manifesto - parte 2

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Jennie com seus olhos agora mais escuros do que o próprio carvão, tomava nota das palavras sussurradas de Lisa enquanto a mentora a tinha envolvida pela cintura. Haviam se passado cinco minutos desde que a mulher a pegou para si com os dedos comandantes primeiro em suas costas, indo e fechando em um movimento só de cada lado da cintura de Jennie. A luz meio amarelada da sala permitia a menina a ver Lisa, ainda colada em seu corpo.

A lã rosa que abraçava seu corpo com calor agora tinha sido retirada por Lisa, sendo jogada para um canto da sala atrás delas. Após um balanço dos corpos em sincronia, a mulher parou, e tateou o corpo de Jennie com os olhos.

— Quer saber? Tem um jeito de isso ser mais prático. Cadê o meu caderno? — Lisa disse, buscando o caderno onde o nome de Jennie antes havia sido marcado, e algumas páginas depois, Lisa encontrara uma página cheia, linhas e linhas de passos e números rabiscados. — Pode fazer isso?

— N-não sei se posso. — Jennie observou o agachar de Lisa, voltando com as mãos subindo dos joelhos para as coxas, de um jeito que ela tomava conta do próprio corpo, em poder de todo movimento. Os olhos de Jennie estavam estupefatos com a força de Lisa, o brusco balançar do corpo magro misturado a curvas definidas e bem direcionadas. Lisa era quase uma miragem, de tão surreal que fazia o simples dançar, ser. Obviamente, Lisa não apenas dançava, mas o objetivo dela era criar sentimentos e fazer de seu dançar uma mensagem.

Havia paixão, na dança de Lisa. Havia raiva, em algum certo momento no qual Jennie se prendeu, porém havia calma. Era um minguado perfeito, e o rosto de Lisa era de um semblante que carregava tudo em si. Era paixão, raiva e calma. Ela percebeu que Lisa era muito mais do que uma ensinadora, tal quanto uma obra de arte a própria, ela tinha um objetivo a mais do que só estar ali em frente aos olhos alheios, Lisa manifestava-se de novo, e de novo. Para Jennie, ela manifestava algo que parecia ter um toque de autoridade ou superioridade, porém o coração de Jennie se aqueceu ao lentamente processar que Lisa a começara a tratar como igual, não como apenas uma aluna que mal sabia de nada.

Lisa manifestava-se, tanto que era ela mesma o próprio manifesto. A palavra ficou na cabeça de Jennie ao observá-la.

— E por fim, bem, acho que você já está acostumada com o resto da sequência. Vou ver depois se mudo algo a mais. O que você acha? As outras meninas vão gostar? — Lisa viu que a menina a olhava na intuição de a absorver, com um sorriso no rosto despreparado para a pergunta.

— Sim, vão sim. — levou alguns segundos demorados para responder, olhos hipnotizados tentando acordar.

— Viu um fantasma ou alguma coisa? — a voz de Lisa era um gargalhar grave e baixo, curto o suficiente para fazer Jennie sentir falta do som agridoce.

— Acho que só estou cansada. — respondeu.

— Mhm, no mundo da lua. — Lisa retrucou suave enquanto lia algo no caderno, rabiscando alguns números com a caneta. Posições, ritmos. — Eu iria continuar, mas você parece um pouco... não tão animada agora. — Jennie riu.

— Melhor eu ir logo, vou deixar você trabalhar. Espero ter te ajudado.

— Ajudou. — ela sorriu na afirmação, desmanchando o rosto ao ver Jennie pegar o guarda-chuva vermelho. — Te levo pra casa!

— Lisa, realmente, você não precisa fazer isso. A chuva até diminuiu, eu posso ir sozinha.

— Eu não to nem aí para a chuva. Disse que vou te levar, não foi uma pergunta. — ela sorriu junto das ordens, e algo em Jennie a aqueceu novamente. Lisa se aproximou dela o suficiente para ver o arrepio em sua pele exposta nos braços, evitando encarar a blusa branca da menina.

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