me apoiando as costas na porta, pelo barulho do outro lado acho que ele repetiu o meu ato. Abracei meus joelhos com força e deitei a cabeça na madeira da porta, puxando o ar com dificuldade. 

Fazia horas que não saía do meu quarto.

- Eu te conheço, Lena, sou seu irmão - retrucou baixinho.

- Ela disse que queria ficar comigo, mas em público ela recua. E hoje na entrada da universidade eu vi o ex namorado dela beijá-la - confessei em um suspiro.

- Você já conversou com ela?

- Eu não quero falar com ela.

***


KARA

Era péssimo não poder falar com ela, eu sentia-me tão culpada, estava tão cansada de magoá-la. Parece que sempre a magoava no final e não sabia como mudar isso, controlar minha impulsividade, isso estava me ferindo.

Porque cada vez que eu a feria eu sentia o dobro de dor, minha mente não conseguia pensar, o peito ardia como inferno e a garganta dava um nó, impossível de falar algo. Apenas quero chorar, mas não consigo e sinto o peso disso em minha respiração.

Precisava dizer que aquilo tinha sido um erro, que iríamos ficar juntas. Mas ela sequer atendia. Comecei a ficar desesperada, liguei por horas pra seu celular e ela não atendia. 

Alex disse para eu dar um tempo a ela, esperar ela se acalmar para que pudéssemos conversar. Mas o tempo esgotou quando cheguei na faculdade e não a vi.

E nem no dia seguinte.

E nem depois desse.

Meu coração estava doendo muito a cada dia que ela se ausentava, ainda mais porque eu sentia o peso se acumulando em meu peito. De alguma maneira, necessitava saber se ela estava bem, precisava abraçá-la e tê-la em meus braços de novo. 

O que foi que eu fiz? 

Minha cabeça ficava ecoando essa pergunta tantas vezes que praticamente havia virado sermão. Levantei-me da cama, decidida de que já estava na hora de agir, ninguém fica tão longe por tanto tempo. 

***

- Kara, oi o que faz aqui? - quem atendeu foi o irmão de Lena, o Lex.

- Vim visitar a Lena, ela está em casa? - indaguei um pouco mais ansiosa do que deveria.

- Não... na verdade ela disse que estava indo até seu apartamento para conversar.

- Oh, jura? - franzi o cenho, será que realmente nos desencontramos? - Ela não falou comigo estes dias - comentei tristemente, ele franziu cenho.

- Sei que estão brigadas, mas eu realmente espero que vocês ajeitem as coisas... E Kara, por favor, sei que não foi sua intenção magoá-la, mas se você não a ama, apenas a deixe ok? eu realmente me importo com minha irmã, mas o que aconteceu fez ela embargar de novo na depressão.

Levei alguns segundos para processar a frase.

- Ela... desculpe ela o quê?

- Você não sabia? -ele arregalou os olhos - ela nunca falou a vocês?

- Não, nunca comentou... - falei ainda perplexa - digo eu tinha percebido que o comportamento dela era muito fechado, mas nunca pensei que fosse...

De repente todas as peças se encaixavam como um quebra-cabeça. 

- Pois é. Bem, de qualquer forma, ela deve voltar logo, quer esperar?

***

SAD EYES - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora