ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦𝕝𝕠 19

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Bater na parede, como se ela fosse uma porta se tornou praticamente a nossa piada interna nos dias que se passaram. Sempre que Taylor não conseguia dormir ou queria conversar, nós conversamos por aquela parede, até dormirmos. Era estranho, mas ao mesmo tempo bom, como se tivéssemos um conexão só nossa. E nós riamos e riamos.

Às vezes eu xingava a policial mandando ela dormir, porém ela insistia batendo na parede só para me irritar e me fazer acordar totalmente, apenas para me dizer como tinha sido o dia dela, pois nós não tínhamos muito tempo para conversar. Eu fingia odiar aquilo, pois sabia, que a minha irritação era a arma que ela precisava para continuar me chamando e sempre dava certo, pois às vezes, no mesmo horário de madrugada lá estávamos nós batendo na nossa porta parede.

Alguns dias eu tentava acordar mais cedo para tomar café com ela, porém Taylor chegava muito tarde e saia muito cedo, quase sempre. Eu sabia porque, ela estava trabalhando duro para derrotar Diogo e trabalhar mais... Bom, era o que ela precisava. E quando ela tinha tempo, eu tinha que sair cedo para trabalho. Parecia que o destino queria nos ver separados. Então, eu sempre tinha que esperar os finais de semana ou as sextas da cerveja e pipoca, ou passar a noite acordado esperando ouvir a voz dela. Eu me perguntava diariamente, o porque de continuar fazendo àquilo... Mas a minha resposta era sempre a mesma. Eu precisava ouvir a voz dela na mesma intensidade, que precisava trabalhar e respirar.

— O que aconteceu hoje? Prendeu muitos vilões? – Brinquei, depois de chamá-la batendo na nossa porta parede.

— Corri atrás de um bandido na rua e quase fui atropelada por uma bicicleta. – Ela disse.

— Caramba... e ela está bem?

— Ela quem?

— A bicicleta. Tenho até do que você faria com ela.

— Muito obrigada pela preocupação. Se eu vê-la de novo vou dar os seus pêsames. – Taylor disse com uma falsa irritação.

Nervosinha...

— Diga também, que eu sei que uma certa policial, sabe muito bem cuidar de si mesma, por isso não me preocupo tanto com ela. Mesmo sabendo, que ela é uma péssima jogadora de cartas. – Eu disse.

— Eu vou treinar e vou te derrotar, me ouviu?

— Sonhe Taylor. Quem sabe os sonhos não se tornam realidade. – Zombei.

— Vou dormir. Seu canalha animal. Estamos de mal. Não quero mais falar com você. – Taylor fingiu uma falsa irritação, como quase todos os dias. Eu gargalhei.

— Vou te ensinar a jogar. Eu prometo. Palavra de honra de um canalha. – Ela não disse nada e eu sabia, que deveria estar me mostrando a língua agora, ou melhor mostrando a língua para a parede. Ou talvez, me mostrando o dedo. — Não mostre a língua para a parede. Ela não fez nada para você. – A policial rosnou. Acertei. — Boa noite.

— Boa noite... – Ela riu. Eu fiquei olhando para a parede, imaginando ela rindo do outro lado do cômodo, da nossa porta parede, que eu não queria que estivesse ali.

— Não fique encarando a parede a noite toda, Charles. – Ela avisou, como se pudesse me olhar dentro do quarto. Eu bufei de raiva e me virei para o lado.

Eu fingia que não me preocupava tanto assim com ela, porém a cada 5 minutos, que ela atrasava para chegar em casa o meu coração parava de bater e eu parava de respirar. Eu tinha medo, tinha muito medo, que ela não voltasse para casa. Tinha medo, que não voltasse para mim...

***

Taylor insistiu com a história de me pagar aluguel e nós dividirmos as contas. Não aceitei. Não queria que ela me pagasse, pois ela já havia me pagado o aluguel do mês, quando ela sorriu para mim, me abraçou e voltou a ser ela mesma. Esse foi o meu aluguel, não que eu tivesse dito isso para ela. Mas, aquela teimosa não desistiu, então pegou as contas de água e de luz e as pagou, antes que eu pudesse vê-las e depois fez compras. Compras para um batalhão de pessoas e ainda disse, que era porque eu comia igual a um cavalo.

A policial que roubou meu coração ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora