Miss Violence

Nem tudo são flores

• Ariana •

Depois do almoço, ficamos brincando de banco imobiliário e conversando sobre diversos assuntos. Descobri que meu pai e Pattie possuem uma empresa de telecomunicações e por isso não trabalhavam todos os dias. Depois de algumas horas meu pai buscou a Julie e ficamos reunidos na sala. Convenci ele a não me levar ao médico, garanti que estava tudo bem e que deveríamos esquecer aquela história, ele relutou mas acabou cedendo. Jantamos pizza, cantamos no karaokê, brincamos de mimica e uno. Eu estava nos céus, me sentia feliz e plena. Convivendo com pessoas que não me batiam, julgavam ou destratavam. Era minha nova família e eu apesar de tudo, já os amava intensamente.
Ficamos até tarde na sala, amanhã era sábado e todos nós não tinham preocupações ou deveres, aproveitamos nosso momento ao máximo. Logo decidimos dormir, tomei um banho e tomei um dipirona, estava com uma cólica chata, sabia que viria uma menstruação intensa por aí, já que nos últimos meses venho mestruado fraquinho, talvez seja por conta dos anticoncecionais.
Assim que sai do banho já vestido, Justin vem até a mim e me dá um beijo na testa.

- Boa noite pequena. - Sussura e me cobre mais com o cobertor.

- Boa noite Jus - Digo e me aconchego entre meus travesseiros, logo me entregando ao sono.

...

Acordo de madrugada com uma dor muito forte na barriga, parecia que eu ia morrer. Tiro os cobertores de cima de mim e vejo a cama repleta de sangue. Fico assustada e começo a chorar de dor e desespero. Meu soluços saem altos, me curvo com a mão no abdômen assim que outra pontada me atinge.
Justin pula da cama assustado.

- Oque está acontecendo? Que porra é essa Ariana - Ele estava com os olhos arregalados e com as mãos na cabeça, desesperado igual a mim.

Levanto da cama e vou me arrastada até o banheiro, fecho a porta e me sento na privada, abaixando minha calcinha, o banheiro branco agora se encontrava cheio de sangue, parecia cenário de filme de terror, além do sangue no chão, havia sangue na parede com os rastros dos meus dedos arrastados.
Sinto algo saindo de dentro de mim e caindo na privada, minha visão fica turva e minhas pernas tremem, escuto vozes agitadas e logo a porta é aberta. Meu pai e Pattie me encaram assustados, Julie logo começa a chorar, Justin está agitado no telefone com alguém. Que diabos está acontecendo?

- Papai eu estou morrendo? - Pergunto desesperada. Ele vem até a mim e me tira da privada, logo murmurando um:

- Puta merda - Olho pra dentro da privada e vejo uma coisa estranha, escura, parecia um filhote de passarinho, seria aquilo um tumor?

- Jesus cristo - Pattie exclama assim que vem até a a privada. Ela coloca as mãos na boca de susto, chorando. Encaro todos, meu pai parecia perdido sem saber oque fazer, pattie estava atônita, Julie chorava quieta no canto da porta, porque não tiram ela daqui, droga, ela não deveria ver a própria irmã morrendo. Justin entra no banheiro e vê nossas expressões, logo indo até a privada também.

- Mas que caralhos, precisamos levar ela pro hospital agora - Sua fala sai alta e longe. Minhas vistas escurecem, meu corpo fica pesado, sinto meu pai me pegar no colo, minha cabeça girava.

- Me fala oque está acontecendo papai? - Digo com um último fio de voz.

- Você está perdendo seu filho querida, sinto muito...- Ele sussurra no meu ouvido, suas lágrimas molham minha bochecha, o olho pelo um último instante com uma expressao confusa, de que filho ele estava falando? Minhas vistas ficam pretas de vez e logo desmaio.