pausa

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Quem define o que é o que.

As palavras eram escritas com um doce toque da caneta esferográfica de Jennie. As linhas pretas traçavam sozinhas pela folha grossa de seu pequeno diário de capa da mesma cor.

O que é a tristeza? E quem define o que ela é? Como sabemos que temos tristeza dentro de nós?

A pergunta atacou o conjunto de devaneios dela, e seus dedos correram alarmados para o topo de sua cabeça, prendendo seus cabelos e buscando em sua cama seus óculos de leitura logo em seguida.

O que é a felicidade? E quem define o que ela é? Como sabemos que temos felicidade dentro de nós?

As mãos agora cansadas, pediram tempo. Ela parou, checou os dois lados de seu quarto por cima dos ombros. Sozinha. O relógio dizia 23:00, sua boca, nada.

Os pais de Jennie mais uma vez haviam saído da cidade, à trabalho, antes do anoitecer. Ela era acostumada a ficar só na casa grande e quieta, na companhia do cantar dos grilos no lado de fora da pequena floresta em frente a mansão de sua família. Os pais, dedicados a qualquer outra coisa que não envolvesse sentimentos, pegaram uma Jennie de ainda cinco anos de idade, partindo em um avião à meia noite. Adeus Seul, olá Los Angeles. Desde a mudança do local da firma dos pais, Jennie não ouvia mais nada além de discussões sobre a mudança do salário do casal e a nova promoção de seu pai a editor chefe. A mãe era uma escritora renomada e altamente respeitada, junto ao seu marido, praticamente o braço direito.

Jennie tentava fazer funcionar o fato de que mesmo os pais lançando livros e mais livros e grandes projetos científicos e psico analíticos, não sabiam manter uma família unida nem que fosse ao mínimo. Eram tão inteligentes, cada um com sua própria mente ocupada, não sabiam ler a própria filha. O sim que deram ao permitir que Jennie fizesse seu primeiro teste, o que a levou a ser uma das primeiras trainees da LifEntertainment, esse sim, provavelmente saiu as custas de discussões onde Jennie era a única a falar.

De frente a dois adultos com escutas nos ouvidos, falando com alguém em outro país ou simplesmente ignorando os imensos problemas da vida adolescente da filha. Eles ligavam? Eles a viam?

O que é raiva? E quem define o que ela é? Como sabemos que temos raiva dentro de nós?


3. Me desculpem por ainda ter emoções.

— Nini, amor, o jantar está servido. — a secretária de sua mãe gritara da cozinha, não tão alto porque agora a menina estava já descendo as escadas. Olhou ao redor da mansão esbranquiçada, odiando o vazio, mas vestindo o conforto do mesmo que já era familiar.

A menina riu ao chegar na cozinha e parar com os braços apoiados no balcão de centro, de mármore bege frio.

— Não é tarde para jantar? — Jennie perguntou ao lançar os olhos para uma cesta de tangerinas ao lado do fogão onde a mulher de cabelos loiros a sua frente tinha acabado de preparar uma linda bacia rasa de kimchi. O prato favorito de Jennie.

— Você vai me odiar por isso, mas tem um motivo, Jendeuk. Pegue o seu computador.

— Computador? Na hora da janta? — ela revirou os olhos de maneira irônica e a mulher riu, a apressando. Quando Jennie voltou e foi a mesa de jantar, haviam dois pratos já preparados a superfície preta. Ela não comeu, apenas iniciou o computador e voltou os olhos a mulher vindo por trás dela com um sorriso agonizante.

— Me dê. — a mulher não pediu duas vezes, tomando posse do computador de Jennie, e os barulhos das teclas logo ecoaram pelo lugar.

— O que está acontecendo, Fen? — Jennie ainda tinha os olhos nos dedos da mulher, teclando e teclando até que duas vozes causaram espanto no corpo de Jennie. Ela não podia visualizar a tela, mas sabia quem eram.

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