1.0 - Nem tudo é história de amor

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LENA PDV

Diferente dos contos de fadas, na vida real nem tudo é uma história de amor. Às vezes, ou na maioria delas, as coisas simplesmente não acontecem ao seu favor e você precisa saber como lidar com elas. 

Claro que eu não sou idiota de acreditar que tudo é perfeito na vida, entretanto, eu sempre tinha sonhos como qualquer outra pessoa da minha idade. Eu estava esperando por um dia, um único dia na vida em que eu não quebrasse minha cara ou que os outros não a quebrassem por mim. 

E lá estava eu, errada de novo.

— O que está fazendo!? — ela disse ao quebrar o beijo e empurrando—me com força — desculpe se te passei a impressão errada Lena, mas... eu não sou gay.

Ela estava completamente surpresa, seus olhos arregalados me miravam como se esperasse que eu entendesse. Estava com a mente em outro lugar, demorou um pouco até eu finalmente assimilar aquelas palavras, eu sou tão imbecil. 

Saí as pressas do seu quarto, sem dizer mais nada. Desci as escadas com a maior rapidez enquanto algumas lágrimas caíam do meu rosto. Passei as mãos para secá-las enquanto penso "Eu jamais deveria ter ouvido meu irmão".

— Lena! Espere! Lena! — escutei Kara chamar-me atrás de mim, mas ignorei. 

Eu abri a porta para sair quando finalmente senti que ela me alcançou, puxando meu braço.

— Lê, não saia assim, por favor... — suplicou — Eu sinto muito não poder corresponder da mesma forma, mas não fica chateada comigo - seu tom era desesperado — não posso perder você!

— Não era para você me ver assim... — disse enxugando as lágrimas, fugindo do assunto, como eu sempre faço quando estou triste — deixe-me ir.

— Não, Lê! Ainda podemos ser amigas, qual o mal disso? — ela perguntou e neguei com a cabeça.

Talvez eu nunca tivesse pensado nessa parte da conversa com meu irmão. Porque eu sequer havia cogitado a possibilidade de beijá-la. Mas agora que eu o fiz e ela, como eu suspeitava, não sentia o mesmo como eu agiria agora? 

Isso era ruim. Eu não sei tomar decisões rápidas. 

— Hm, não sei se é uma boa ideia...

— Por favor, eu preciso de você — implorou fazendo um biquinho fofo inconscientemente.

Tombei a cabeça para o lado, eu podia ver pelo brilho dos olhos azuis cristalinos dela que ela estava sim desesperada e com medo de me perder. Sei que ela não estava fazendo por mal, mas ainda sim machucava não ser correspondida.

— Está bem, podemos ser amigas... — falei insegura. 

Em menos de um segundo, senti seus braços envolveram-me. Claro que correspondi o abraço, até porque Kara era a única pessoa que eu considerava tão próxima de mim quanto o meu irmão e eu não queria perder isso, essa afinidade que tínhamos. 

Mas aquela foi a primeira vez que forcei um sorriso com ela.

Bom, é aquela coisa né... estar quieta não significa estar triste, assim como estar sorrindo não significa felicidade. 

***

SAD EYES - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora