Hyungwon virou o que deveria ser a quarta garrafa de Heineken garganta abaixo, ignorando completamente a careta amarga que quis surgir em seu rosto ao ter o contato com o líquido picante em seu corpo.
Sua visão estava turva, os passos já desengonçados e uma risada se prendia em seus lábios por um motivo que ele desconhecia. Seu coração estava dolorido, e os olhos ardidos indicavam que em algum momento lágrimas grossas e extensas havia escorrido por eles, mas sua mente tão nublada o impedia de conseguir se lembrar com clareza. Na verdade, estava tão confuso que talvez não saberia dizer o próprio nome caso perguntado.
Não era se seu feitio beber qualquer coisa alcoólica devido a sua pouca resistência a bebidas de todos os tipos, mas sua racionalidade já tinha desaparecido do seu corpo há muito tempo para que ele se lembrasse desse detalhe não tão insignificante.
O encontro com Changkyun seguido da visão que teve de Hoseok agarrado a alguém que não era a si, os dois eventos sendo seguidos um pelo outro, tinha o deixado machucado o suficiente para sair de si, tinha o feito perder o rumo.
Sentia o celular vibrar em seu bolso o tempo todo, mas o medo e a raiva crescente no peito o impediam de conseguir tirá-lo de lá e atendê-lo propriamente. Ele sabia que era Hoseok e sabia também que era incapaz de encará-lo com seriedade naquele momento, pois naquele momento tudo que ele queria fazer era dançar até aquela tontura e dor passarem do seu corpo e ele finalmente ter paz.
Quando conheceu Changkyun, Hyungwon não passava de um tímido garoto de dezesseis anos que trabalhava na casa de uma marquesa junto com o irmão adotivo em troca de uma educação e uma refeição. Naquela época, o Chae não tinha quaisquer sonhos ou ambições, pois tudo em que sua vida se resumia era naquela mansão chique e os serviços diversos que precisava fazer para agradar a mulher que tinha o nome assinado nos seus papéis de adoção, mas nunca havia sido uma figura materna de verdade para si.
Foi numa tarde de domingo, quando o crepúsculo estava evidente no céu e os jovens festeiros da casa ao lado já se preparavam para dar início ao que se tornaria uma das diversas festas barulhentas da vizinhança, que Changkyun e ele se viram pela primeira vez.
Im era apenas o adolescente de quinze anos que acompanhava o irmão mais velho e Hyungwon era apenas o trabalhador que despreocupadamente cuidava do jardim florido a marquesa com uma delicadeza que mesclada a sua beleza estonteante, fizeram o coração do futuro rapper bater descompassadamente, como um bobo apaixonado pela primeira vez.
Eles conversaram durante horas, que mais pareceram minutos, ainda separados pela grade branca da mansão e nenhum dos dois esperava que algo iria surgir ali além de uma singela conversa entre dois estranhos, mas o destino daqueles dois já estava entrelaçado por um longo tempo assim que Changkyun teve a coragem de se aproximar em passos tímidos daquela enorme casa.
Foi Changkyun quem convenceu Hyungwon e Minhyuk de que eles mereciam mais do que uma vida escrava como aquela, e o fizeram sair daquela casa ao terminarem o ensino médio, deixando uma simples nota em cima de suas camas e saindo no meio da noite sem qualquer ruído.
E eventualmente, foi Changkyun quem também conseguiu encontrar a avó de Hyungwon, uma doce senhora de quase oitenta anos que vivia internada em um asilo e mal se lembrava da filha que teve, quanto mais do neto, mas que acabou deixando uma casa de herança para o único membro da família que lhe restava, sendo essa a casa que o moreno vivia desde então.
Chae não podia negar que muitas coisas da sua vida tinham acontecido porque conheceu Changkyun, mas nem todas essas coisas eram de fato boas. O relacionamento dos dois tinha sido doentio para ambos, tinha deixado cicatrizes quase impossíveis de reparar. Hyungwon não queria passar por aquilo outra vez, por isso evitou se aproximar de alguém romanticamente outra vez, como um covarde que teme a própria dor. Mas tudo isso mudou naquela noite, quando viu Hoseok pela primeira vez e teve aquele intenso contato visual com o cantor de madeixas azuladas e brancas.
E agora, mais uma vez, novas cicatrizes tinham sido abertas em seu corpo.
E essas cicatrizes doíam muito mais, porque ele jamais havia amado Changkyun como ele amava Hoseok.
— Hyungwon — ouviu seu nome ser dito por alguém e um choque passou por todo o seu corpo ao sentir a mão dessa mesma pessoa segurar seu ombro, obrigando a virar-se de frente para ela. — Você precisa ir pra casa, agora.
— Eu não quero ir pra casa — resmunga o barista, esticando a mão para pegar outra garrafa na mão de um dos garçons da boa, sendo impedido por Hoseok que havia lhe puxado para longe da pista de dança barulhenta. — Eu estava me divertindo, por que você é sempre tão estraga prazeres? Não foi suficiente pra você quebrar o meu coração?
Hoseok piscou os olhos confusos.
— Eu nunca quebraria o seu coração, Wonie — hesitou em tocar o rosto do mais novo, optando por apenas colocar um pouco a franja longa atrás da orelha vermelha do moreno. — Se você soubesse o quão apaixonado eu sou por ti, saberia que é verdade.
A feição de raiva que antes dominava o rosto do barista foi substituída por tristeza.
— Eu te amava, Hoseok — a declaração fez o coração do Lee bater mais rápido. — Acho que ainda amo, não sei dizer, tudo está meio confuso aqui dentro.
— Hyungwon...
— Mas você me machucou, eu sei que me machucou porque me dá vontade de chorar toda vez que eu te olho nos olhos — diz embolado, tendo que escorar na parede para que seu corpo frágil não caísse. — Por favor, vai embora.
Hoseok negou sério.
— Eu não vou te deixar sozinho desse jeito — sem pedir permissão, suas mãos passaram envolta dos ombros do Chae, forçando a ficar mais reto e se mover desengonçadamente. — Vou te levar pra casa.
— Me larga! — Com o resto de força que lhe restava, Hyungwon se empurrou para trás de modo que se afastasse do corpo firme que o segurava de pé. O movimento fez a tontura ficar mais forte, e antes que ele pudesse se sentar ou respirar fundo, o escuro tomou conta de sua visão turva.
A última coisa que Chae Hyungwon viu antes de se entregar para o escuro foi o olhar de desprezo estampado no rosto de Lee Hoseok.
Notas finais:
não sei porque mas eu acho a palavra marquesa tão chique???
esse capítulo me lembrou muito a música telephone da lady gaga, não sei porque também
FALTAM LITERALMENTE DOIS CAPÍTULOS PARA O FIM DE VIDEO GAMESSSSSS
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Video Games [2won]
FanfictionO relacionamento de Hyungwon e Hoseok é como um videogame que o Chae se vê na obrigação de jogar. {lhs+chw = 2won} Baseado em Video Games - Lana del Rey Capítulos curtos