manifesto - parte 1

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Manifesto
(substantivo masculino)
1.
Declaração trazida a público para fins diversos na qual uma pessoa, um governo, partido político, grupo religioso, de artistas etc. expõe determinada decisão, posição, programa ou concepção.

Dar a conhecer; tornar público; declarar, revelar, divulgar: manifestar vontade de ser feliz; manifestou-se publicamente.




Um gotejo vinha atrás do outro em tom mais leve e vazio, fazendo Jennie se concentrar no ambiente ao seu redor. Quando a chuva pareceu cessar por fim, veio mais forte do que anteriormente e agora os dedos de Jennie estavam encharcados enquanto seguravam fortemente no cabo de metal do seu guarda-chuva vermelho. Havia um furo singular centrado a cabeça de Jennie, não era muito grande, mas grande o bastante para dar acesso as gotículas de água fazendo contato com o couro cabeludo da menina e seus dedos pálidos também.

Ela iria lembrar, tentava se convencer todos os dias, de comprar um novo assim que tivesse tempo. Mas por enquanto, era tudo o que tinha e sentia estar com o suficiente para caminhar por no máximo vinte minutos. Fora do studio, e quando Jennie não tinha aulas da faculdade, ela ia para a rua, deixar-se devanear solta e tomar ar puro, ela era feita desses momentos, principalmente debaixo da chuva. Ela não ligava para a água quase a cegando de vez em quando, mal notava a presença de poças no chão desde que seus passos eram os de uma menina dançante sem hesitações. Força e graça a formavam em uma esguia e não tão alta figura estranhamente frágil e cuidadosa.

Hoje, era uma sexta-feira. Sextas geralmente eram comuns, não passavam rápido. Jennie não costumava ir ao studio nas sextas. Pelo o que ela sabia, nesse dia da semana, a LifEntertainment se ocupava apenas de homens e mulheres bem mais velhos do que ela, por motivos de encontros tais como reuniões.

Sua rua estava agonizantemente vazia, essa tarde. Ela descansou debaixo de um dos toldos dos grandes hotéis localizados atrás da mansão de sua família. Praticamente todos os funcionários dali a conheciam, e quase todos os homens cortejavam Jennie ao vê-la parada com o guarda-chuva, olhando para o nada em frente de si mesma. Eles todos sabiam quem eram os pais de Jennie, e em quase todas as situações, tratavam Jennie com respeito. Noutras, fingiam que Jennie não estava ali, e ela prezava pela paz onde a deixavam sem paparicações desmerecidas e não pedidas.

Jennie se viu em um denso respirar, com os dedos apertados ainda no metal do guarda-chuva, os olhos quase brilhando com o frio, congelados. Um pequeno sentimento de arrependimento se espalhou no seu interior quando a chuva veio em alarde, mais uma vez, sem previsões para acalmar-se. Brisa fria entrava pelos buracos da calça jeans, e seu pequeno casaco de lã cor-de-rosa não era páreo para os calafrios.

Tinha que ser numa bendita sexta-feira.

Todos os planos para relaxar que antes ela tinha agrupado em sua cabeça, estavam se jogando fora eles mesmos agora. A chuva não iria parar tão cedo, os olhos de Jennie quase fizeram uma volta completa. Não tinha nem trazido o celular caso quisesse gritar no ouvido de alguém pela falta de paciência. E essa era uma ocasião dessas. Volto pra casa correndo? E se eu escorregar? E se o vento levar meu guarda-chuva? É, ele já não é muito eficiente mesmo... Ela bufou. As ruas realmente estavam vazias, tanto em seu meio quanto nas calçadas. Talvez ela fosse a única abençoada de ter pensando em sair numa tarde como essa.

Sua reclamação de si mesma foi interrompida por um alto rasgar no clima silencioso vindo do que Jennie conhecia ser um motor de carro. A poucos passos dela, agora encostando na calçada, havia um Porsche na cor cinza. As janelas eram escuras e logo o cenho da menina se curvou, com seu claro estranhamento a vista. Um aperto no cabo de metal e mais um exalar profundo, e agora, uma das janelas se abria em ritmo lento e doloroso, vestindo Jennie com ansiedade. Lisa?

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