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Já com o vestido escolhido, demos mais umas voltas para comprar também uns sapatos e uma pochete.

Quando cheguei a casa, Luke ainda não tinha chegado do ensaio, pelo que lhe mando uma mensagem a dizer que já estou em casa. Depois de ele me responder que já não demorava muito, decido tomar um banho. A água quente contra os meus músculos ajuda-me a relaxar. A tensão acumulada escorre junto com a água.

Costumam dizer que o banho é um bom lugar para pensar, e eu concordo plenamente. Dou por mim a pensar nos meus dois pestinhas. O que será feito dos meus irmãos? Já não os vejo desde que vim para a Austrália, e não posso negar que sinto a falta deles. Desde que sai de casa da minha mãe que nunca mais os vi regularmente. Falo uma vez ou outra por telefone, mas não é a mesma coisa.. sinto tanta a falta deles comigo. Dos risos, do choro, das birras, da confusão, da gritaria, da correria pela casa, de tudo!

Involuntariamente as lágrimas começam a cair, dissolvendo-se com a água do chuveiro.

A minha pequena princesa Ruth deve estar linda, com os seus longos cabelos russos e grandes olhos castanhos. E o meu traquinas Emanuel, com a sua falha do dente da frente, cabelos pequenos espetados sorriso maroto.

Faço uma nota mental para lhes ligar antes de fazer o jantar.

Um leve batuque faz-se ouvir na porta da casa de banho retirando-me do meu fio de pensamentos.

“Rosie está tudo bem? Já cheguei a casa faz tempo e ainda não saíste dai” preocupação ronda a voz rouca do Luke. Outra coisa na qual eu perco tanto tempo a pensar é nele. Ainda não descobri o que é que fiz para merecer alguém como ele na minha vida.

“Desculpa, estava perdida nos meus pensamentos. Saiu num minuto” apresso-me a desligar a água e a enrolar uma toalha em volta do meu corpo húmido e uma mais pequena em torno dos meus cabelos.

Corro para o meu quarto e visto o meu pijama felpudo, apanho o meu cabelo num coque mal-amanhado e vou ao encontro de Luke, encontrando-o deitado no sofá agarrado ao peluche de pinguim que temos a enfeitas a sala e a dormir profundamente.

Pego no meu telemóvel e ligo para casa da minha mãe. Uma voz doce e infantil soa pela coluna do aparelho.

“Sim? Quem fala?” um sorriso parvo cresce na minha cara e sinto as lágrimas a começarem a formar-se no canto dos meus olhos. Fungo e sento-me no chão junto da lareira que se encontra acesa.

“Ruth? É a mana princesa” consigo ouvir a sua exclamação do outro lado da linha.

“Rosie? És mesmo tu? Porque é nunca mais vieste nos visitar? Onde estás mana? Vou chamar o Emanuel. Emanuel! Anda cá que a Rosie está a ligar! Rosie queres que chame a mãe? Eu vou chamar a mãe!” o entusiasmo reina na sua voz e as risadas que ela solta pelo meio fazem o meu coração derreter. Coloco o meu telemóvel em alta voz enquanto ponho mais lenha na lareira.

“Rose a mãe já vem ai e o Emanuel também! Vens cá no Natal? Eu queria estar contigo no Natal. E no aniversário do mano? Emanuel? Corre seu burro! A mana está a espera!” ralha.

Solto uma risada pela avalanche de perguntas pela qual sou bombardeada pela minha irmã.

“Calma Ruth eu ainda tenho tempo. E se queres que te responda a todas as perguntas tens de fazer uma de cada vez amor”  sinto tanta falta deles. É certo que antes não os via todos os dias, mas inda assim consegui estar um tempinho com eles todas as semanas.

“Olá Rose” diz o meu desdentado.

“Olá Pocoyo” sei o quanto ele detesta que lhe chame isto. Diz que já é um homem grande e que Pocoyo é nome de criança.

“Não me chames isso Rosie! Eu sou um homem, não um bebé!”

“és um homem forte ao menos?” adoro alinhar nas brincadeiras e nas fantasias deles. Acho que é por isso que apesar da grande diferença de idades, nos damos tão bem. Eu ainda consigo ser pior que eles!

“Um homem muito forte! Eu até já ajudei o pai a mudar um pneu!” nota-se o orgulho que sente de si mesmo.

“Eita! É preciso mesmo muita força para isso, fogo, deves ter cá uns músculos! Aposto que as miúdas não te largam” rui de leve.

“Ele tem namorada, mas a mãe não sabe” a minha irmã sempre gozou com o meu irmão por causa das raparigas. Ele tem ar de mau mas é um amor de menino e muito amoroso com o público feminino.

“Pois tenho, mas tu também tens e não dizes ao pai

“Pois não digo porque o pai disse que quando eu tivesse um namorado ia comprar uma caçadeira e eu não quero” a minha irmã defende-se de uma forma que me dá uma vontade de rir tremenda.

“E a mãe disse que quando eu tivesse uma namorada que nos vai levar a passear com a mãe dela! Achas que eu vou passear com a Carol e a mãe dela? A mãe ia-me fazer passar uma vergonha!” a vontade de rir cada vez aumenta mais.

“O Marcus também não tem culpa de ser bonito! E ainda por cima o pai até tolo! Ainda lhe dava um tiro!”

Já não aguento mais. Depois da afirmação da minha irmã sou obrigada a deitar-me no chão a desmanchar-me a rir!

Ai como eu tinha saudades destes pequenos momentos!

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muito obrigada pelas mensagens de apoio e pelas leituras!

pensar que começei isto a duas semanas por pura brincadeira e que agora cheguei  as mais de 300 leituras!!

muito obrigada mesmo!

*hard life* // Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora