BLACKOUT | ChanBaek

O inferno de Chanyeol.

CHANYEOL

A concentração indispensável no horizonte era quase um martírio, mas toda vez que eu tentava manter meus olhos no trajeto, minha atenção era sugada de volta para a imagem tentadora de um Byun Baekhyun moderno e seguro de si. E eu tinha que admitir que mesmo estando afastado do grupo, eu me encontrava em êxtase e só conseguia escutar as palavras do guia turístico que narrava a história, focado nos detalhes. Obviamente, todos estavam adsorvidos em sua figura, porque Baekhyun dominava o tipo de aura de simpatia natural.

― Reykjavik é um lugar magnífico. ― ele explicava pacientemente ― Existem muitas poucas florestas por aqui, os habitantes costumam dizer que se você quer sair de uma mata, é só ficar em pé. A Islândia é conhecida como a Terra do Gelo e do Fogo por conta das geleiras e dos vulcões. E isso ― Ele levantou o copo de cerveja em mãos. ― foi proibido no país até 1989.

― Uou! ― Um estrangeiro se alarmou com a última informação. ― Então viemos no ano apropriado.

Todos riram.

As cervejas estavam quase acabando, eu teria que repor o estoque no dia seguinte, mas ficaria outras vezes sem todas elas se tivesse a sorte de revê-lo.

― A antiga proibição da cerveja não é o fato mais aterrorizante da Islândia. Atualmente, existem entre trinta a quarenta vulcões ativos, sendo o país na zona vulcânica mais ativa do mundo. Consegue imaginar isso? ― Baekhyun parecia se divertir conforme descrevia, recebendo a expressão de assombro da grande maioria. ― Então, é preferível que você fique sem sua amistosa cerveja, do que terminar sendo engolido por fúria, principalmente a de Hekla.

― Hekla? ― O homem questionou Baekhyun e eu esbanjei um sorriso de canto.

Ninguém gostaria de saber o que é Hekla.

― Hekla é uma das seis portas para o inferno. ― Baekhyun se aproximou com a voz baixa, aproveitando do silêncio do ambiente para fazer seu suspense. Eu pessoalmente me divertia, assistindo-o. ― Existe uma lenda que diz que há seis lugares na Terra, consideradas como portais para o inferno. E esses lugares são descritos como corredores onde os condenados habitam.

― Então, eles acreditam que o inferno seja aqui, na Islândia? ― O desconhecido questionou-o.

― Provavelmente uma parte dele. ― Baekhyun esclareceu ― Antigamente, as pessoas acreditavam que os tremores se tratavam das ações do inferno sobre a Terra, mas graças aos estudos científicos, essas fábulas católicas passaram a perder fundamento.

― Os islandeses são bem criativos. ― Uma das senhoras o lançou e do meu lugar, eu concordei com ela mentalmente.

― Com toda certeza, minha senhora. Lenda de elfos é o que não falta por aqui.

Quando Baekhyun terminou de discursar sobre o passeio e veio em minha direção, era ridículo o quanto eu tentava esconder ― com pouca eficácia, devo ressaltar ― meu nervosismo que lembrava a de um adolescente bobamente apaixonado. Toda a aparência dele era de matar. Eu era uma mistura interna de entusiasmo e felicidade. Minhas mãos sobre o volante soavam como o inferno.

Ao meu lado, Baekhyun tossiu, como se precisasse chamar minha atenção para si. Mal sabia ele que meus olhos não haviam desgrudado de sua imagem desde que saíamos do porto.

― Essa cidade é perfeita, poucos lugares me tiram o fôlego como Reykjavik.

― Eu faço esse trajeto todos os dias.

― Você deve estar acostumado com essa beleza, eu imagino.

― Nunca é o suficiente. ― Respondi, tentando esconder a sugestão camuflada nas entrelinhas das minhas palavras conforme eu estudava o rosto dele. ― Só posso afirmar que, por agora, meus olhos gostam muito do que vêem.