A falta de lucidez de Chanyeol.

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CHANYEOL

Baekhyun estava dentro da minha casa e não engarrafado em forma de carta ou preso na minha memória. Ele estava presente em carne e osso, e eu não entendia aquele tipo de afoitamento acontecendo dentro da minha mente, tampouco a insistente falta de concentração em qualquer coisa que não fosse ele. Mas eu precisava aceitar que parte daquele acontecimento do ano, era resultado da escolha que eu havia feito, ou algo próximo disso.

Assim que ouvi os passos se aproximando de volta para sala, o levei o café, precisando respirar mais do que o normal durante o caminho pra que eu não parecesse um desorientado quando estivesse na visão do meu mais novo ponto fraco. Porque num todo, com o tempo, eu havia aprendido a ser muito forte, mas essa teoria caiu novamente em terra quando eu me sentei de frente para ele e me deparei com os olhos castanhos totalmente focados em mim.

― Você gosta de esportes? De esgrima, por exemplo?

O.k.! Por aquele tipo de pergunta eu não esperava. E demorou um pouco para que eu entendesse o motivo dela aparecer num momento tão aleatório. Provavelmente, ele havia me visto na competição de esgrima mais cedo e isso honestamente me preocupava pra caramba, pois não seria nada comum um desconhecido como eu estar no mesmo local que ele.

― Eu já assisti algumas apresentações, então, sim, eu acho interessante.

Eu não estava mentindo, apenas omitindo datas e nível de experiência. A verdade era que eu tinha conquistado ótimos títulos quando competi nos primeiros Jogos Olímpicos em meados de 1750, apenas por mera diversão. Eu havia assistido de camarote a esgrima se tornar um esporte.

― Certo! ― Ele desviou os olhos para seu café e ficou pensativo. ― Deveria ir assistir meus amigos durante o treinamento qualquer dia desses. Eles faziam parte da minha equipe antes do acidente.

Kim Jongin estaria lá, com vários aspectos parecidos com os do meu primo, fora que Sehun parecia ser uma reencarnação com o dobro de características irritantes. Eu não iria nem morto.

― Você está ocupado? ― O questionamento de Baekhyun me acordou.

― Agora? ― Levantei as sobrancelhas, confuso. Por acaso, ele achava que estava me atrapalhando? ― Claro que não!

― Enquanto o café esfria, eu irei buscar algo dentro do carro. ― Ele depositou a xícara em cima da mesa de centro com todo cuidado possível, mas saiu tão rápido da minha visão que eu temi que na verdade estivesse apenas dando uma desculpa para fugir. E faria sentido se ele o fizesse.

Inexplicavelmente, eu estava sem jeito dentro da minha própria casa. Ele voltou com algo específico em mãos, era um saco de armas que servia para carregar equipamentos. Depositando cuidadosamente sobre a mesa de madeira, ele parecia um obcecado. Eu tentei não demonstrar graça por ter percebido a preocupação desnecessária.

― Essa é a espada que eu utilizo para me gabar, não em competições, é claro. Comprei apenas para agradar o meu ego. ― Baekhyun sorriu, puxou o item da sacola e moveu a mão para que a mostrasse em vários ângulos.

Eu tinha certeza que era uma espada de 1850. O prateado reluzia e na área de descanso dos dedos, havia uma camada extensa, o que cobria boa parte da mão. No centro desta, a cruz com flor-de-lis sobre o sol estilizado era nítido. O emblema dos Três Mosqueteiros.

― Eu a encontrei por sorte em um leilão. Dizem que foi feito há muitos anos e existe apenas essa no mundo inteiro. ― Ele continuava com os olhos presos na arma, como se tivesse tocando-a pela primeira vez. O encanto pelo item trazia-me lembranças dos meus anos de ouro, quando eu não resolvia as coisas com meras palavras.

BLACKOUT | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora