João 8:32

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• Justin On •

Depois de toda confusão com a patricinha filha de Ed, nós almoçamos. Tudo estava estranho, ficamos em silêncio durante todo processo. Essa menina mal chegou e mudou toda nossa engergia, já não gostei dela. Desde quando há vi percebi que é uma garota mimada, cheia da grana e que não sabe lidar com as situações da vida, é uma idiota querendo chamar a atenção. Ed falou um mês inteiro sobre a sua chegada, estava todo entusiasmado e ela simplesmente o trata como o lixo, fiquei revoltado pois ele é um cara bom que trata minha mãe e irmã como rainhas, e eu como um rei. Ed é um pai que nunca tive, tenho muita gratidão por ele. Independente do que ele tenha feito, merece o perdão, todo mundo erra e ele está tentando se redimir. Se essa garota acha que vai poder fazer e falar oque quer com ele, está muito enganada. Irei cortar a asinha dela rapidinho.
A filha da puta é linda e gostosa, mesmo sendo muito baixinha. Se não fosse tão patricinha e mimada, com certeza daria uns pega nela. Quando os meninos virem ela, irão ficar doidinhos, os malandros não podem ver uma buceta que já se arreganham, com a Ariana não seria diferente.
Depois do almoço resolvo subir pro meu quarto, estava cansado e com sono. Ajudo minha mãe a retirar a mesa, dou um beijo na testa dos três e subo. Quando entro me deparo com a garota dormindo, ela parecia calma e serena, diferente de momentos atrás. Faço o mínimo barulho e entro no banho. Quando saio ela está do mesmo jeito, fecho as cortinas, apago as luzes, ligo o ar e deito me entregando ao sono como a garota ao meu lado.
Uma hora depois desperto com Julie entrando no quarto com uma roupa leve e se deitando ao meu lado. Era comum ela fazer isso, já estava acostumado. Muitas vezes acordava no meio da noite com um peso em cima de mim, adivinha quem era? Julie. Meu bebê. Eu a amo tanto, ela tinha ficado cabisbaixa pelo modo que a irmã a recebeu e isso me deixou com mais raiva de Ariana. Julie venerava essa garota antes mesmo de a conhecer, sempre falava dela e como estava ansiosa para brincar e pentear seus cabelos. Minha garotinha não merecia ter sido tratada daquela forma.
Ela deita em cima do meu peito e dorme, e eu faço o mesmo.

Depois de dormir a tarde inteira, acordo com uns resmungos baixos. Era a chata da Ariana. Ela estava de costas pra mim, sentada no colchão e com as mãos nas costas, acho que estava sentindo dor ou algo assim.
- Está tudo bem? - Pergunto baixo pra não acordar Julie.
- Está, desculpa por te acordar- Responde ela baixinho e virando pra me encarar, ela olha para Julie que está deitada ao meu lado e depois olha pra baixo.
- Tem certeza? Você parece estar com dor, quer que eu pegue algum remédio? - Falo tentando ser simpático, claro que eu ainda estava com raiva por toda situação que ela causou horas atrás, mas ela parecia tão indefesa e amoada agora, como se fosse uma criança precisando da mãe.
- Olha se não for incomodar, eu aceito sim! - Ela se arruma no colchão e se encosta na parede puxando o edredom pra cobrir suas pernas.
- Se for dor muscular eu tenho uma pomada que uso pra quando fico lesionado dos jogos! - Me levanto e arrumo Julie na cama.
- Pode ser, obrigado. - Ela fala baixinho e fecha os olhos, acho que estava com muita dor mesmo.
Vou em direção ao banheiro e abro o armário pegando um analgésico e a pomada, em seguida levando até a garota. Entrego o comprimido em suas mãos e deixo a pomada em cima do colchão.
- Vou descer pra pegar um copo da água pra você - Não espero sua reposta e saio pela porta. Desço as escadas e encontro Ed e minha mãe na sala assistindo algo que eu não fazia questão de saber.
- Boa noite dorminhoco - Fala minha mãe brincando.
- Boa noite mãe, vim pegar um copo de água pra Ariana tomar remédio e já vou subir- Digo indo em direção a cozinha.
- Remédio de novo? Temos que leva- lá ao médico pra ver essas dores Ed - Escuto minha mãe falando lá da sala. Encho o copo da água e volto pro cômodo interior.
- Acho que vou lá ver como ela está - Edward fala pra nós dois.
- Pelo oque parece as costas dela estão doendo muito, ela está com uma expressão de dor fudida lá em cima - Falo simples.
- Vou preparar uma bolsa de água quente rapidinho, espera aí filho que nós iremos subir com você pra ver ela - Assinto fraco e me sento nas escadas esperando minha mãe. Ed parecia preocupado, mexeu no celular e enviou uma mensagem pra alguém, possivelmente pra mãe da Ariana.
- Pronto, vamos! - Minha mãe diz chegando na sala depois de alguns minutos. Subimos aa escadas e entramos no meu quarto, assim que acendo a luz vemos uma pequena garota deitada encolhida no colchão. Quando Ariana virou pra nós olhar seus olhos estavam inchados, indicando que havia chorado.
- Porque todos estão aqui? - A garota fala baixo pra não acordar Julie, sua voz estava bem rouca.
- Viemos te ver querida, Justin disse que estava com dor nas costas, fiz uma bolsa de água quente pra ver se alivia! - Minha mãe fala indo até minha cama e se sentando.
- Deixa eu me ver suas costas minha filha- Diz Ed ficando ao seu lado. Eu faço o mesmo.
- Não precisa ver, só quero o remédio e a bolsa de água quente, estou bem! Juro. - Ela fala de maneira rápida meio assustada, parecia que estava com receio de mostrar oque havia de errado. Ed e minha mãe se olham preocupados e automaticamente acabo ficando preocupado também.
- Querida, precisamos ver oque há de errado pra podermos te ajudar- Pattie fala cautelosa.
- Eu estou bem, não precisa disso tudo! - Ariana responde curta querendo encerrar o assunto.
- Você não está bem Ariana, dá pra ver nos seus olhos. Deixa me ver isso logo, anda! - - Edward exclama alto, oque acaba acordando Julie. A garotinha levanta coçando os olhos e pronuncia:
- Oque tá acontecendo papai? - Ela anda de joelhos na cama e senta no colo de minha mãe.
- Nada querida, sua irmã está dodói e estamos tentando fazer ela sarar - Fala o mais velho de maneira dócil.
- Então dá um remedinho pra ela - a pequena gesticula com as mãos apontando pra Ariana.
- Esse é o problema, sua irmã não quer colaborar, está agindo igual você naquele dia pra tomar vacina, lembra? - Ele anda até a cama e também se senta.
- Irmã toma o remedinho que você vai ficar boa, se fizer malcriação vai ter que tomar injeção, não é papai - Julie olha pro pai esperando ele concordar.
- É sim meu amor, se ela continuar assim vou dar uma injeção na bunda dela! - Ele brinca.
- Viu irmã! - Ela fala como se fosse óbvio.
- Eu já tomei remédio e vou colocar a bolsa da água nas costas quando saírem - Ariana se pronuncia, seu tom saiu áspero e ela não olhou pra nenhum de nós, só encara a parede a sua frente. - Aliás, preciso do meu celular, ainda não falei com minha mãe desde que cheguei.- Diz tentando mudar o rumo da conversa.
- Só vai ter seu celular quando deixar nós vermos suas costas e colocar a bolsa de água, certo? - Edward fala como se estivesse lidando com uma criancinha- Agora deita na cama e vira. - Diz levantando da cama e ficando do lado da garota. - Anda Ariana.
- Eu não vou me virar, me deixa em paz. - Ariana deita na cama e cobre a cabeça com o edredom. Edward tira o edredom com força e vira a menina de costas com rapidez, Ariana exclama de dor, juro que vi umas lágrimas escorrendo de seus olhos.
- Edward para por favor, está me machucando- Ela se debate pra ele soltar seus ombros.
- Justin levanta a camisa dela e coloca a bolsa de água- Pego a bolsa de água com minha mãe e faço oque ela manda.
Mas assim que levanto a camiseta, abro a boca em espanto, que caralhos era aquele? Tudo fica em total silêncio, ninguém tinha reação. As costas de Ariana estavam muito machucadas, parecia que ela havia sido espancada.
- Mas que porra é essa? - Exclama Ed alterado .
- Eu cai da escada, agora me solta, por favor- Diz ela baixinho com uma voz chorosa.
- Ah não me venha com essa, não pra cima de mim Ariana! quem fez isso em você? - Ele estava irado- Me fala agora caralho, foi a sua mãe? Eu vou ir até lá agora mesmo- diz ele se levantando.
- PARA, não foi minha mãe! Isso não é da sua conta, não venha bancar o pai preocupado agora que já fudeu com tudo! - A garota Já chorava encolhida - Me deixa em paz, SAI DAQUI, SAI! - ela grita apontando pra porta.
Julie chorava baixinho, minha mãe levantou e saiu com ela do quarto. Deixando só nós três.
- Isso não acabou aqui, amanhã iremos no hospital você querendo ou não, e eles irão me dizer como você conseguiu essas porcarias de hematomas nas costas, me ouviu bem? - Ele diz antes de também sair pela porta. Agora estamos só nós dois, a pequena garota chorava, e eu estava sem reação, não sabia oque dizer ou fazer.
Sento ao seu lado no colchão e coloco meus braços por cima de seus ombros, ela se aninha e chora ainda mais.
- Vai ficar tudo bem Ari, se acalma! - Digo tentando acalma-lá, seus soluços eram intensos- Oque você precisar pode contar comigo, de verdade - Eu estava me rendendo, ela parecia tão machucada e esgotada, essa menina precisava de ajuda, de amor.
- Vou passar a pomada em suas costas pra melhorar a dor que eu sei que você está sentindo, nem adianta negar - Me coloco de joelhos e espero ela se virar, mas ela não se move - Qual é Ari, vamos lá! Juro que sou um bom enfermeiro, se quiser dou até um beijinho pra sarar - Tento brincar com ela e melhorar a situação. Ela ri baixinho enxugando as lágrimas, me encarando por longos segundos, nesse tempo pude reparar mais em seu rosto, ela possuia traços delicados, remetia a uma criança. Quem teria coragem de machucar uma garota tão frágil como ela?
Afasto meus pensamentos ao ve-lá virar de bruços e levantar a camiseta, observo seus hematomas e percebo o quão feio estavam, aquilo devia doer pra cacete, como ela não tinha procurado um hospital ainda? Pego a pomada e começo a passar calmamente em suas costas, ela resmungava baixo cada vez que eu deslizava minhas mãos pra espalhar o conteúdo. Quando termino me levanto, e ela continua na mesma posição esperando a pomada secar e fazer efeito.
Olho para seu rosto e seus olhos estavam marejados.
- Obrigado Justin, por tudo! - Diz ela pela primeira vez baixinho.
- Que isso pequena, nós somos uma família agora, devemos apoiar uns aos outros. - Vou até o banheiro lavar minhas mãos. Quando saio do quarto, aviso que irei descer pra jantar e ela apenas concorda.
O jantar foi silenciso igual o almoço, todos pareciam distantes em seus próprios pensamentos. Termino e aviso que irei me deitar, minha mãe pedi pra mim levar um prato de comida e um copo de suco pra garota em meu quarto, concordo, dou boa noite pra todos ali presentes e subo com o jantar de Ariana em mãos.
Entro no quarto e ela já se encontrava sentada, assistindo algo na Tv.
- Trouxe comida mocinha! - Exclamo chamando sua atenção. Ando até ela e lhe entrego o prato, deixando o copo de suco em cima do criado mudo.
- Obrigada mais uma vez Justin! - Ela fala sorrindo mostrando suas covinhas. Que sorriso em.
- Não a de que. - Digo em direção ao banheiro, tomo um banho e escovo meus dentes. Asism que termino saio do quarto com a toalha na cintura indo em direção ao closet. Sinto os olhares de Ariana sobre mim, mas nada digo. Visto uma cueca box e uma bermuda de basquete vermelha, dou mais uma enxugada no cabelo e finalizo. Me jogo em minha cama e encaro a garota que ainda comia, puta merda pra que tanta demora pra comer um pratinho desses.
- Sua mãe cozinha muito bem - Ela puxa assunto. Sua voz era calma e doce, a mesma falava baixo e não me encarava.
- É sim, ela faz cada rango gostoso, tu vai sair daqui com 10 kg a mais, certeza! - Falo entusiasmado.
- Mas que exagero Justin! - ri.
- Estou falando sério - Repondo com um sorriso brincalhão nos lábios.
- Eu não engordo 10kg nem se comesse todos os hambúrgueres do mundo! - Nem um pouco convencida.
- Da pra perceber, se bater um vento voa! Oque não tem de tamanho, não tem de peso - Puxo a coberta pra me cobrir.
- Se você falar mais um a, juro que enfio esse garfo na sua guela - Estressada.
- Calma aí estressadinha só estava brincando - Ela ri e se levanta indo em direção ao banheiro, escuto barulhos e deduzo que ela está escovando os dentes. Minutos depois ela sai com um coque no cabelo, dizendo que iria levar o prato na cozinha.
Pouco tempo depois ela aparece no quarto novamente, dessa vez com uma bolsa de água quente nas mãos, ela pergunta se pode apagar as luzes e eu concordo, ela deita puxando o edredom, percebo que a mesma tira a camiseta ficando só de top, logo virando de costas pra mim e cola a bolsa sobre os hematomas.
Desligo o ar, e mudo o canal da TV colocando em um jogo de basquete. Ariana reclama baixinho e eu reviro os olhos sorrindo.
Ela se vira pra mim e começa a mexer no seu celular, o qual com certeza tinha pegado com Ed quando foi deixar o prato. Ela ligava pra alguém. Logo escuto sua conversa.
- Não sei quanto tempo vou ficar, mas sei que será bastante. - Ela pausa esperando a resposta da pessoa do outro lado da linha - Eu sei disso, só que eu não tenho culpa, minha mãe decidiu tudo de última hora - Pausa - Para de gritar, sei de tudo isso - Pausa - Mas me culpar não vai adiantar de nada - Pausa - Podemos ter uma conversa normal, por favor - Pausa - Eu não queria nada disso - Pausa - Se você não parar de me xingar eu vou desligar- Pausa - Travis, por favor, agir assim não vai mudar nada - Pausa - Eu não vou ficar aqui ouvindo essas besteiras - Ela desliga o celular - Babaca - Exclama chateada.
- Está tudo bem? - Pergunto chamando sua atenção.
- Está, não se preocupe - Repondo me olhando. Ela parecia abatida.
- Quem era? - A curiosidade fala mais alto e eu pergunto. A garota parece receosa com algo mas depois de segundos ela responde.
- Meu namorado - Fala quase em um sussuro, a mesma não me encara.
- Ah sim - Falo meio confuso, porque o namorado dela xingaria ela? Resolvo encerrar o assunto e Ariana volta a mexer no celular. Escuro batidas na porta e logo uma figura loira e pequena aparece na porta de pijama. Era Julie, como sempre.
- Justin posso dormir com você? Estou com medo - Julie fala com uma carinha de cachorro abandonado. Ariana me olha novamente.
- Vem cá meu amor - Bato na cama a chamando. A garotinha vem em minha direção, ela pisa no colchão da irmã e pega impulso pra subir na minha cama. Ela olha pra Ariana meio acoada e se deita ao meu lado, encarando a mais velha diretamente. Ariana se mexi desconfortável e se vira de costas pra nós dois, em nenhum momento ela olhou pra pequena ao meu lado.
Julie deita sobre mim escolhida, triste pelo ato da irmã.
- Ela não gosta de mim, não é Jus? - Sussura magoada.
- Claro que gosta, na verdade ela te ama! Só que agora ela não está em um bom momento, entende? - Tento amenizar a situação.
- Ela está triste? - Sussurra novamente.
- Sim Julie, ela está triste- Sussuro de volta respirando fundo.
Depois de um tempo percebo a respiração pesada sobre o meu peito. Julie havia dormindo e eu logo fiz o mesmo.

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