12 de Março de 2019.
•Ariana On•
E aqui estou eu novamente, entrando em minha casa cambaleando e bêbada, pela quarta vez na semana. Mas dessa vez acho que extrapolei, pois com certeza já se passava das 07:00 da manhã.
Tiro os saltos e atravesso de fininho o hall de entrada, mas acabo parando quando escuto aquela voz que tanto temia, dessa vez ela estava bem mais irada.- Minha casa não virou pensão pra você entrar a hora que quer Ariana! - Exclama minha mãe do alto da escada. Ela ainda estava de roupão e sua cara não era uma das melhores.
- D-desculpa mamãe, perdi noção do tempo - Eu tento falar tudo da maneira menos embolada possível, pois assim talvez ela não percebesse o quão bêbada eu estava naquele momento.
- Mas é claro que perdeu, eu poderia esperar mais de você? -Ela diz de forma irônica. - Agora suba e vá tomar banho, estou sentindo seu fedor de álcool daqui, depois conversamos. - soltou um resmungo baixo me medindo de cima a baixo e logo voltando pro seu quarto.
Subo as escadas e entro no meu enorme quarto, vou logo tirando as roupas e as deixando em qualquer canto. Eu só precisava tomar um banho e dormir. Nada mais.
Finalizo meu banho, escovo meus dentes e me jogo na cama, me aconchegado no único momento que meus pensamentos se acalmavam e a culpa parecia bem menos pesada. Por fim, me entrego de vez ao sono.
...
Desperto com um barulho dentro do meu closet, logo vejo Maria saindo com uma mala de dentro dele e deixando na porta do meu quarto, tento perguntar oque ela estava fazendo mas a dor em minha cabeça não permite, pego meu celular e vejo que já passa das 18:00, me assusto um pouco mas logo levanto e vou fazer minha higiene. Deixo meu banheiro e saio em busca de um analgésico, mas acabo esbarrando com mais 2 malas minha no corredor, estranhando o fato de que estavam pesadas, possivelmente cheias de roupas. Pera, quem iria viajar e ainda mais com minhas malas?
- Mamãe a senhora vai viajar? - Pergunto assim que entro na sala, encontrando a mais velha olhando pela janela com um semblante sério.
- Não, você vai - Responde ela, agora me encarando.
- Oque? - Pergunto novamente, acho que tinha entendido errado.
- Está surda? Você vai viajar, passar um tempo com seu pai e me proporcionar um pouco de paz! - Diz ela de maneira dura e com um tom de voz mais elevado.
- Eu não vou pra aquele fim de mundo, a senhora está ficando louca! - Digo firme olhando em seus olhos, mas logo vacilei e percebi que meus lábios tremiam, anunciando um possível choro. Era só oque me faltava agora.
- Você não está na posição de escolher nada aqui, eu mandei e você vai. - ela me diz virando as costas.
- Eu já disse que não vou porra, eu tenho minha escola, minhas amigas, o Travi...- Paro de falar assim que ela vira bruscamente me interrompendo.
- Você tem oque? Hã? Repeti porque não ouvi direito. - Fala a mais velha chegando perto de mim.
- Está surda? - Repito de forma sarcástica a frase que ela me disse minutos atrás.
Logo sinto minha bochecha ardendo, ela tinha me dado uma bofetada, na cara. A encaro incrédula, mamãe nunca havia me batido.- CHEGA! Você vai e pronto! Assunto encerrado Ariana! - Ela gesticula as mãos dando a entender que o assunto estava encerrado.
- Porque quer se livrar de mim? Em mamãe? - Ela desvia o olhar - OLHA PRA MIM - Minha mãe se assusta e em seguida me escara pasma - Oque eu te fiz em? Me responde.
- Tudo - fala ela por fim, andando em direção a cozinha. Mas ela hesita em continuar e parece pensar um pouco - Olhar pra você me faz se sentir culpada - Responde ela agora me encarando - porque quase sempre me pego perguntando a Deus porque ele não levou você ao invés dele. Nenhuma mãe deveria se quer cogitar pensar nisso, mas eu penso, todos os dias e isso está me matando! VOCÊ ESTÁ ME MATANDO ARIANA, VOCÊ! - Ela grita se aproximando de mim e logo me joga no chão, sinto seus tapas, em meus braços e rosto, mas sigo imóvel sem conseguir me defender, não acreditando nas palavras que acabei de escutar. Aqueles tapas não era nada em relação aos outros que já tinha levado, mas nunca em 17 anos de vida eu tinha apanhado dela. Pude perceber que minha mãe sentia mágoa de mim e nada me doía mais que aquilo.
Escuto alguém correndo em nossa direção e em seguida já não sinto mais o peso dela sobre mim. Olho a mulher se debatendo atônita nos braços de seu marido, ela parecia querer me matar. Estava surtando, e eu era o motivo. A encaro abismada, sem conseguir reagir ou me levantar. Eu estava matando todos ao meu redor.
- EU NÃO AGUENTO MAIS RICHARD, EU NÃO AGUENTO MAIS! TRÁS MEU LUKE DE VOLTA, PELO AMOR DEUS - Minha mãe gritava se debatendo nos braços de seu marido.
Eu não reagia, estava tentando raciocinar tudo oque tinha acabado de acontecer, todas as palavras que eu acabará de escutar. Estava em choque.- Sobe Ariana! AGORA! - Diz Richard, meu padrasto, me tirando da transe em que me encontrava.
Me levanto com dificuldade e acabo tropeçando em meus pés ao subir correndo as escadas em direção ao meu quarto, assim que entro, fecho a porta com força e passo a chave, com receio da minha mãe querer me bater novamente. Sinto minhas costas deslizarem pela porta, elas já estavam machucadas e agora pareciam piores, a dor estava insuportável, logo me esqueci da dor físicas pois a emocional falou mais alto, lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto, um aperto no peito me corrói, tampo a boca pra reprimir os soluços mesmo sabendo que ninguém irá escutar. Junto meus joelhos contra meu corpo e abaixo minha cabeça, desejando o abraço de Luke nesse momento, mas sei que esse abraço nunca chegará, pois eu também o matei.
Depois de ter chorado por horas, levanto com as mãos nas costas, pegando o colar que contém uma chave em meu pescoço e vou em direção ao criado mudo, retirando dela oque vinha me trazendo paz durante um tempo, whisky. Apago as luzes e deito em minhas cama encostando as costas na cabeceira, ignoro a dor ao máximo, estava acabada demais para pensar em ir a algum médico, sigo dando longas goladas na bebida amarga, fecho os olhos e meus pensamentos vagam em direção a uma pessoa, me impedi de continuar com isso e pego um calmante, o engolindo com a própria bebida em minhas mãos, estou nem aí para as consequências, talvez eu só quisesse morrer mesmo.
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Miss Violence
FanfictionLuke se foi com aquele última imagem minha na mente, me pergunto todos os dias oque se passou na sua cabeça aquela hora, pelo oque eu o conhecia, acho que raiva. As marcas em meu corpo me fazem lembrar todos os dias da culpa que me consume. Ele se f...