Salmos 121:8

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13 de Março de 2019.

• Ariana on •

Estou totalmente nua, me encarando em frente ao espelho, observando as marcas, viro meus corpo para trás tentando observar minhas costas, mordo os lábios ao perceber que estavam horríveis, com dois vergões atravessados, bem esverdeados e aroxeados, doía bastante, mas não conseguia pensar em nada no momento, muito menos em um médico e suas perguntas idiotas. Só quero ir pra maldita casa do meu progenitor, que aliás não vejo desde os meus 12 anos, e organizar minha mente. Talvez seja isso que eu precise, organizar minha mente e viver longe dos olhares de acusação de minha mãe.

Termino de me secar e logo me visto com um conjunto de lingeries brancas e um moletom da mesma cor, que por sinal ficavam enorme, parecia um vestido em mim, nada fora do normal, ser magra e possuir 1.53 de altura não me ajudava nem um pouco. Opto por calçar um tênis baixinho, também branco. Não estava com cabeça pra nada, muito menos pra me arrumar.
Seco meus longos cabelos que agora estavam loiros platinados e os deixo solto, só dando uma leve penteada com os dedos. Faço uma maquiagem simples, apenas pra disfarçar a cara de quem chorou a noite inteira. Antes de sair, resolvo colocar três salompas em minhas costas, não aguentaria ficar sentada horas dentro de um avião com essa dor gritante. Meus hematomas estavam enormes, parecia que 3 carros havias passados em cima de mim, antes fosse, penso depois de sair pela porta do meu quarto.

Desço as escadas em silêncio, pensando que não encontraria ninguém aqui essas horas, acho que ninguém se importaria em se despedir de mim. Me espanto ao encontrar minha mãe com a cabeça abaixada, apoiando seus cotovelos no joelho. Ela parecia tão triste, balançava os joelhos sem parar, estava ansiosa e eu sabia muito bem disso.

Ela levanta a cabeça e me olha sem expressão, pensando uns segundos antes de se pronunciar.
- Eu sinto muito por tudo isso. - Diz ela.
- Tudo bem, você está fazendo oque acha melhor pra você no momento. - Repondo sem encara-lá. Me sento no sofá e começo a mexer nas mangas de meu moletom, estava com vergonha de encara-lá, principalmente por todo acontecimento de ontem.
- Estou fazendo oque é melhor pra todos - Respira fundo tentando segurar o choro - Eu nunca quis que as coisas chegassem a esse ponto, mas eu não sei mais oque fazer. Você virou uma adolescente rebelde, só quer saber de festas e bebidas, não respeita minhas ordens e está se acabando aos poucos. Olha só pra você, olha que ponto você chegou. Eu não te reconheço mais, não consigo lidar com tudo isso, já tenho muitas coisas pra me preocupar! Espero que o Edward te imponha limites, está na hora dele começar a agir como um pai! Não acho justo eu carregar todo esse peso sozinha, eu não sou feita de ferro, ainda estou vivendo meu luto. Eu não espero que você entenda, quero que vá e tente se esforçar pra mudar.
Não respondo, só a encaro e percebo que pequenas lágrimas caiam de seus olhos, sinto vontade de abraçar a pequena mulher de cabelos curtos e pretos, mas exito pois tenho receio de sua reação.
- Só quero que saiba que você e seu irmão eram tudo pra mim. - Diz ela por fim se levantando e depositando um beijo em minha cabeça. E ela se vai, me deixando sozinha com meus pensamentos.

Eram. Eram. Eram. Eram.

Saio dos meus devaneios e depois disso sei que ninguém me levará ao aeroporto, não haverá abraços calorosos ou alguém dizendo que irá sentir minha falta e que eu deveria voltar logo. Estava sozinha, definitivamente.

Vou até a cozinha e me despeço de Maria, que cuidou de mim e luke desde que o mais velho nasceu. O abraço não foi o mais caloroso, Maria também mudou depois de tudo, andava cabisbaixa e parecia que não queria estar ali. Sei que ela senti a perda de seu xodó tanto quanto eu e minha mãe. Apesar de tudo, Maria também perdeu um filho e eu sentia que de alguma forma, seus olhos também me culpavam.

Volto até a sala e dou uma giro de 360° graus observando toda a grande casa, mesmo com todas as coisas ruins, sentirei falta desse lugar que um dia já foi um lar de uma família feliz.

Fecho a porta atrás de mim e ando pelo longo jardim, já avistando Dan de longe, ele sai do carro, abre um sorriso fraco pra mim como se dissse que sentia muito. É Dan, eu também sinto, até demais.
Aceno com cabeça sem muita vontade e entro no carro, antes dele fechar a portar pergunto se minhas malas haviam sido colocadas no porta-malas e ele esponde que sim.

Depois disso partimos em direção ao aeroporto e minha nova vida.

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