Capítulo 14

187 26 18
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



Quando Otávio falou que Carol estava lá, o meu primeiro pensamento era que tinha perdido, antes mesmo de ter ganhado.

Mas quando ele explicou como agiria enquanto ela estivesse lá e que nada que ela tentasse não iria influenciar no que ele sente por mim ... foi nesse momento que meu coração acelerou, senti verdade e medo em sua voz, verdade no seu sentimento e o medo de eu não entender as suas ações em relação à Carol.

Depois que encerramos a ligação, fiquei deitada na minha cama repassando a nossa conversa, cheguei a conclusão que Otávio não está me enganado, que podia simplesmente mentir, dizer que a Carol não foi para lá e aproveitar a companhia dela. Mas suas palavras foram ditas com firmeza e eu gostei do que senti em todas as vezes que me chamava de "minha morena", não era um chamado de possessão é sim de carinho, até porque não sou propriedade de ninguém, mas ser o carinho, o dengo de alguém é bom demais. Eu já não sou de alguém há muito tempo e não quero voltar a lembrar das minhas perdas, não agora, mas assim que sentir mais segura vou contar para o Otávio, se ele me conta tudo, então não posso ter segredos.

Estava tão absorta em meus pensamentos que não vi a minha mãe entrar no quarto.

— Já terminou o seu namoro por telefone? — Ela me pergunta com um sorriso.

— Namoro? Será que posso chamar assim? — Devolvi a perguntar.

— Por que não? Esqueceu que o conheci primeiro, que fiquei conversando com ele na praia enquanto você tentava excluir ele.

— Mãe, senta aqui, tenho que te confessar uma coisa. — Ela sentou do meu lado e peguei suas mãos e prendi entre as minhas. — Eu conheci o Otávio antes da senhora.

— Como assim? Eu o apresentei, na cozinha, quando ele veio pegar mais gelo, não foi? — Ela me olhava intrigada.

— Não. Lembra que a senhora me perguntou detalhes do casamento da Helena e eu desconversei, então, eu conheci o Otávio no casamento.

— E por que você não me contou?

— Porque o nosso "conhecer" não foi bom, eu bati nele mãe. — Não consegui decifrar o seu olhar.

— Não estou entendendo, minha filha, você não é assim. O que ele fez para merecer isso. — Essa é a minha mãe, me conhece, só não sei como ela não percebeu quando eu perdi o meu anjinho.

Contei tudo que aconteceu naquela noite e também o que está acontecendo comigo, Carol e Otávio. Minha mãe ficou surpresa e feliz com toda a situação, principalmente com que o que Otávio vai fazer com Carol.

— Esse menino vale ouro minha filha, não deixe que o que te aconteceu no passado a faça perder o Otávio. —Meu coração bateu descompassado.

— Do que a senhora está falando? Do Fernando? — Agora foi a minha mãe a cobrir as minhas mãos.

— Filha. — Seus olhos marejaram. — Eu te conheço, quando olho em seus olhos consigo decifrar o que está sentindo. Eu sei o que aconteceu com você quando o Fernando morreu. — Eu sentia as lágrimas no meu rosto e via uma pontinha de decepção no olhar da minha mãe. — Não chore, já passou, eu cuidei de você, lembra? — Afirmei com um movimento de cabeça. — Sabia que não era só uma cólica forte, mas também sabia que não estava preparada para me contar.

— Mãe, me perdoe. Eu sei que errei, a senhora pediu para me afastar, mas... — Ela me cortou colocando um dedo nos meus lábios e fez um carinho no meu rosto.

— Juliana, você é a melhor filha que uma mãe pode ter, tenho muita sorte. Qual filho não desobedece aos pais? Mas quem perdeu com a desobediência foi você. — O meu choro não deixava eu falar e ela continuou o seu carinho. — Ninguém me contou, seus olhos entregam que o motivo da sua dor não era por Fernando, eu sabia que não era amor e sim um namoro de adolescente com consequências nada agradáveis. Mas você é forte e soube superar, ou mascarar muito bem, se tornando essa mulher linda que lutou e luta pelos seus ideais.

— Mãe, eu não queria te magoar, era minha responsabilidade, o meu erro, minha perda. — Nos duas chorávamos abraçadas, mas eu tinha que continuar, tirar esse peso das minhas costas. — Eu queria contar mãe, mas a senhora já se sacrificava tanto para me criar, sem o meu pai, a luta de sobreviver com a guerra do tráfico no morro e ainda ter que lidar com uma filha adolescente grávida?

— Eu estaria do seu lado sempre, em tudo. — Amo essa mulher. — Eu te amo filha, você é tudo para min.

— Te amo mãe. Me perdoe...

— Não tenho o que perdoar. Sobrevivemos, somos vitoriosas e você está conquistando tudo com os seus estudos, se dedicou e está prestes a se formar. O meu orgulho!

— Graças a Deus e a senhora.

— Ele sempre está conosco e a sua luta vai te levar a onde quiser é só não desistir. Principalmente com Otávio.

— Mãe, será que ele gosta realmente de mim?

— Huhum! Como gosta e se você também sente alguma coisa por ele, lute, use todas as armas, a Carol não merece um homem como Otávio, ela tem que evoluir muito para conseguir um homem dessa estirpe. — Entre lágrimas ela sorriu.

— Estirpe mãe?! Qual estirpe?

— De uma família que trabalha para ter o sustento, homem íntegro, ele é. — Falou convicta.

— Safado, mas íntegro?! — Minha mãe sorriu e completou.

— Homem safado, mas respeitador, esse tipo de homem sabe muito bem o que fazer com uma mulher.

— Mãe!!!

— O que filha? Estou velha, mas não estou morta.

Passamos o final da noite conversando, chorando e rindo com tudo que aconteceu na época que morávamos na comunidade. Falamos sem medo, sem esconder e mentir, isso só fez aumentar, se é que é possível aumentar o amor de uma filha por uma mãe.

Mas ela não deixou de me lembrar de que essa conversar eu também teria que ter com Otávio.

— Não se preocupe, eu já estou me preparando para isso, afinal ele me conta tudo. Não posso quebrar essa confiança.

— Isso Juliana, a cumplicidade em um relacionamento é tão importante quanto o amor. — Abracei minha mãe e beijei a sua face.

— Obrigada mãe, por tudo. Não vou deixar escapar esse homem de "estirpe".

— Estamos juntas nisso, gosto de pensar nele como genro. — Ver o sorriso no rosto de minha mãe é a melhor parte desse processo de abrir o meu coração, para ela e para o meu moreno lindo, meu carinho.


Enquanto isso, lá no sítio ...


Droga !!

Essa cama é dura ... esses mosquitos e que barulho é esse lá fora?

Calor, não tem ar condicionado e minha unha?!

Nunca lavei tanta louça.



Boa noite!!


Me emocionei com a conversa de mãe e filha...

Como eu digo aos meus filhos: "mãe sabe tudo e mais um pouco".

E Carol? Será que vai aprender alguma coisa ou vai cair fora para ter a vida mansa?


Comentem e não esqueçam a minha estrelinha!!


Beijos!!

Em Seu Coração (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora