ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 35

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𝑆abe quando você deita na cama, e simplesmente algo não te deixa em paz? Tipo a porra da sua mente. O chalé estava frio como o Alasca, e mesmo que, eu estivesse na cama, com Taylor ao meu lado bem quentinho. Ainda sentia o frio nos ossos e próprios pensamentos, que não me deixavam em paz.

Me levantei da cama e peguei um cobertor em um sofá pequeno. Simplesmente sai do chalé. Eu tinha que andar. Tinha que fazer alguma coisa. Eu queria correr. Queria gritar comigo mesmo. Queria fugir de tudo. Fugir de tudo o que eu tinha feito, mas não podia. Não tinha o que fazer.

Andei sentindo o frio em meus pés. Senti a brisa fresca em meu rosto e ouvi o barulho fraquinho das cigarras. O céu estava estrelado e parecia estar mais baixo. Eu o fitei, sabendo que na minha casa não dava para ver nem a metade daquelas estrelas e constelações.

— Aqui é lindo, não é? – Ouvi a voz de Taylor atrás de mim.

Me virei e a fitei. Suas bochechas estavam vermelhas de frio e seus dentes quase batiam.

Mordi os lábios com impaciência, e antes que ela recusa-se, eu já estava tirando o cobertor de meus ombros e a enrolando com ele.
— Você não deveria ter saído do chalé. Está maluca? Podia ficar doente com esse frio. Pensei que estivesse dormindo. – Reclamei.

— Você saiu e não me falou nada... eu... – Explicou.

— Ficou preocupada sem necessidade. – Completei.

— Nada disso. Você saiu no meio da noite para ficar andando feito um morcego, e depois, eu sou a maluca?!

— Em minha defesa os morcegos voam.

Taylor me deu um soco de leve no ombro.
— Você me entendeu.

— Você podia não me dar um soco...

— Isso seria chato. – Ela franziu as sobrancelhas.

— Não sou um saco de pancadas.

— Tem razão, você é só o meu amigo, que está torturado por uma historia ruim. Todos temos cicatrizes que não queremos, Charles. Ou histórias que não queríamos ter vivido. Não tem como escolher. Eu só... – Ela balançou a cabeça fitando o chão.

— Você o que?

— Não consigo te ver sofrer ou ficar agoniado. Parece que algo fica... – Taylor deu um suspiro longo. — Latejando aqui dentro. Eu não consigo dormir. Não consigo pensar em nada. Não consigo deixar pra lá... simplesmente não consigo.

— Taylor... eu...

— Eu não posso prometer que não vou ser sincera em minha opinião. Não posso prometer. Mas... eu não vou embora, Charles. Não vou a lugar nenhum. – Ela tocou na minha mão, que estava fria como gelo. — Estou congelando e querendo muito a minha cama. Acho que meus pés podem... a... qualquer momento gritaram e saírem correndo, mas eu não vou. Não vou a lugar nenhum, sem você. Eu nunca vou te abandonar!

Já conheceu alguém, em que você pode confiar de olhos fechados em cima de um precipício em chamas? Só quando você conhecer esse alguém vai saber o que eu senti,  quando olhei nos olhos dela.

Abraçamos um ao outro por instinto, como se precisamos sentir nossa pele e o cheiro. Ficar sem ela por muito tempo era doloroso, mesmo que ela não soubesse disso.

— O que você...? – Ela deu um risinho quando foi pega no colo.

— Só estou me certificando que seus pés fiquem no lugar.

— Você é um bobo, sabia disso?

— O pior... É que sim. – Concordei.

Ela riu e me abraçou, enquanto eu a levava de volta para o chalé. Fiz uma nota mental que deveria cumprir no dia seguinte. Pegar muita lenha e acender a lareira.

A policial que roubou meu coração ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora