7° Capítulo - Família

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A vantagem de escolher um voo noturno é que chegaríamos a Cancún durante o dia, aproveitando ao máximo a praia. Viajamos durante a noite, o que fez Grant dormir, enquanto eu podia ouvir Avril Lavigne até pegar no sono.

Ao desembarcarmos, fizemos um lanche e pegamos um táxi até a casa de praia dos meus pais.

Não demorou muito para chegarmos. Grant pagou a corrida, e fui à frente com minhas malas, que estavam bem leves, já que não trouxe muitas coisas. Certamente, não ficaremos muito tempo.

Segui até a porta, e antes mesmo de pisar na varanda, Marta veio sorridente. Está grisalha e bem mais gorda do que me lembrava, mas sua comida é divina, e seu alto-astral, invejável.

Sorri e indaga com aquele sotaque latino:

— Quanto tempo, garota!

— Digo o mesmo.

Marta me abraça e ergue as sobrancelhas, dando um sorriso sutil ao ver Grant vir atrás:

— Está muito bem acompanhada. — Segue em direção a ele, sorridente — Olá, rapaz! Me chamo Marta. Eu e meu marido cuidamos da casa dos Murray desde que a Harper era uma garotinha. Se é "amigo" dela, certamente é uma pessoa incrível. — Grant dá um sorriso fraco, e Marta grita:

— Felipe! Venha pegar as malas, Harper e um amigo dela estão aqui! — Felipe se aproxima exasperado e pega nossas malas.

Grant deu alguns passos, saindo da casa e seguindo para os fundos para conhecer a praia.

Marta sorri animada:

— Ele é um gato! Parece aqueles super-heróis dos filmes atuais.

Sorrio e olho em volta:

— Onde está o Juan?

— Ele sempre pergunta por você. Vou falar que está aqui. Vai ficar feliz em te ver.

— O que ele tem feito?

Marta me olha por alguns segundos e balança a cabeça:

— Ele está tomando conta do barco do pai dele. Fiz de tudo para aquele moleque fazer algo diferente, mas ele sempre amou as pescas.

— Meus pais quase morriam quando eu velejava com ele.

— Eles sabiam que não iam só velejar.

Sorrimos juntas. Pergunto:

— Ele ainda está solteiro?

— Não, se casou, e a mulher dele está grávida do segundo filho.

Sinto meu sorriso murchar. Ele era tão bom de cama! Que pena. Ergo as sobrancelhas:

— Caramba! Tem muito tempo que não venho aqui.

— Deve ter uns cinco anos, porque o Guilherme tem essa idade. Guilherme é o filho dele, é um espoleta.

— Ah... E... Como é ser avó? — Foi a única coisa que consegui dizer.

— Me sinto velha demais, só que é tão maravilhoso ver aquele espoleta correr pela praia. Ele é idêntico ao Juan na idade dele, chego a ficar emocionada às vezes. Os mesmos cabelos cacheados, olhinhos castanhos. Parece um xerox do pai dele.

Sorrio sem jeito. Ela me analisa:

— Está mais magra do que antes. Não tem se alimentado bem? Está com um olhar triste.

— Aconteceram algumas coisas nas últimas semanas. A propósito, a Rosie veio aqui?

— Já tem algum tempo que ela veio.

Cartas para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora